Imaginemos o seguinte cenário:
Foi-lhe atribuído um trabalho, que precisa concluir no prazo de 1 mês. Irá exigir da sua parte, uma série de leituras e mais uns tantos passos.
De cada vez que tenta iniciar a tarefa, os pensamentos dispersam. A tarefa parece-lhe gigante, quase que uma montanha para escalar, e sente-se perdido/a, não sabe por onde começar. Senta-se à frente do computador, e quase que automaticamente é levado a abrir o email, entrar no Facebook, responder a uma mensagem que entretanto recebeu, procurar informação para o projeto y que também tem entre mãos, levantar-se para ir buscar um café para revitalizar energias, e já agora procurar no armário o livro que talvez lhe possa ajudar na tarefa atual,… - Nisto, passam-se duas horas. Volta a sentar-se e olhando para a tarefa que tem em mãos, exclama “Ainda não fiz nada!”.
Já se sentiu no meio deste novelo, que a cada “depois”, “amanhã faço”, “daqui a pouco…”, “vou esperar que tenha motivação…”, “estou à espera de inspiração”, “trabalho melhor sobre pressão” se enovela e dá mais uns tantos nós?
Não estranhe. Não está sozinho!
Todos nós (uns mais do que outros, é certo) já nos debatemos com a procrastinação (adiar obrigações relevantes, invertendo a ordem de prioridades das tarefas), encaixando diferentes justificações para explicar o fenómeno.
Quando adia/evita a tarefa até pode sentir algum alívio, mas este tende a ser provisório, acabando por surgir um sentimento de culpa “deveria estar a fazer isto…”, “Já devia ter concluído...”.
E assim, o novelo cresce… e a tarefa se agiganta.
A médio/longo prazo a procrastinação pode acarretar consequências no próprio desempenho, isto porque se adia a tarefa, terá de andar a correr contra o tempo, aumentando a probabilidade de surgirem imprevistos e serem cometidos erros.
Para além destas consequências temos ainda os sentimentos de culpa que se vão acumulando, a ansiedade e a tristeza que se vão adensando, o desapontamento com o que fez em contraponto com aquilo que achava que era capaz e, consequentemente, com repercussões na forma como perceciona as suas competências para fazer face aos múltiplos desafios.
Para conseguir desenovelar a procrastinação é preciso encontrar a ponta do novelo, que é como quem diz, chegar à raiz do problema, o que implica autoconsciência. Ou seja, é fundamental, perceber as verdadeiras razões que o/a levam a procrastinar.
Eis algumas perguntas chave a fazer: “Qual a função da procrastinação na minha vida?”, “Que hábitos e pensamentos contribuem para estar a procrastinar?”
As razões para a procrastinação são várias e mais complexas do que aquilo que possamos pensar, muito para além da preguiça ou do deter ou não competências de gestão de tempo.
Em muitos casos, a procrastinação assume-se como uma estratégia de autoproteção, como forma de evitar que as nossas competências sejam julgadas, sobretudo em tarefas que são relevantes para nós. Assim, caso o erro ocorra, a responsabilidade não será atribuída às nossas caraterísticas pessoais, mas sim ao obstáculo (por exemplo, não ter tido tempo suficiente para fazer melhor). O medo está por isso na base deste hábito, seja o medo de falhar, ou até mesmo de ser bem-sucedido, e do que tal implicará.
Depois de encontrar a ponta do novelo, importa desbravar o “nó” e continuar a caminhar rumo ao objetivo (digamos, o topo da montanha). Para ajudar em tal, deixamos aqui 10 estratégias:
Ficou curioso?
Descubra um pouco mais sobre estas estratégias… Aqui
Explorar mais sobre o tema
- Burka, J, Yuen, L. (2008). Procrastination: Why You Do It, What to Do About It Now. Da Capo Press.
- Ted Talk: The real reason you procrastinate
Carla Vale Lucas e Ana Rita Sobral
Equipa do Gabinete de Apoio ao Estudante