A pergunta é desconcertante na cadência de um desconfinamento envolto em dubiedades. Depois de rompermos lentamente as amarras do medo, abrimos os braços a uma liberdade, também ela com traços distintos de outros tempos, ainda condicionada pelo desassossego e incertezas que nos assaltam muitas vezes a mente.
Com mais ou menos hesitações, acatamos a ordem para retomar a vida “normal”. A cada dia avançamos e olhamos para o que já vivemos, questionando-nos agora se não precisamos aprofundar conhecimentos na arte de bem desconfinar.
Soam alarmes na sociedade e no Mundo, que ainda se debate e tenta reerguer de uma luta que ainda tem muito para combater. Mas porque somos seres de hábitos e para bem da saúde mental, precisamos de encontrar no meio do caos o nosso porto seguro. Por isso, seguimos caminho e olhamos para a saúde da psique, procurando a abordagem mais eficaz às doenças mentais em tempo de pandemia, cujo embate na atividade médica tomou proporções dantescas.
Este é, como escreveu Fernando Pessoa, “o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.
E com a ousadia, que se quer prudente nesta altura, atravessamos a barreira da Covid-19 numa tentativa de aligeirar os nossos dias, atentando no que não pode ser esquecido.
Conversamos sobre os doentes de sempre e exploramos outros campos de batalha, colocando-nos na frente da Neurocirurgia e aprendendo importantes lições sobre a saúde digestiva e as verdades que se revelam no nosso “2º cérebro”.
Inspiramo-nos na infância, reservando um lugar para as crianças na compreensão dos desafios que enfrentam nos dias de hoje, e revisitamos a história da Pediatria em Portugal, entre cores e sabores que nos chegam através de tão importantes e prementes iniciativas como a Kiddy Cook.
Apuramos os sentidos no meio envolvente, cuja componente física nos foi de novo permitida explorar, e refletimos sobre a saúde do Homem no ambiente.
Fomos, ainda, a contas com a FMUL em Números e avaliamos o resultado do trabalho de que tanto nos orgulhamos, partilhando o mais recente Relatório de Atividades e mostrando como se reinventam as equipas em tempos de crise.
Como se tornou hábito, recordamos também o que de melhor aconteceu em Junho, bem como os feitos mais marcantes do mês. E porque a cada dia somos convidados a desconfinar, deixamo-lo na melhor companhia. É tempo de ler e desfrutar, porque como já dizia José Saramago, “A leitura é, provavelmente, uma outra maneira de estar em um lugar”.
Equipa Editorial