“A vida tem de ser vivida sem máquinas do tempo” (Amado, 2011).
Amanhã será sempre tarde de mais para começar a vivê-la.

Importa não adiar algumas reflexões sobre questões estruturantes: O que quero?; Quais são as minhas prioridades?; O que valorizo?; Que competências tenho? (…). A resposta a estas perguntas ajudará a tomar decisões, fazer escolhas, a priorizar e a alocar recursos para melhor endereçar os diversos desafios, numa envolvente cuja única certeza é a imprevisibilidade e uma das competências chave a deter - a adaptabilidade, num tempo que é finito e não estica.

Na correria diária, e nas diferentes esferas da vida – pessoal, familiar, académica, profissional - podemos facilmente deixar-nos cair num discurso saturado “não tenho tempo”. Esquecemos que muitas vezes a grande dificuldade não surge apenas por termos possivelmente muito a fazer, mas sim, por não estarmos a gerir o tempo e as tarefas da melhor forma, seja por nos faltar métodos de trabalho ou por estes serem desadequados às exigências da envolvente.

É, por isso, fundamental desenvolvermos a nossa capacidade de gerir o tempo, de modo a que consigamos atingir um equilíbrio entre as diferentes responsabilidades e os papéis que ocupamos.

Enquanto estudante universitário que és, com todas as demandas que se te colocam, sabemos que esta gestão de tempo para além de ser uma necessidade, constitui um desafio: Como ter tempo para estudar, participar em atividades, gerir as tarefas de casa, estar com amigos, estar com a família…?

Efetivamente, em determinados momentos, o estudo e o que ele representa precisa subir na tabela de prioridades, sendo-lhe dedicado mais tempo, o que não significa anular as outras dimensões da vida e adiar para um amanhã, as relações, as possibilidades, a própria vida.

A caminhada universitária, mais do que conferir um “canudo”, constitui uma oportunidade para o teu desenvolvimento enquanto profissional, mas também enquanto pessoa. Por isso, este período é chave para continuares a trabalhar em ti skills fundamentais, altamente valorizadas no mercado de trabalho. Estas skills são passíveis de serem desenvolvidas, nas diferentes atividades que fazes dentro e fora da faculdade, desde o desporto que praticas, aos interesses a que te dedicas, ao voluntariado que exerces, às iniciativas / projetos em que participas. A faculdade é, assim, uma oportunidade única para ficares a conhecer mais acerca de ti e do mundo.

Como melhor gerir o tempo no estudo para conciliar com outras atividades?

 

• CONHECE O TEU MÉTODO DE TRABALHO. Começa por responder a perguntas como:

• PROCURA junto a colegas, mentores, tutores dicas para melhor estudar, mas não te esqueças que o que resulta com o teu colega pode não resultar contigo. Importa que descubras o que é que funciona verdadeiramente para ti, em termos de métodos de trabalho.

 

• ORGANIZA. PLANIFICA. PRIORIZA. O tempo de estudo / trabalho deve ser organizado em função das tuas prioridades e obrigações.
  • Faz uma lista de tarefas diária ou semanal (incluindo aulas, compromissos…), deixando espaços para imprevistos. Tal poderá ajudar-te a ter uma visualização mais clara do que tens em mãos para fazer e do tempo disponível.
  • Estabelece objetivos para o teu estudo que sejam verdadeiramente SMART: Específicos (specific), mensuráveis (mensurable), atingíveis (attainable), realistas (realistic), baseados no tempo (timely). Por ex.: define duas horas para estudar neuroanatomia, ao invés de dizeres que irás estudar até dominar a matéria.
  • Prioriza: No meio de tanta coisa, em que tudo parece ser importante, um dos passos mais importante é priorizar as tarefas. A cada manhã cria/revê a tua lista de tarefas. Categoriza as tarefas pela ordem de importância e de urgência. Completa as mais importantes e urgentes em primeiro lugar, passando depois para as restantes. Se sentires que te está a faltar tempo ou motivação para completar uma tarefa não importante ou não urgente, podes pô-la no plano para o dia seguinte.

 

• NÃO ADIES a realização das tarefas. Começa logo, mesmo que não te sintas motivado/a. [Lê mais sobre como combater a procrastinação aqui].

 

• SABE QUANDO PARAR (quando está “suficientemente bom”): Abandona o perfecionismo.

 

• RENTABILIZA os momentos de espera, transformando-os em algo produtivo. A viagem de comboio, a espera pelo autocarro… podem ser aproveitados para realizar pequenas atividades que exijam pouca concentração (por exemplo, podes ter contigo um pequeno caderno ou flash cards que te permitam fazer pequenas sessões de estudo), ou mesmo atividades que te ajudam a relaxar. Podes também aproveitar o tempo entre aulas / compromissos para progredir nalgum projeto, por ex.: rever as notas da aula, fazer brainstorming para novo projeto.

 

• MONITORIZA o progresso do teu estudo, de modo a perceber o que corre bem e menos bem, e faz os ajustes necessários. Tenta perceber quando estás a perder demasiado tempo com pormenores ou tarefas/atividades irrelevantes. Identifica quais são os teus ladrões de tempo - distratores como as redes sociais, navegar pela internet, entre outros. Não significa não fazeres estas atividades, mas sim fazê-las durante o tempo estabelecido para a pausa (com limite definido).[1]

 

• PROGRAMA os teus momentos de pausas e cria uma rotina de autocuidado consistente. Em caso de te sentires assoberbado ou bloqueado, pode ser útil contactares com algum amigo que nada tenha que ver com o curso, e assim falarem sobre outras coisas. Talvez uma das dicas mais importantes seja: aprende a ser tolerante contigo próprio, não cedendo a sentimentos de culpa “eu devia estar a estudar…”, isto em alturas em que tiras um tempo para recarregar.

 

Uma boa organização das tarefas e do tempo permitir-te-á estar disponível para investir em áreas que são igualmente importantes e que contribuirão para o teu desenvolvimento pessoal, académico e profissional.

 

PARA TI QUE ÉS ESTUDANTE DA FMUL…

Relembramos-te alguns dos projetos existentes na FMUL e que te podem ajudar na gestão do estudo, tempo e desenvolvimento pessoal e profissional.

• Se és estudante da FMUL de primeira viagem, não deixes de participar no projeto MENTORING, no qual podes partilhar com colegas de anos avançados (mentores), as tuas dúvidas, tentar perceber que estratégias utilizam para organizar o estudo e gerir o tempo (…)
• Para te ajudar a estudar melhor, podes sempre inscrever-te no SOLVIN’IT. Aqui podes esclarecer dúvidas/pensar nos conteúdos teóricos dados nas aulas e aprenderes num novo contexto com colegas mais velhos (monitores), que são supervisionados por tutores (docentes).
• Se és estudante em anos clínicos, podes ter a oportunidade de contactar com profissionais já no terreno, e esclarecer todas as tuas dúvidas sobre a carreira profissional, e quem sabe até perceber quais foram os desafios / medos com os quais os mentores se tiveram que se confrontar ao longo do seu percurso e que estratégias lhes valeram (MENTORING 2.0)
• Para além disso, a FMUL, o GAE e a AEFML têm feito um esforço para promover iniciativas / workshops de soft skills / projetos específicos em diferentes áreas, e que dão resposta a uma necessidade e requisito chave – abertura à aprendizagem e desenvolvimento de competências ao longo da vida.

Sabemos, contudo, que no meio de tanta oferta, podes confrontar-te com o “paradoxo da escolha”. Por isso, voltamos à questão inicial… O que é para ti importante? O que gostarias de conhecer mais acerca de ti? O que gostarias de desenvolver e em áreas gostarias de colaborar? Pensa de antemão no teu “porquê” para participar em determinada atividade, vê como encaixas a tua participação na agenda e compromete-te. É esse comprometimento, a chave para tirares melhor proveito da experiência e para não ser apenas mais uma coisa que colocas no teu currículo.

Se porventura surgir algum imprevisto (porque a vida é cheia deles), não te esqueças, de o assumires e informares atempadamente. Já aí estás a exercitar e evidenciar competências tão importantes como a responsabilidade.

Lembra-te: nunca vais conseguir participar em tudo e/ou desenvolver competências técnicas/pessoais de uma só vez. Tal requer tempo, o tempo não estica e a vida é feita de escolhas. Assume o que estás disposto a dar / desenvolver e compromete-te, respeitando o teu próprio ritmo. Certamente, a experiência que retirarás daqui será enriquecedora, porque a vida não tem apenas uma dimensão, nem se resume ao estudar, e acima de tudo não pode ser adiada.

 

 

Seco, G., Duarte, A., Pereira, A., Filipe, L., Alves, S. (2012). Pactor/LIDEL: Lisboa

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