Se lhe fosse dado o direito a ter um superpoder qual escolheria?
Lançámos esta questão numa das nossas atividades de grupo, e a resposta mais ouvida foi “gostaria de ter a capacidade de parar/abrandar o tempo”.
Revê-se também nesta escolha?
Certamente muitos de nós gostaríamos de ter este superpoder, que é como quem diz, ter um botão que permitisse pôr o tempo em pausa, para conseguir responder eficazmente às múltiplas incumbências do dia a dia, sejam elas relacionadas com o trabalho, o estudo e/ou outras.
Na falta deste superpoder, e como humanos que somos, importa continuar a desenvolver/afinar os nossos recursos de gestão de tempo e sobretudo de gestão de energia, autorizando-nos a carregar no botão “pausa” de um comando que só nós temos. No entanto, é aí que podem começar a surgir entraves - dúvidas relativamente à legitimidade deste “take a break”.
Costuma sentir-se culpado quando faz alguma pausa, pela quantidade de trabalho que está ainda por fazer? Pensa que está a desperdiçar tempo?
As pausas regulares, sejam de relaxamento (como por ex.: fazer alongamentos…), sociais (ex.: falar com colegas), cognitivas (ler as notícias / ver um vídeo…) ou nutricionais (comer ou beber algo), constituem uma necessidade e uma urgência.
O não fazer pausas, sobretudo quando em tarefas cognitivamente mais exigentes, pode afetar a produtividade e bem-estar. Que o diga o nosso cérebro2. Sem espaço para recarregar, podemos tornar-nos menos eficientes, menos comprometidos com a tarefa e cometer mais erros. Por isso, é necessário autorizar-se a dar um passo atrás/abrandar para conseguir avançar, sem se sentir culpado.
Ainda não está convencido das vantagens em se autorizar a fazer uma pausa?
Vejamos um outro exemplo. Certamente já teve de lidar com alguma situação problema, que parecia não ter solução à vista, e que só após se distanciar da mesma e descansar (“dormir sobre o assunto”), foi capaz de voltar à tarefa com novo ânimo e com uma nova perspetiva.
Diversos estudos1,2,3 mostram que os tempos de pausa são essenciais para melhorar a atenção, concentração, motivação, memória, criatividade e aprendizagem. Permitem aumentar os níveis de energia ao longo dia e manter a performance. Ajudam, ainda, a reduzir a fadiga de decisão, que pode levar a decisões simplistas e precipitadas, bem como à procrastinação. Contribuem ainda para prevenir/reduzir o stress e promover o bem-estar físico e emocional.
“TAKE A BREAK” deve, por isso, ser uma decisão consciente entre as sessões de trabalho/estudo.
A missão será:
Para alcançar esta missão, de uma forma otimizada:
- Agende as pausas (pode até definir um alarme, assinalando o início e o fim da pausa), mas acima de tudo aprenda a ouvir o seu corpo e as suas necessidades.
- Faça uma pausa de 5 a 15 minutos, a cada 1 hora de estudo/trabalho, e uma pausa maior de 30 minutos a cada 2-4 horas (ou siga a técnica do Pomodoro), bem como faça pausas nas situações em que deixou de conseguir estar focado ou quando muda de uma matéria para outra e precisa de reenergizar.
- O tipo de pausas a fazer deverá depender do tipo de trabalho que tem em mãos. Não deve fazer uma pausa quando está num estado de flow, ou seja, quando está engajado/concentrado no que está a fazer.
- Existem pausas mais ou menos efetivas, pelo que importa ter consciência do que resulta consigo ou do que, por outro lado, vem alimentar padrões de procrastinação. Por exemplo, pode não ser boa estratégia ver tv, jogar um videojogo (…), numa pausa de 10 minutos.
- Antes de ir para a pausa, tome algumas notas de onde ficou na tarefa. Quando regressar, não pense no quanto ainda falta para fazer, já que tal poderá levar a justificações para adiar a tarefa. Passe à ação e lembre-se: será sempre um passo de cada vez, até alcançar o objetivo, estando neste momento mais preparado e com mais vigor.
- Monitorize os ganhos que as pausas acarretam no seu humor e desempenho.
Se nenhuma destas pausas for possível, em função da situação na qual se encontra:
- Mude de tarefa, dentro daquilo que está a fazer (ex.: se está a preparar uma comunicação sobre um tema, e se sente cansado, interrompa a preparação teórica em curso e faça algo diferente dentro do mesmo projeto, como por exemplo procurar imagens complementares ao trabalho).
- Desvie os olhos do ecrã (de preferência a cada 20 minutos).
- Consulte um colega / esclareça alguma questão
- …
Tem outras sugestões de pausas?! Partilhe-as connosco!
Lembre-se “TAKE A BREAK” para dar um descanso ao cérebro, recuperar energias e continuar a trabalhar de forma bem-sucedida para os seus objetivos.
* Para inspirar na escolha das atividades, partilhamos alguns links.
- Atividades de relaxamento / exercício físico
- Vídeos de curta duração
Referências
1Hughes, G. & Kirkman, A. (2021). The importance of taking breaks - The wellbeing thesis: University of Derby [link]
2Selig, M. (2017). How do work breaks help your brain. Psychology Today. [link]
3Weir, K. (2019). Give me a break. Monitor on Psychology, 50, 1. [link]
4Milner, C. & Cote, K. (2009). Benefits of napping in healthy adults: impact of nap length, time of day, age, and experience with napping. Journal of Sleep Research, 18, 272-281 [link]
Randolph, S. (2016). The importance of Employee Breaks. Workplace Health Saf, 64, 7. [link]
Carla Vale Lucas e Ana Rita Sobral
Gabinete de Apoio ao Estudante