Será a beterraba útil na anemia? A Pastilha elástica tem algum interesse na alimentação humana? Podemos ser os únicos mamíferos a ingerir leite em idade adulta?
Foram estas algumas das perguntas debatidas no passado dia 28 de janeiro, na Reitoria da Universidade de Lisboa. O Laboratório de Nutrição esteve presente na Rota dos Laboratórios Desvendados, no evento Descobre a ULisboa. Mariana Liñan Pinto e João Vasques, investigadores do laboratório, dinamizaram um quiz interativo no âmbito do tema Mitos e Verdades nas Ciências da Nutrição. O objetivo desta dinâmica foi sensibilizar os jovens participantes para o problema da (des)informação na área da alimentação.
Nutrition Laboratory, as part of Lisbon School,of Medicina mission (FMUL) and as a structural unit of FMUL, develops its activity in three priority areas: Teaching, Research and Community Support.
Teaching
LN is responsible for teaching Nutrition-related skills and related areas and for three-pronged research (clinical | epidemiological | community and public health).
Particularly noteworthy is the coordination of the 1st cycle of studies in Nutrition Sciences, which began teaching in 2018/19. This training offer results from the joint action of three structural units of the University of Lisbon: Lisbon Schoool of Medicine (project promoter), the Faculty of Human Motricity and the Faculty of Pharmacy, reference institutions in the Health Sciences area. of a unique and innovative project in the field of Nutrition Sciences in Portugal, where each Faculty contributes with specific and specialized know-how in the basic areas of academic training of the Nutritionist.
In the area of education, it is also worth mentioning the coordination of the Master's Degree in Clinical Nutrition (since 2011), carried out in partnership with the Lisbon School of Health Technology, as well as the participation in the Integrated Master of Medicine of FMUL and the BSc in Science. University of Lisbon.
At the 3rd cycle level (PhD) is involved in the Scientific Committee of the Doctoral Program in Environmental Health.
Research
Most of the research is carried out in collaboration with other institutions, such as Centro Hospital Universitário de Lisboa Norte, organic units of the University of Lisbon, but also collaborations with international institutions in the context of international studies and multicenter clinical trials.
The main areas of research focus on the recognition of the influence of nutrition and nutritional status of the individual on the development of disease (protection or risk factor) as well as the knowledge of the possible therapeutic effect of nutrition in various clinical contexts, namely: liver disease. , HIV infection, gastroenterological disease, autoimmune disease, cancer, and obesity. Also worth mentioning is the research associated with the role of food and nutrition in clinical outcomes throughout the life cycle (from conception to geriatrics).
Community Support
LN develops various actions to support the community, thus assuming all the institutional and social responsibility inherent in a public educational institution such as FMUL. Thus, LN's community support focuses on 3 specific targets: Faculty of Medicine, University of Lisbon and Civil Community.
Nutrition Laboratory bases its mission on the strategic guidelines of FMUL's mission, focusing on training nutritionists, teaching and researching Nutrition and the sciences essential to health promotion, prevention, diagnosis, treatment and rehabilitation of the disease. the creation, transmission and diffusion of science, technology and culture, respecting intellectual freedom and ethics, recognition of merit and sense of service to the community with a direct link to food and nutrition.
INTERNACIONAL | European Consortia
INTERNACIONAL | Clinical Trials
INTERNACIONAL | Observatory Studies
NATIONAL
NACIONAIS | Estudos de Intervenção
NACIONAIS | Estudos Observacionais
O Laboratório de Nutrição (LN) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), tem vido a desenvolver a sua estratégia de comunicação, passo a passo, desde meados de 2019. Após um posicionamento estratégico nas redes sociais, chegou o momento de mostrar o trabalho que vem sendo feito pelo Laboratório com uma Newsletter de edição bianual. Esta Newsletter tem como objetivo dar destaque a um tema relevante, partilhar uma opinião diferenciadora, dar visibilidade à atualidade na nutrição, mostrar aos seus leitores o trabalho desenvolvido pelo LN nos seus três eixos de ação e divulgar eventos relevantes na área.
Assim, é com enorme satisfação que lhe apresentamos a 1ª edição da Newstrition – A newsletter do Laboratório de Nutrição da FMUL.
Como a Nutrição surgiu e progrediu na Faculdade de Medicina de Lisboa
A Nutrição é fundamental na vida, tanto na saúde como na doença.
No entanto, o seu reconhecimento pelas Escolas de Medicina foi tardio e lento.
Na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), a Professora Ermelinda Camilo, cedo reconheceu a sua importância e teve uma contribuição fulcral, para que o seu Ensino fosse implementado, estruturado e reconhecido. Assim, mercê de alguma teimosia e esforço, foi criada nesta Faculdade, uma Licenciatura em Dietética e Nutrição, no ano de 2004. A intenção foi permitir a estes alunos, uma formação cultural e técnica que lhes permitisse integrar equipas multidisciplinares ou de nutrição: na comunidade, na clínica, no ensino e na investigação. Foi também criado o Mestrado em Nutrição Clínica, que decorreu entre 2003 e 2006, com bastante sucesso. Em ambos os casos foram usadas metodologias inovadoras de ensino, como o ensino baseado na resolução de problemas.
Vieram, entretanto, tempos de mudança, e uma mudança de estratégia à extinção desta Licenciatura, que formou três grupos de licenciados.
Em 2011, foi lançado um novo Mestrado em Nutrição Clínica, numa parceria muito frutuosa com a Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, onde o Laboratório de Nutrição, unidade estrutural entretanto criada na FMUL, esteve na base da sua criação, e ainda atual coordenação. Teve o seu primeiro ciclo em 2011/2013, indo já para a sua 9ª edição, sendo muito bem-sucedido em termos do número de candidatos, do número de teses finalizadas e sobretudo do sucesso profissional dos mestrandos.
Em 2018/2019, iniciou-se a Licenciatura em Ciências da Nutrição, com grande sucesso. Neste contexto foi possível trazer para a FMUL, duas professoras da área da Nutrição, Catarina Sousa Guerreiro e Joana Sousa. A sua presença veio dinamizar muito o Laboratório de Nutrição, que já existia há mais de 15 anos, inicialmente ligado ao Instituto de Medicina Molecular (IMM) e depois à FMUL. Este Laboratório que existia inicialmente com uma vertente mais ligada às áreas da Medicina afins à Nutrição, e como apoio às muitas áreas disciplinares da Nutrição que foram criadas, passou a ser muito mais direcionado à nutrição, contanto atualmente com um número muito significativo de colaboradores, sobretudo jovens nutricionistas, a realizarem investigação em diferentes áreas. Existe ainda muito trabalho a realizar, mas penso que está criada uma base sólida para que a Nutrição floresça na FMUL.
Helena Cortez-Pinto
Diretora do Laboratório de Nutrição da FMUL
Ciências da Nutrição é evolução
Atualmente, o acesso a informação é muito facilitado, e no que toca à alimentação e nutrição somos todos os dias inundados com dicas, conselhos e notícias oriundas de inúmeros sites, blogs e revistas no âmbito da alimentação. Com esta abundância de informação o maior desafio é mesmo diferenciar o que é e não credível e o que contribui e não para o conhecimento científico. Este conhecimento produzido por estudos científicos é, entre outras características, sistemático, racional e passível de ser submetido a verificação e validação. É também falível na medida em que não tem carácter definitivo, é evolutivo, o que permite melhorar a qualidade da prática profissional. Se isso não acontecesse não haveria evolução do conhecimento científico e consideraríamos, por exemplo, ainda hoje que a obesidade não é uma doença.
O nutricionista, à semelhança de outras profissões da área da saúde, deve reger-se pela prática baseada na evidência científica estando isto previsto no Código Deontológico da Ordem dos Nutricionistas. A prática baseada na evidência deve ser parte integrante na tomada de decisão e na atividade desenvolvida pelo nutricionista sob pena da deterioração e desatualização dos conhecimentos adquiridos aquando a sua formação académica base.
Segundo a definição clássica de David Sackett (1996) a prática baseada na evidência é a “utilização consciente, explícita e sensata da melhor evidência disponível no processo de decisão sobre os cuidados ao utente”. A prática baseada na evidência é uma abordagem integradora dos cuidados de saúde que contempla experiência clínica, a melhor evidência científica disponível e as características e as preferências dos utentes para tomada de decisão. Entende, ainda, que os cuidados de saúde são individualizados e em constante mudança envolvendo incertezas e probabilidades. No entanto, os entendimentos sobre a evidência e recomendações na área da saúde são complexos e por vezes, sujeitos a ideologias e crenças pessoais. Num mundo onde existem inúmeras revistas científicas sobre nutrição e alimentação que publicam por ano mais de 30 000 artigos, o que faz os resultados de um estudo mais fiável do que outro? O facto de estar publicado numa revista científica, por si só, não garante que o estudo seja de qualidade ou relevante para a prática. Existem, assim, metodologias que avaliam criticamente a qualidade dos estudos. Estas metodologias são utilizadas, por exemplo, por entidades internacionais, como a Organização Mundial de Saúde na elaboração de recomendações alimentares e nutricionais. Estas permitem a avaliação rigorosa da qualidade da evidência e da força das recomendações nos cuidados de saúde.
O facto de nos alimentarmos todos os dias não faz de todos nutricionistas. A nutrição é um fenómeno complexo e a sua relação com a saúde ainda está longe de estar completamente estabelecida. “A ciência da nutrição não é uma ciência de descobertas; é evolução, não revolução” [Jeanne Goldberg Professora da Escola de Friedman Ciência da Nutrição e Política da Universidade Tufts].
O ensino das ciências da nutrição faz-se num modelo de “banda larga” que integra as ciências biomédicas e as ciências sociais tendo como base as ciências da saúde, o que confere ao nutricionista, enquanto profissional de saúde, uma visão abrangente e integrada das ciências da nutrição, com capacidade de agregar estes múltiplos saberes em áreas que se cruzam e articulam.
É assim que deve continuar o ensino da nutrição, tal como a ciência, em evolução.
Alexandra Bento
Bastonária da Ordem dos Nutricionistas
No ensino
O combate à desinformação... através do Ensino
Ensino é o sistema e o método de instruir, seja qual for o seu público alvo. A par do progresso científico e tecnológico nas Ciências da Nutrição, também o interesse e a exigência do público nesta matéria têm aumentado, criando oportunidade para a desinformação progredir. A desinformação sobre nutrição pode provocar efeitos fisiológicos, psicológicos e económicos adversos por poder conduzir a uma falsa sensação de segurança sobre a saúde, contribuir para adiar ou substituir cuidados de saúde por produtos ou práticas prejudiciais. Vários são os agentes com um papel ativo no combate à desinformação, nomeadamente profissionais de saúde, docentes, investigadores, media, governo e consumidores. Neste sentido, a rubrica “Sexta-feira sem mitos" desmitifica ou corrobora, à luz do conhecimento científico atual, (des)informação sobre nutrição. Alimente-se de ciência!
Na investigação
Resultados “negativos” procuram-se…Na Investigação
Será que poderemos dizer que a epidemiologia e a opinião superam largamente os estudos randomizados na área da nutrição? Parece ousado, mas vamos tentar perceber.
A evidência em nutrição tenta mostrar a eficácia das intervenções nutricionais, podendo ser obtidos resultados aparentemente “negativos” (por falta de significado estatístico) tendendo, por esta razão, a não ser publicados por decisão editorial, ou mesmo por potencial conflito de interesse que levam a que o trabalho não seja sequer submetido a apreciação.
Verdade é que opções nutricionais de excelência podem também ter por base análises observacionais. Estudos observacionais não aleatórios em nutrição têm sido privilegiados face aos ensaios randomizados por estes serem difíceis de configurar por perdas por follow-up, baixa adesão, alteração de comportamentos não controlados pelos investigadores, podendo levar a que a estimativa do tamanho do efeito seja diferente do real efeito de causalidade.
Nesse cenário, resultados "negativos" provenientes de ensaios clínicos poderão ser muito mais desejáveis que resultados "positivos". Tentando explicar este aparente paradoxo, podemos dizer que muitos resultados “negativos” não são falhas em mostrar a superioridade de uma intervenção nutricional em comparação com outra, mas oferecem evidências de não inferioridade ou equivalência, o que é o mesmo que dizermos que diferentes escolhas nutricionais levam a resultados igualmente aceitáveis. E isto poderá ser considerado negativo em nutrição? Não, pode e deve ser considerado como uma boa notícia porque é melhor ter diferentes opções igualmente válidas do que apenas uma.
Por outro lado, outros resultados "negativos" poderão evidenciar que nutrientes ou dietas que pensávamos serem eficazes (baseado em estudos observacionais), afinal não o são.
Dito isto, é primordial percebermos que o ganho que obtemos com os resultados de um estudo é tanto maior quanto maior a mudança que ele cria nas nossas crenças prévias. Deste modo, o nosso ganho de informação relativa a determinado tema é superior se os resultados alcançados romperem com crenças, provavelmente falsas, do que se os mesmos vierem “apenas” confirmar que continuamos a saber aquilo que já pensávamos saber.
Na comunidade
A ciência como serviço público ... Na Comunidade
O laboratório de nutrição (LN) nos últimos 6 meses demonstrou uma presença ativa na comunidade. Marcou presença na Rota dos Laboratórios Desvendados, no evento Descobre a ULisboa, dinamizando um quiz interativo no âmbito do tema Mitos e Verdades nas Ciências da Nutrição. Promoveu também o Workshop "Cozinhar o Mundo" em colaboração com o Pavilhão do Conhecimento - Centro Ciência. E mesmo em condições mais adversas como as que temos enfrentado com a pandemia do Covid-19, o LN participou ativamente na comunidade através dos webinares: “Alimentar o presente sem comprometer o futuro”, promovido pela Ordem dos Nutricionistas, sobre o tema "Sindemia e a Revolução necessária"; "Não há longe nem distância" promovido pelo Instituto de Saúde Ambiental - ISAMB sobre o tema "Alimentação em tempos de pandemia" e ainda "Nutrição para o coração: mitos verdades e controvérsias" em colaboração com o Centro de Reabilitação Cardiovascular da Universidade de Lisboa (CRECUL).
E-book - Desmistificar com Ciência
A gordura corporal é uma só? Devem as crianças ser vegetarianas? Posso ou não tomar o pequeno-almoço? Será que o alimento mais saudável é o biológico? A utilização do micro-ondas é segura? Será que um ovo por dia algum mal lhe faria? E agora, o óleo de coco é que é bom? Hidratos de carbono: são a principal fonte de energia, mas prejudicam a saúde? Devemos evitar o consumo de lactose e de glúten? Estas são algumas das questões às quais pode encontrar resposta no e-book do LN lançado em outubro deste ano.
Celebrar o Dia Mundial da Alimentação é relembrar que as melhores escolhas alimentares são aquelas que se suportam pelo rigor científico. Neste sentido, para assinalar este dia, e conscientes de que o conhecimento científico é o antídoto da desinformação, o LN publicou alguns dos principais mitos e factos sobre a alimentação num e-book intitulado “Desmistificar com Ciência”. Face à situação pandémica que vivemos, é ainda possível encontrar neste e-book um capítulo dedicado à reflexão sobre a Obesidade: a pandemia que convive com a COVID-19. Para saber mais consulte este link.
Vitória Dias da Silva
O Centro de Nutrição Avançada da FMUL
O recém-inaugurado Centro de Nutrição Avançada (CNA) da FMUL é um projeto ambicioso e inovador, que tem como propósito atingir três grandes metas: promover um estilo de vida saudável dos portugueses, nomeadamente os hábitos alimentares; fomentar a literacia em saúde, nomeadamente no contexto alimentar e nutricional; estimular a investigação em nutrição. Constitui-se como uma extensão universitária e disponibiliza à população em geral e a entidades públicas e privadas, um conjunto diversificado de serviços em diferentes valências das ciências da nutrição.
O CNA é constituído por uma equipa de profissionais que possuem um vasto conhecimento e experiência dos diferentes domínios das ciências da nutrição, e que partilham de um denominador comum: um carácter inovador, dinâmico e disruptivo que lhes permite encontrar respostas personalizadas a cada situação.
O que podemos então esperar do CNA? Tudo. A equipa existe, as instalações e equipamentos de topo também, pelo que a resposta é mesmo esta. Não há limites. O CNA já presta serviços de consulta de nutrição, avaliação da composição corporal e também avaliação do gasto energético em repouso para quantificação de necessidades nutricionais. Estes serviços estão disponíveis para a polução em geral, mas também para grupos específicos da comunidade: equipas desportivas, empresas, escolas, entre outros. O CNA disponibiliza ainda o laboratório técnico-alimentar equipado com recursos também de excelência para promover o desenvolvimento de produtos que possam corresponder às exigências do setor agroalimentar, como também para desenvolver formação e workshops com cariz iminentemente prático onde a palavra alimentação é o elemento central.
Trata-se de um espaço multifuncional, único em Portugal, que aliado a uma equipa cientificamente exemplar, permite criar soluções únicas e inovadoras para os desafios de quem nos procura.
Segundo o Regime jurídico das instituições de ensino superior “As instituições de ensino superior têm o direito e o dever de participar em atividades de ligação à sociedade, designadamente de difusão e transferência de conhecimento, assim como de valorização económica do conhecimento científico”. O CNA representa isso mesmo.
A academia (e ciência) a abrir portas para a comunidade que a rodeia.
É sem dúvida um projeto de e com futuro. Venha conhecer-nos, será um prazer recebê-lo!
Catarina Sousa Guerreiro
Implementação das Especialidades da Ordem dos Nutricionistas
O Estatuto da Ordem dos Nutricionistas, no seu artigo 34º da Lei n.º 126/2015, prevê a atribuição dos títulos de nutricionista especialista em Alimentação Coletiva e Restauração, Nutrição Clínica e Nutrição Comunitária e Saúde Pública. Tratando-se de áreas clássicas da atuação dos nutricionistas, as trajetórias de diferenciação no exercício profissional foram determinantes para a sua definição como Especialidades.
O título de especialista atribuído pela Ordem dos Nutricionistas certifica que o nutricionista detém um conjunto de competências transversais e avançadas, para o exercício profissional numa determinada área. Desta forma, contribui para a promoção da qualidade do exercício profissional em diferentes áreas da nutrição e, consequentemente para o desenvolvimento profissional do nutricionista.
Note-se que a designação de especialista pode atestar situações diversas, em contextos profissionais distintos. São disso exemplo o grau de especialista da carreira de técnico superior de saúde, a categoria de especialista da carreira de técnico superior de diagnóstico e terapêutica e o título de especialista da carreira do ensino superior politécnico. Contudo, a designação de nutricionista especialista só poderá ser utilizada por aqueles que detêm a especialidade conferida pela Ordem. O nutricionista especialista disporá, portanto, de conhecimento aprofundado e proficiência nos atos praticados, na sua área de especialidade.
Produto de um processo de reflexão alargado, o Regulamento n.º 55/2019 – Regulamento Geral de Especialidades Profissionais da Ordem dos Nutricionista (RGEPON) especifica as competências e requisitos e procedimentos para a obtenção das Especialidades.
No passado dia 1 de outubro de 2020 teve início o processo de atribuição dos títulos de especialidade por equiparação. Esta é uma fase transitória, que decorre até 30 de setembro de 2021, permitindo a atribuição dos primeiros títulos e a consequente constituição dos Colégios de Especialidade. O Anexo III do RGEPON elenca os critérios para creditação, incluindo a matriz que objetiva os elementos curriculares a avaliar e respetiva ponderação. Desta forma, pretende-se uma análise, objetiva e escrutável, da adequação dos elementos curriculares do nutricionista ao perfil de competências da especialidade. Finda a fase transitória, a atribuição do título de nutricionista especialista decorrerá de um processo de especialização, que corresponde ao conjunto de procedimentos conducentes à aquisição e certificação das competências transversais e avançadas da especialidade, nomeadamente através da frequência de um curso de especialização e da prestação de provas públicas.
José Camolas
(Vice-Presidente da Ordem dos Nutricionistas)
No Ensino
Desafios de futuro no ensino da nutrição
Num universo cada vez mais competitivo em que a oferta formativa é cada vez mais diversificada, é fundamental que as instituições de ensino superior (IES) se possam diferenciar pela excelência na formação do nutricionista como profissional de saúde com uma oferta competitiva e de sucesso. É essencial perceber-se que a formação em nutrição não se esgota em si mesma e que é indispensável que a mesma acompanhe, não só a formação de base para o desenvolvimento da competência profissional, mas ao mesmo tempo a formação em continuum (Life Long Learning - LLL) para a diferenciação, especialização e excelência da prática profissional nesta área. É assente nesta visão que as IES devem encarar os desafios de futuro para o ensino da Nutrição.
O propósito e desafio base do ensino da nutrição baseia-se em alicerçar os pilares basais para o desenvolvimento da carreira do nutricionista para atingir níveis de prática profissional de excelência, mantendo-se sempre atento à aprendizagem e desenvolvimento profissional, com o foco em aumentar a capacidade de abordar questões transversais da saúde pessoal, pública e planetária.
Atribuições como a amplitude dos domínios científicos necessários para enfrentar os desafios atuais, a natureza e definição dos conceitos de mudança nas ciências da nutrição, os métodos necessários de próxima geração e desafios e oportunidades de comunicação e organização, são fundamentais existirem nas IES.
Assim, é fundamental que a formação em nutrição reavalie a necessidade de colaboração com outros domínios científicos para enfrentar com eficácia os grandes desafios; incorpore métodos inovadores e transdisciplinares, bem como a formação e as facilidades para o fazer; comunique de forma estratégica e eficaz com o público e os formuladores de políticas. Desta forma estará o ensino capaz de formar Nutricionistas com capacidades únicas e os melhor posicionados para ser a voz confiável do domínio das ciências da nutrição.
O ensino tem de moldar e aprimorar o futuro da profissão. Para isso enfrenta vários desafios para preparar profissionais que estejam bem equipados para uma prática cada vez mais diversificada; é fundamental ter uma liderança forte, colaboração académica e maior compromisso para o benefício de toda a profissão.
Mas como conseguem as IES fazer isto?
Para podermos responder à melhor estratégia à luz dos desafios do ensino da nutrição existem 4 pilares fundamentais:
Relacionados com o conteúdo e o currículo:
- Ensino superior personalizado
- foco em competências do futuro
Relacionados com a estrutura organizacional:
- Programas de estudo multi-institucionais
- aprendizagem ao longo da vida
Assim, os desafios futuros das IES no ensino da nutrição centram-se em:
- Considerar a formação de base como o alicerce essencial para LLL;
- Ter uma abordagem transdisciplinar da nutrição;
- Acompanhar a evolução científica no foco da abordagem nutricional;
- Pensar sempre ao nível individual, populacional e planetário;
- Ajustar a cultura institucional, potenciando a liderança, a comunicação, a colaboração e a consciência digital.
Joana Sousa
Na Investigação
Ciência no LN - Retrospetiva 2020
O LN, no âmbito do seu eixo de atividade “Investigação”, apresentou um ano bastante ativo apesar das condicionantes e vicissitudes vivenciadas no ano 2020. A sua equipa exerce investigação nas mais diversas áreas, mostrando o ecletismo e o leque de competências presentes. Estas competências vão desde a nutrição comunitária até à nutrição no desporto, passando ainda por uma vertente mais clínica bastante presente na essência do LN face à sua relação e integração no Centro Hospitalar Lisboa Norte e o Centro Académico de Medicina de Lisboa.
Os membros do LN publicaram este ano um total de 16 artigos científicos (até à data de publicação desta newsletter) que abordaram essencialmente temas na área da gastroenterologia e da obesidade tanto em idade pediátrica, como em adultos. A tipologia dos estudos publicados variou largamente, sendo possível encontrar desde artigos de revisão até revisões sistemáticas com meta-análise.
Sabendo da importância que a investigação científica desempenha, o LN tem empenha-se diariamente para publicar mais e melhor, tendo deste modo inaugurado neste último semestre o Centro de Nutrição Avançada que conta não só com equipamento diferenciador e único em Portugal, como também recursos humanos de excelência para a realização de investigação de precisão com recurso a métodos vanguardistas.
Artigos:
Recent advances in alcohol-related liver disease (ALD): summary of a Gut round table meeting. doi: 10.1136/gutjnl-2019-319720.
A new definition for metabolic dysfunction-associated fatty liver disease: An international expert consensus statement. doi: 10.1016/j.jhep.2020.03.039.
Effects of Intermittent Fasting on Specific Exercise Performance Outcomes: A Systematic Review Including Meta-Analysis. doi: 10.3390/nu12051390.
Successful weight loss maintenance: A systematic review of weight control registries. doi: 10.1111/obr.13003.
Diet as a Modulator of Intestinal Microbiota in Rheumatoid Arthritis. doi: 10.3390/nu12113504.
Nonalcoholic Fatty Liver Disease versus Alcohol-related Liver Disease: Is it Really so Different? doi: 10.2174/1381612826666200122152417.
A cross-sectional study of the public health response to non-alcoholic fatty liver disease in Europe. doi: 10.1016/j.jhep.2019.08.027.
Effectiveness of Two Dietary Approaches on the Quality of Life and Gastrointestinal Symptoms of Individuals with Irritable Bowel Syndrome. doi: 10.3390/jcm9010125.
A school-based intervention for a better future: study protocol of Sintra Grows Healthy. doi: 10.1186/s12889-020-09715-0.
Champ4life Study Protocol: A One-Year Randomized Controlled Trial of a Lifestyle Intervention for Inactive Former Elite Athletes with Overweight/Obesity. doi: 10.3390/nu12020286.
Consistent sleep onset and maintenance of body weight after weight loss: An analysis of data from the NoHoW trial. doi: 10.1371/journal.pmed.1003168.
Predictive factors for long-term survival in patients with advanced hepatocellular carcinoma treated with sorafenib. doi: 10.1097/MEG.0000000000001974.
Development of RisObIn.Com, a Screening Tool for Risk of Childhood Obesity in the Community. doi: 10.3390/nu12113288.
NAFLD - sounding the alarm on a silent epidemic. doi: 10.1038/s41575-020-0315-7.
[Empowering Patients with Adequate Eating Habits in the Context of Bariatric Surgery]. doi: 10.20344/amp.13723.
Reply to: "Caveats for the implementation of global strategies against non-alcoholic fatty liver disease". doi: 10.1016/j.jhep.2020.03.017.
João Vasques
Na Comunidade
A ciência ao serviço da Comunidade
O LN nos últimos 6 meses do ano demonstrou uma vez mais uma presença ativa na comunidade. Para assinalar o Dia Mundial do Coração, fruto da colaboração com a equipa de reabilitação cardiovascular CHULN/FMUL/CRECUL, participou num vídeo promocional e comemorativo da data com mensagens da importância da alimentação na prevenção da doença cardiovascular.
Marcou presença no webinar promovido pela Fundação Champalimaud: “Tratar o doente com cancro e não o cancro do doente”, abordando mitos e realidades na doença oncológica particularmente no cancro da mama. Participou com a Confederação do Desporto de Portugal (CDP) na rubrica “CDP entrevista”, para debater o tema obesidade e desporto.
Com o intuito de desmitificar assuntos relacionados com as ciências da nutrição e assinalar o Dia Mundial da Alimentação, publicou o e-book “Desmistificar com ciência”.
Marcou ainda presença no webinar organizado pelo Público e a Multicare –“Mais prevenção mais anos de vida”.
Teve também um papel ativo na comunidade académica (estudantes universitários) com a dinamização de dois workshops, um em parceria com Projeto Mentoring da FMUL e outro com o ISCTE, sob o tema “Alimentação adequada em contexto de conteção social”.
Num mundo da tecnologia e comunicação digital, teve ainda a participação no podcast “Em Banho Maria” esclarecendo questões sobre nutrição e saúde intestinal.
Finalmente, e para fechar o ano da melhor forma dada a aproximação da celebração do Natal, em colaboração com o Chef Emanuel Cunha, recriou uma ementa de Natal no Centro de Nutrição Avançada da FMUL, tendo por base as escolhas alimentares típicas desta época tornando-as mais equilibradas do ponto de vista nutricional e ao mesmo tempo, sustentáveis, não esquecendo todos os padrões alimentares da população.
Mariana Liñan Pinto
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