O mundo está cada vez mais urbanizado e as cidades do futuro necessitam de estar centradas nas pessoas. Um conhecimento aprofundado sobre os processos biológicos e psicológicos associados à influência que o planeamento e desenho urbano têm no comportamento humano e nos circuitos cerebrais será essencial para desenvolver políticas de saúde urbana. As emoções são fatores-chave nas nossas decisões; da mesma forma, as nossas decisões influenciam o nosso bem-estar e saúde.
Financiado no âmbito do programa Horizonte 2020 da Comissão Europeia, o eMOTIONAL Cities é um projeto com a duração de 48 meses desenvolvido para caracterizar a intensidade e complexidade dos desafios e desigualdades associados à saúde urbana – em particular na área da saúde mental. É um projeto co-coordenado pelo Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT) e pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), que inclui ainda um conjunto de 12 parceiros internacionais de renome. Teve o seu início em março de 2021 e tem um orçamento total de 5 milhões de euros.
Através de uma abordagem sistemática, centrada em casos de estudo e baseada em experiências e problemas reais das cidades, o eMOTIONAL Cities irá fornecer evidência científica sobre como o ambiente urbano molda o processamento emocional e cognitivo do ser humano, incorporando elementos como a idade, género e grupos vulneráveis – tais como sujeitos idosos com defeito cognitivo ligeiro.
O projeto faz ainda parte do cluster para a saúde urbana da Comissão Europeia, tendo o projeto um papel de coordenação nos grupos de trabalho sobre: Determinantes de saúde e intervenções urbanas (WG2); e Desafios urbanos e epidemias (WG4).
A FMUL é a principal responsável por estabelecer pontes entre o planeamento urbano e as neurociências (básicas e clínicas), sendo líder do plano de trabalhos (WP) que envolve experiências de neurociências (WP5). Estas experiências vão acontecer quer em laboratório, quer no espaço público urbano de três cidades europeias (Lisboa, Copenhaga e Londres) e uma americana (East Lansing). Por um lado, serão utilizadas técnicas avançadas para o estudo do cérebro humano como a ressonância magnética funcional e a eletroencefalografia de alta-definição. Por outro, através de experiências ao ar-livre, o eMOTIONAL Cities irá convidar voluntários adultos a realizar trajetórias em ambiente urbano como se estivessem num dia normal de trabalho. Durante as suas interações com o ambiente, será recolhida informação espacial, ambiental, comportamental, fisiológica e neurobiológica.
Para além disso, a equipa da FMUL também terá uma importante contribuição nas restantes atividades do projeto: tendo um papel de co-coordenador na gestão do projeto (WP1); sendo líder numa revisão da literatura sobre o uso das neurociências no planeamento e desenho urbano (WP2); no desenvolvimento dos requisitos de privacidade e gestão de dados clínicos e outros subsequentes à experimentação (WP3); dando suporte com informação clínica e de neurociências relevante para a avaliação geográfica das cidades em estudo (WP4); na análise da evidência científica sobre as características urbanas que afetam particularmente os grupos mais vulneráveis (WP6); coordenando a especificação dos estudos de caso importantes para a plataforma de descoberta de cenários e para as propostas de políticas baseadas na evidência (WP7); e na disseminação e comunicação junto das comunidades de neurociências e médicas (WP8).
Para saber mais informações sobre o projeto ou caso tenha interesse em contribuir com a sua participação em experiências, não hesite em contactar.