Finda a azáfama do início do novo ano letivo, procuramos devolver alguma tranquilidade e ordem aos nossos dias, permanecendo focados e empenhados em dar o nosso melhor num novo mês, que nos trouxe o tempo mais fresco da estação outonal, encurtando os dias pelos quais nos movemos entre o cheiro aprazível de castanhas assadas, que começa a impregnar as ruas um pouco por toda a parte.
E agora que estamos cada vez mais familiarizados com a pandemia, que entrou de rompante na vida de todos, marcando o compasso dos nossos dias, procuramos manter-nos informados com a confiança que nos trouxe a Ciência e que nos levou a adotar medidas e comportamentos preventivos, enraizando novos hábitos.
Foi, pois, a pandemia que esteve na ordem do dia, com o enfoque da imprensa nacional no aumento do número diário de casos de covid-19 (que ultrapassou os 2 mil), bem como o aumento do número de internamentos em virtude da doença, situação que restaurou o estado de calamidade no nosso país. Em debate esteve, também, o Orçamento do Estado para o próximo ano e a crise económica e social que se manteve, em outubro, no centro da discussão pública diária sobre o impacto da Covid-19 nos mais diversos setores de atividade.
Foi ainda tema de manchetes nacionais e internacionais, o anúncio do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que comunicou ter sido infetado pelo novo coronavírus, submetendo-se a uma terapia de anticorpos para travar a doença, uma terapêutica que nos foi explicada em detalhe pelo Prof. Miguel Castanho.
Ainda no rescaldo do “Recomeço” e das Jornadas de Introdução, começámos por partilhar o relato da abertura presencial do ano académico, recordando aquilo que foi um ato de responsabilidade cívica. Destacámos ainda um dos momentos mais importantes, pela sua solenidade e significado, em que ouvimos o juramento dos novos estudantes com a declaração do Código de Honra, que estabeleceu um compromisso fundamental para a sensibilização da ética, rigor e profissionalismo no exercício da sua atividade nesta Escola.
Continuámos ativos na investigação para compreender mais e melhor a atual pandemia e partilhámos dados importantes, apresentando os primeiros resultados sobre a prevalência da Covid-19 em Portugal e a incidência da infeção nos profissionais de saúde, num estudo que contou com a participação do Professor Francisco Antunes.
Defendemos a importância da utilização obrigatória de máscara em todos os locais, reiterando a necessidade crescente de se evitar aglomerações, num comentário do Professor Fausto Pinto à situação epidemiológica em Portugal com enfoque no desafio, cada vez mais difícil, de controlar as cadeias de transmissão.
Assinalámos a entrega do Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina aos três cientistas responsáveis pela descoberta do vírus que provoca a Hepatite C, num comentário do Professor Rui Tato Marinho, também ele um grande impulsionador, que fez da luta contra a Hepatite C, a luta da sua carreira.
A propósito das pandemias, do medo e das máscaras, voltamos atrás no tempo e revisitámos o período da Peste Negra, estabelecendo o contraponto com os tempos atuais, numa interessante dissertação do Professor Francisco Antunes.
Partilhámos a opinião de Filipe Froes, Pneumologista e Coordenador do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos, sobre a situação da pandemia em Portugal e o que é necessário fazer para evitar a rutura do Serviço Nacional de Saúde.
Atentámos nos números que marcaram o arranque do novo ano letivo, numa nova edição FMUL em Números.
E foi sobre números que falamos também, na análise ao aumento exponencial de casos diários de covid-19 que, segundo o Professor Miguel Castanho, aconteceu “mais cedo que o esperado”, comentando ainda os avanços e recuos das farmacêuticas, especialmente da Johnson & Johnson, no que toca ao desenvolvimento da tão desejada vacina para a covid-19.
No Dia Mundial da Alimentação, alimentámos o nosso espírito solidário com a apresentação do Livro de Receitas da Quarentena, uma iniciativa da Kiddy Cook Portugal em parceria com a FMUL, no arranque da segunda fase da campanha de angariação de fundos para o Serviço Nacional de Saúde, no âmbito do Projeto “Ajuda esta causa – COVID-19”.
E porque o conhecimento é o antídoto da desinformação, partilhámos ainda as evidências da Ciência no novo e-book do Laboratório de Nutrição, em que são desconstruídos alguns dos principais mitos sobre alimentação e nutrição.
A pandemia trouxe consigo um novo hábito, que é a utilização da máscara. E apesar dos reconhecidos benefícios, que levaram à discussão da obrigatoriedade do uso da mesma, também em espaços exteriores, é ainda evidente alguma resistência por parte da população. Mas o que nos diz a evidência científica é que devemos encarar o uso da máscara como a decisão mais eficaz para controlar a propagação do novo coronavírus, razão pela qual reiteramos a necessidade do uso imperativo de máscara, cuja utilização é “possivelmente a medida mais eficaz no combate à pandemia”, conforme explicou o Professor Fausto J. Pinto à imprensa nacional.
E sobre a vacina, cuja promessa tem sido sobejamente anunciada, o Professor Miguel Castanho comentou a crescente pressão sobre a comunidade científica, explicando que “o tempo dos investigadores e da indústria não é igual ao das sociedades civis”.
Precisamente numa altura em que se exige da comunidade médica e científica ação e resposta prontas no combate à pandemia, consideramos crucial analisar com rigor a verdade dos factos, apresentando posições sólidas de cientistas mundiais, cuja divulgação é necessária para travar a batalha da desinformação e das opiniões que se alimentam de fakenews.
Retomámos a temática da educação médica no nosso país e atentámos novamente na “inoportunidade” de se criarem mais escolas médicas em Portugal, onde “já há é médicos a mais” e só no ano passado “600 médicos não tiveram acesso à especialidade”, com o comentário do nosso Diretor ao Jornal Médico sobre o novo curso de Medicina da Universidade Católica Portuguesa, relembrando que “a modernidade está na evolução que tem sido feita pelas universidades de Medicina”.
Porque consideramos fundamental uma análise crítica da literatura científica, principalmente em relação ao novo coronavírus e à doença de covid-19, em que grande parte das publicações se tornam manchetes noticiosas sem terem sido revistas por “pares” – investigadores independentes, avaliámos os possíveis efeitos da covid-19 no cérebro numa discussão científica, orientada pelo Professor Joaquim Ferreira.
Assistimos à cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos sociais da AEFML, num evento que ficará para a História pela sua excecionalidade, no mesmo dia que revelamos as novidades da 2ª edição do Mestrado de Reabilitação Cardiovascular.
Partilhámos o resultado de um novo estudo nacional, com assinatura da FMUL e publicado na revista científica European Journal of Immunology, que demonstra a eficácia dos anticorpos contra o SARS- CoV-2 até sete meses após a infeção.
Outubro foi também o mês de consciencialização para o Cancro da Mama, marcado por duas datas importantes em que a sensibilização e a prevenção foram as mensagens principais no Dia Mundial da Saúde da Mama e do Dia Nacional de Luta Contra o Cancro da Mama, que se assinalaram a 15 e 30 de outubro, respetivamente.
E “entre tanto”, celebramos a vida e carreira do Professor António Barbosa, numa homenagem que marca a Jubilação de um docente exímio no trabalho, empenho e no trato com todos os membros da nossa comunidade, numa despedida que não o é, na verdade.
Porque afinal “somos feitos de tanta gente” e é essa gente que deixa em nós a sua marca, determinando, em conjunto com as vivências e experiências de cada um, a essência do que somos e como damos de nós aos outros.
Estamos prontos para mais um mês, com as convicções e valores certos rumo ao novo Mundo do qual somos convidados, todos os dias, a fazer parte, “convertendo muros em degraus e dos degraus construir pontes”, firmando a sua construção sólida, à semelhança do que fez António Barbosa durante os 50 anos em que se deu à Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Sofia Tavares
Equipa Editorial