COVID-19: a verdade dos factos
Share

homem a mexer no tlm

 

ecra com noticias google

 

Num momento em que se exige da comunidade médica e científica ação e resposta prontas no combate à pandemia de Covid-19, numa verdadeira corrida contra o tempo em que a pressão é crescente, devemos analisar com rigor a verdade dos factos e manter ativo o sentido crítico. Por isso, apresentamos posições sólidas de cientistas mundiais que é imperativo divulgar, sobretudo quando estamos perante uma realidade que se divide em opiniões alimentadas por fakenews.

O paper “Scientific consensus on the COVID-19 pandemic: we need to act now” reitera a importância de clarificar informação sobre os riscos da doença, bem como as estratégias para travar a mesma, partilhando a visão das evidências correntes e consensuais acerca da COVID-19.

Está comprovado que o SARS-CoV-2 se espalha através do contacto e também da transmissão de longo alcance via aerossóis, especialmente em condições onde a ventilação é fraca. A taxa de mortalidade por infeção de COVID-19 é maior do que a influência sazonal, sendo que a infeção pode levar à persistência da doença, inclusive em jovens. Não há informação com rigor sobre o tempo de proteção que confere a imunidade, e tal como outros coronavírus sazonais, o SARS-CoV-2 é capaz de reinfectar pessoas que já tiveram a doença, não se conhecendo até ao momento a frequência de reinfeção.

A transmissão do vírus pode ser mitigada através de distanciamento físico, uso de máscaras, higienização das mãos e etiqueta respiratória, e ainda ao evitar multidões e espaços mal ventilados. O teste rápido, rastreamento de contactos e o isolamento revelam-se também essenciais para controlar a transmissão.

cientista com teste covid

 

homem a desinfetar as mãos com gel

 

Embora o confinamento tenha impactado fortemente a economia, bem como a saúde mental e física das populações, tais efeitos têm-se revelado de forma mais negativa em países que não conseguiram aproveitar os períodos de quarentena para estabelecer sistemas eficazes no controlo da pandemia. Ademais, a ausência de estratégias claras e objetivas na gestão da pandemia faz com que esses países enfrentem contínuas restrições.

O mesmo artigo avança ainda que, com a segunda vaga, renovou-se o interesse numa abordagem que sugere a permissão de um surto na população de baixo risco, enquanto a população mais vulnerável é protegida. A sugestão de imunidade adquirida por esta via é “uma falácia perigosa” que carece de suporte de evidências científicas, rejeitando-se por isso qualquer estratégia com base nas infeções naturais, num alerta para o impacto desastroso que daí decorreria não só para as populações, mas também para os sistemas de saúde que ficaram em sobrecarga.

Considerando que é "complexo" definir quem é vulnerável, e perante um cenário de aumento progressivo de casos de Covid-19 em todo o mundo, admite-se que a continuidade das restrições que têm vindo a ser impostas será necessária para corrigir a resposta à pandemia, com o propósito de suprimir, efetivamente, as infeções a um nível mais baixo.

No mesmo paper aponta-se o exemplo de países como o Japão, Vietname e Nova Zelândia, que mostraram respostas robustas nas medidas de saúde pública para controlo da transmissão, permitindo que a vida retomasse a maior normalidade possível. “A evidência é clara: controlar a propagação de Covid-19 na comunidade é a melhor maneira de proteger as sociedades e as economias até ao aparecimento de vacinas e terapêuticas seguras e eficazes nos próximos meses”. E para apoiar esta chamada de ação e apelo global é disponibilizada uma declaração, que conta com a assinatura do nosso Diretor, Fausto J. Pinto, intitulada John Snow Memorandum.

capa de revista

Por sua vez, o artigo “COVID-19, Misinformation That Won’t Go Away”, publicado pela Scientific American, contrapõe fatos à desinformação que tem contribuído largamente para fomentar teorias de conspiração e dividir opiniões nas sociedades a nível global.

Entre as “falsidades” que têm vindo a público sobre a “novela coronavírus”, destacam-se as seguintes: “o vírus foi criado num laboratório na China”; “o vírus não é pior que uma constipação”; “não precisas de usar máscara”; “elites saudáveis estão a usar o vírus para lucrar com vacinas”; “a hidroxicloroquina é um tratamento eficaz”; “o aumento de casos é resultado do aumento de testes”; “a imunidade de grupo vai proteger-nos se deixarmos o vírus espalhar-se pela população”; “uma vacina para a COVID-19 não será segura”. Confrontando estas “falsidades”, a autora (Tanya Lewis, Editora da secção de Saúde da Scientific American) explica o porquê de serem falsas e o porquê das pessoas acreditarem.

A informação credível, que se rege pelo rigor e evidência da Ciência será sempre o melhor aliado para proteger as populações do medo, da ambivalência, das mentiras e divergências, principalmente em momentos tão desafiantes e disruptivos como a atual pandemia.