Pintou este quadro depois de ter pedido no hospital se poderia levar para casa o feto que acabara de perder. O pedido foi-lhe negado e entendeu que a forma de verbalizar a sua dor seria através da imagem que a própria sentia: O corpo em repouso, ferido e diante da perda dolorosa e prolongada. A gravidez já teria dado avisos de risco, mas nem a sabedoria da Medicina soube travar o aborto espontâneo que acabaria por acontecer.
O quadro chama-se “Hospital Henry Ford” foi pintado por Frida Khalo em 1932, encontra-se atualmente no Museu Dolores Olmeo, no México.
No mês que vê ainda necessidade de destacar o papel da mulher na sociedade, também nós nos colocamos nessa missiva de comunicação, dando foco a excelentes exemplos que protagonizam o papel de mulher.
É verdade que ser mulher não é símbolo de maternidade, mas é papel exclusivo que, na vontade de o cumprir, quando esse papel é negado, é possivelmente das maiores perdas que a alma grava e que poucas manifestações artísticas o conseguem retratar. Frida Khalo conseguiu retratar muitas vezes o lado de uma mulher que também chamamos hoje a palco. Será a homenagem reflexo da perda e dos fracos? Encontrará as respostas em cada história contada nesta editação, por homens, por mulheres. E fica-nos claro que elogiar papéis de destaque não é inferiorizá-los, mas enaltecimento de méritos. Basta conhecer a Dulce Freitas, Enfermeira-Chefe e Maria José Diógenes, Investigadora e nossa Professora.
Do reconhecimento de cada Mulher faz parte a perda, a dor, a liderança, a independência, a força, a sabedoria, a intuição. A vulnerabilidade. A dor não é só elemento inerente à Mulher, mas sim a alguma parte de todos nós ao longo da vida. Queremos que saiba o que a nossa Faculdade já faz sobre Cuidados Paliativos e sobre as posições que assume para chegar cada vez mais perto dos potenciais doentes .
Pintemos todas estas parcelas que em todos nós habitam.
Neste mês a equipa editorial quis toda assinar esta Nota. Afinal de contas, no reflexo de tantas reportagens, notícias e entrevistas, estamos também um pouco naquilo tudo que escrevemos.
Obrigada por se envolver connosco!
Joana Sousa
Começamos por falar daquelas que nunca veem cumprido o sonho da maternidade, ou que tendo realizado esse sonho, a dor acompanha-as ao longo dos tempos, vivendo num segredo tímido do que é a Endometriose.
Cristina Bastos
Ser mulher pode ser atravessar as 4 estações do ano num só dia, mas é também ter a coragem de resistir perante as adversidades, é ter o trabalho de colher todas as pedras e com elas construir um castelo.
Isabel Varela
Ser mulher é ser uma guerreira que luta pelo que quer, sabendo que não precisa de escolher entre ser mãe, amante, profissional, ou, por exemplo, escritora e que há sempre muitas batalhas a travar, que podem ser apenas nossas ou de todos.
Sónia Teixeira
Ao longo dos séculos a mulher tem tido atitudes e comportamentos semelhantes ao oceano. Umas vezes apresenta-se tranquila, calma e serena, noutras alturas torna-se como as ondas do mar em dias de tempestade, agita-se, revolta-se e luta pela sua emancipação, procurando ultrapassar as várias situações adversas com que se depara, para que o mundo se transforme num lugar melhor e mais justo.
Lurdes Barata
A mulher, aos olhos do homem, é a força da natureza, conseguindo mover tudo o que está à sua volta. Talvez seja por isso que a palavra natureza também seja do sexo feminino, por esta energia e poder que também é característico na natureza. Tem a capacidade de exteriorizar sempre o que pensa nas diversas situações, sejam boas ou más, não havendo meias palavras. Dá sempre a volta por cima e, mesmo que, por vezes, o homem não assuma a real intelectualidade da mulher, em resolver todas as situações, o homem admira o lado determinado feminino, querendo na sua vida uma verdadeira Mulher. Sendo a mulher também uma líder, nesta newsletter falamos do novo curso online da FMUL sobre de liderança. Os nossos doutorados começam, a partir deste mês, a apresentar os seus projetos na edição da newsletter e, com destaque ainda nos alunos, não podia faltar o balanço de um dos grandes eventos do ano, o AIMS.
Leonel Gomes
Ser mulher é um projeto de constante descoberta, como dizia Simone de Beauvoir, Não se nasce mulher, torna-se mulher. E porque muitas vezes nem as próprias mulheres, sabem o que é ser mulher, aqui ficam alguns recursos para reflexão:
Sobre a (des)igualdade de género no mercado de trabalho e em posições de liderança:
“International Women's Day - Can You Solve the Riddle?” – Pediu-se a 22 pessoas que resolvessem um pequeno enigma e estas são as suas respostas. Participe também! Conseguiu chegar à solução? O que é que isto diz sobre si e a sua perceção do papel da mulher na sociedade?
Sobre a maternidade:
“Sem filhos e sem culpas: estas mulheres nunca quiseram ser mães” – A maternidade é uma fase incontornável na vida de uma mulher. Mas… É-se menos mulher por não se querer ser mãe? Este artigo do Público fala com 3 mulheres sobre uma vontade que nunca existiu.
Sobre a exaustão das mulheres:
“O trabalho não pago” – Um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos sobre o tempo que as mulheres gastam a cuidar da casa e dos filhos. (Sim, este também é um trabalho.)
Boas leituras!
A Equipa Editorial