O coração é um órgão acelerado por natureza, os seus batimentos são constantes e o ritmo convém ser frequente. Assume um extra Full Time Job, de 24 em 24 horas. É ele que através das suas portas, entenda-se, ventrículos, aurículas, artérias, válvulas e veias permite que o sangue flua. Designado por músculo, é muito mais do que isso. É um dos senhores da vida do corpo humano. É ele que nos permite viver, sentir felicidade, sentir dor ou simplesmente sentir. Ele bate mais forte quando estimulado pelo olhar, ele relaxa durante o sono.
Mas e quando o coração pára? – É declarada morte por paragem cardíaca. Assim, de forma seca e sem glamour. Ou então, com o passar do tempo acusa sinais de cansaço, tal como o seu dono.
O coração é uma máquina, mas a sua paragem, mais cedo ou mais tarde, é inevitável. Com o apoio dos cardiologistas, tenta-se prorrogar o seu fim, contudo, a qualidade da sua existência depende quase exclusivamente do seu dono. Por isso, é fundamental cuidar do seu coração.
Em Portugal, cerca de 35 mil portugueses morrem anualmente por doenças cardiovasculares, segundo dados do Serviço Nacional de Saúde, e todos os anos, durante o mês de maio, os profissionais do coração unem-se numa só voz com o objetivo de sensibilizar todas as camadas da população para a necessidade de cuidar bem deste senhor. Apesar desta evangelização, as doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte, mortes e sofrimento que poderiam ser evitados com a simples escolha de hábitos alimentares mais saudáveis, estimulados com o benefício da atividade física.
Informação sobre prevenção é o que não falta. O que falta é consciência de que mesmo que os olhos não o vejam, ele sente e ressente-se.
Na edição 112, focámo-nos no coração e em todas as iniciativas desenvolvidas ao longo do mês de maio. Promovemos pausas ativas, celebrámos o 5º aniversário do Centro de Reabilitação Cardiovascular, promovemos debates e apresentámos soluções para um coração saudável. Falámos sobre o impacto da COVID-19 na Saúde do coração e festejámos a acreditação europeia do programa de reabilitação cardiovascular do CHULN/FMUL/CRECUL.
Neste mês dedicado ao coração, conversámos com o Prof. Fausto J. Pinto, Diretor do Departamento de Coração e Vasos do CHULN e Diretor da FMUL, sobre a organização do departamento e da sua carreira como regente desta equipa. Foi com apreensão que nos revelou como a pandemia ainda afetou indiretamente o Departamento de Cardiologia e as várias adaptações que, rapidamente, tiveram de colocar em prática.
Foi com o coração que fomos conhecer o Afonso Cruz, que aos 30 anos, viu-se internado cerca de 2 semanas nos cuidados intensivos, ligado a uma ECMO. Esteve à porta da morte, mas foi salvo pela sua vontade e a de tantos médicos que o cuidaram a cada hora. O relato entusiasmado é do próprio.
Entrevistámos Nuno Gaibino, médico internista e intensivista, que acolheu vários estudantes da FMUL, num projeto de voluntariado com doentes Covid. Homem ativo na academia e com grande sentido de missão perante o outro.
De coração cheio, conhecemos os nossos estudantes, entre o 4º e 6º ano que se voluntariaram no pico da pandemia para os cuidados intensivos. Foram 130 voluntários que, mesmo correndo o risco de ficarem infetados, não baixaram os braços. Fomos conhecê-los, bem como a sua grande mentora e regente de Medicina Intensiva, a Prof.ª Susana Fernandes.
Convidamo-lo/la também a visitar o melhor de maio, o backstage do Sarau Cultural, a Social Builders Academy e desafiamo-lo ainda a sonhar, com o coração, com a perspetiva futura dos loucos anos 20 do século XXI.
Isabel Varela
Equipa Editorial
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