Mestrado de Reabilitação Cardiovascular lança-se em 2ª edição e traz novidades
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Com abertura ontem, dia 20 de outubro, o Mestrado de Reabilitação Cardiovascular recebeu os seus novos 22 elementos que pretendem desenvolver novas competências para integrar e/ou coordenar equipas multidisciplinares no âmbito de programas de prevenção e Reabilitação Cardiovascular. Adquirindo novas ferramentas nas áreas da ciência da saúde, este é um programa com forte estratégia na prevenção secundária, trabalhando por isso de forma multidisciplinar no que toca ao doente cardíaco. De modo a minimizar o impacto da doença na sua vida quotidiana o objetivo é, não só recuperar o doente, como prevenir que não volte a ter reincidências, preparando-o para melhorar a sua forma de vida e diminuindo a progressão da doença.

Projeto pioneiro em todo o país, o Programa de Reabilitação Cardiovascular baseou-se sempre nos mais recentes papers e guidelines internacionais, razão que fez com que merecesse a acreditação da Sociedade Europeia de Cardiologia. Este é um Programa interdisciplinar que reúne equipas da FMUL/CHULN e CRECUL e segue os princípios básicos consagrados em 2018 pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia.

Coordenadora deste Mestrado, a Cardiologista e responsável pelo grupo de trabalho em Reabilitação Cardiovascular, Ana Abreu, abordou as linhas gerais desta 2ª edição que se apresenta com algumas mudanças ajustadas, cada vez mais, à medida de quem se inscreve. “Com o Mestrado inicial tivemos a possibilidade de ajustar alguns pormenores para esta segunda edição, percebemos que se sentia necessidade de ter um cunho mais prático. O 2º semestre terá assim uma vertente mais prática e mesmo as aulas com um nível mais teórico, tentaremos que sejam mais teórico-práticas. E apesar das aulas online em alguns módulos, que acontecem devido à pandemia, há conteúdos que manteremos como presenciais”.

O perfil de estudantes deste Mestrado é cada vez mais diversificado, nele reúnem-se portugueses, angolanos, brasileiros e iraquianos que acabam por espelhar os vários grupos profissionais que fazem parte das equipas de reabilitação. “Vários são médicos ou cardiologistas, ou fisiatras, enfermeiras, fisioterapeutas, técnicos de cardio-pneumologia e fisiologistas do exercício. Grande parte está aqui porque querem entrar num programa de reabilitação, mas há alguns casos que olham numa vertente mais académica. Pretendem desenvolver projetos de Mestrado e apresentar trabalhos. Há inclusive uma estudante que é já Doutorada”.

Grupo de pessoas num anfiteatro

A seleção foi rigorosa e o resultado final não podia orgulhar mais a coordenadora do Mestrado, “curricularmente estes candidatos são excelentes, queremos ter muita interação e deixar todos muito à vontade para sugerirem teses próprias, ou daremos nós os temas dos projetos que já planeámos ou que estão a decorrer. O nosso papel é orientamos ou coorientamos os projetos sejam individuais ou já integrados nas equipas existentes.

Uma das grandes mudanças é a formação à distância que vem alterar todo o paradigma de ensino até agora. “Para inverter a distância, mesmo numa fase de pandemia, o objetivo é criar grupos de dois elementos nas aulas com vertente mais prática, para que não se anule assim essa vertente do Mestrado. Assumimos os mesmos cuidados que já temos com os estudantes de Medicina, com o uso de batas descartáveis, máscaras e luvas e o devido distanciamento entre poucas pessoas”, salvaguarda Ana Abreu.

A pandemia fez com que a formação passasse quase toda para o digital, mas o facto é que esta mudança também é bastante benéfica como explica a cardiologista, “cada vez mais o ensino é global e para tal temos que atingir pessoas que estão bastante longe; no caso destes dois médicos do Iraque, um está em Inglaterra e disponibilizou-se para vir cá regularmente e o outro vem mesmo para cá viver para fazer o Mestrado”. Não sendo esse ainda o cenário, a coordenadora do Mestrado acredita que “apesar do Mestrado não ser ainda todo online, consegue-se assim alargar cada vez mais o número de candidatos estrangeiros.

Foi enquanto Diretor da Faculdade de Medicina que Fausto J. Pinto deu as boas-vindas a todos aqueles que assistiram ao lançamento deste Mestrado. Mas sem dúvida que o seu papel de Diretor do Serviço de Cardiologia e do Departamento de Coração e Vasos do Centro Hospitalar Lisboa Norte não lhe nega o orgulho da vasta procura nesta área de formação.

mulher de máscara e homem de bata e máscara de pé

Fomos dar rosto a alguns dos elementos que integrarão esta nova equipa estudantes de Mestrado e esta é a prova da sua atual interdisciplinaridade.

mulher de máscara sentada num auditório

Vanda Dias é enfermeira na Arábia Saudita e regressou a Portugal por consequência da pandemia. Está ligada à cirurgia cardíaca e trabalha habitualmente nos Cuidados Intensivos. Queria abraçar um projeto de Reabilitação, mas percebeu que, não só não estava pessoalmente habilitada para desenvolver um Programa, como a própria Arábia Saudita não tinha essa área desenvolvida. “Era preciso uma boa estrutura para iniciar este projeto, por isso, pesquisei o que havia sobre Reabilitação e encontrei este Mestrado. E assim regressei ao meu país”. Neste momento se puder dar continuidade a um projeto de Reabilitação em Portugal  é o que prefere, senão sabe que as portas na Arábia Saudita se mantêm abertas para si. A arrancar com o transplante cardíaco na Arábia Saudita, Vanda Dias sabe que o conhecimento adquirido neste Mestrado será uma mais-valia para a sua vida profissional, integrada num grupo já existente, ou desenvolvendo o seu próprio projeto. Motivação não lhe falta, assumindo que é conhecimento que a move e não a ascensão hierárquica.

Homem de máscara sentado num auditório

 

Hélio Bragança é formado em Fisioterapia desde 2017, tendo feito sempre carreira enquanto militar da marinha e desde os seus 18 anos. A motivação parece-lhe clara, “sendo as doenças cardiovasculares aquelas que mais matam, resolvi tirar este Mestrado para aperfeiçoar aquilo que já é a minha formação”. No horizonte não está descartada a hipótese de juntar à paixão pela vida militar a fisioterapia integrada num programa que cuide do coração. Preocupado na prevenção, Hélio Bragança sabe que é fundamental a forma como se cuidam dos doentes com incidência cardiovascular, mas para tal, há que ter mais conhecimento, até para abrir novas portas de oportunidade para a sua própria carreira.

O Mestrado em Reabilitação Cardiovascular assume-se assim como mais um pilar na construção desta especificidade profissional e da investigação científica nesta área.