eMOTIONAL Cities

O mundo está cada vez mais urbanizado e as cidades do futuro necessitam de estar centradas nas pessoas. Um conhecimento aprofundado sobre os processos biológicos e psicológicos associados à influência que o planeamento e desenho urbano têm no comportamento humano e nos circuitos cerebrais será essencial para desenvolver políticas de saúde urbana. As emoções são fatores-chave nas nossas decisões; da mesma forma, as nossas decisões influenciam o nosso bem-estar e saúde.

Financiado no âmbito do programa Horizonte 2020 da Comissão Europeia, o eMOTIONAL Cities é um projeto com a duração de 48 meses desenvolvido para caracterizar a intensidade e complexidade dos desafios e desigualdades associados à saúde urbana – em particular na área da saúde mental. É um projeto co-coordenado pelo Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT) e pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), que inclui ainda um conjunto de 12 parceiros internacionais de renome. Teve o seu início em março de 2021 e tem um orçamento total de 5 milhões de euros.

Através de uma abordagem sistemática, centrada em casos de estudo e baseada em experiências e problemas reais das cidades, o eMOTIONAL Cities irá fornecer evidência científica sobre como o ambiente urbano molda o processamento emocional e cognitivo do ser humano, incorporando elementos como a idade, género e grupos vulneráveis – tais como sujeitos idosos com defeito cognitivo ligeiro.

O projeto faz ainda parte do cluster para a saúde urbana da Comissão Europeia, tendo o projeto um papel de coordenação nos grupos de trabalho sobre: Determinantes de saúde e intervenções urbanas (WG2); e Desafios urbanos e epidemias (WG4).

 

Alexandre de Mendonça formou-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em 1982, obteve o título de Especialista em Neurologia em 1991, e doutorou-se em Medicina (Neurologia) da Universidade de Lisboa em 1995 tendo realizado o grau de "Agregação" em Medicina (Neurologia) pela Universidade de Lisboa em 2001. Atualmente é Investigador Principal na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. As suas principais áreas de pesquisa científica são o declínio cognitivo do envelhecimento e da base neurofisiológica para a memória. Participou e coordenou projetos de investigação em neurociências básicas, bem como ensaios clínicos na demência e defeito cognitivo ligeiro, e é autor de 90 publicações em revistas internacionais sujeitas a revisão por pares. O Professor Alexandre de Mendonça é membro da Comissão Científica Associação de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer, da Comissão Científica da Sociedade Portuguesa de Neurologia, da Comissão de Ética para a Investigação Clínica e é o coordenador do Centro Lisboa do Consórcio Europeu da Doença de Alzheimer.

Diego Mora recebeu o diploma de Engenheiro Eletrotécnico pela Universidad Industrial de Santander (UIS, Bucaramanga, Colômbia), trabalhando na Deteção de Carcinoma da Glândula Mamária por Termografia Infravermelha. Fez o Mestrado e o Doutoramento no Instituto Nacional de Astrofísica, Óptica y Electrónica (INAOE, Puebla, México) tendo recebido a bolsa de excelência atribuída pelo CONACyT, em ambos os programas académicos. Durante o seu mestrado, trabalhou no Projeto de Circuitos Integrados de Leitura para Microbolômetros. Obteve o título de Doutor em Ciências em 2017 investigando a deteção de dor em indivíduos saudáveis através da análise de EEG orientada para pacientes não comunicativos, com um estágio no COMA Science Group (Liège, Bélgica). Fez trabalho de Pós-Doutoramento como Investigador Júnior na Universidade da Madeira e no M-ITI, trabalhando em Reabilitação Motora, usando interface cérebro-computador (BCI) e realidade virtual (VR) em doentes com Acidente Vascular Cerebral (AVC). Além disso, foi premiado como investigador convidado no programa Bijzonder Onderzoeksfonds (BOF) em Hasselt Universiteit e no grupo REVAL em 2018 e 2021 para estudar o efeito da estimulação elétrica transcraniana (tES) no treino de imagem motora (MI BCI).

Leonardo Ancora obteve o seu mestrado em Economia, Finanças Internacionais e Gestão de Risco (2015) na Universidade de Roma “La Sapienza”. O seu trabalho de graduação consistiu num modelo que utiliza redes neurais artificiais para prever as cotações das ações no mercado financeiro (Eni e Luxottica), em colaboração com o centro de investigação Semeion de Roma, com a supervisão do professor Massimo Buscema. Após essa formação, colaborou em diversos projetos na área de estratégia de tecnologia, trabalhando como consultor profissional para Blue Consulting (2016) e Deloitte Consulting (2017). Inicialmente, as suas actividades foram direcionadas à implementação de políticas de segurança, análise de risco e governação de processos para uma empresa de seguros; posteriormente, esteve envolvido nas atividades de gestão de procura para a maior empresa de telecomunicações a operar em Itália. Por fim, iniciou a sua experiência em Lisboa pela Bold International (2018) trabalhando no departamento de inteligência artificial (IA) de um dos maiores bancos da Europa. Aqui participou na implementação de automação de processos (RPA) para operações de back-office, criação de estruturas para relatórios automatizados usando a tecnologia de Natural Language Generation (NLG) e desenvolveu um chatbot baseado em IA para toda a organização. Obteve a certificação IBM AI e Data Science (2020), trabalhando num projeto final para localizar uma atividade empresarial na cidade de Roma, levando em consideração o número de locais de interesse, custos de aluguer e locais próximos. Além disso, os seus interesses incluem as aplicações de machine learning (ML) no setor da saúde: um de seus trabalhos mais importantes foi o desenvolvimento de um modelo baseado em ML que pudesse prever a eficácia e o risco de eventos adversos de tratamentos para pacientes com cancro da próstata (2021). Leonardo foi empurrado pela sua curiosidade e vontade de aprender na descoberta em inovar por intermédio da tecnologia.

A Marta Conceição concluiu o Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica (2019) no Instituto Superior Técnico - Universidade de Lisboa. No decorrer do mesmo, obteve conhecimentos nas áreas de imagiologia médica, aprendizagem automática, aquisição e processamento de sinal e imagem, desenvolvendo a sua dissertação de Mestrado no âmbito do diagnóstico assistido por computador da doença de Alzheimer, com recurso a imagens FDG-PET do cérebro. Após a sua graduação, a Marta começou a sua carreira profissional em ciência de dados; trabalhou na indústria durante 2 anos, durante os quais teve a oportunidade de aprender e desenvolver as suas competências em ciência de dados e aprendizagem automática. Então, tendo a possibilidade de combinar essas técnicas com os seus interesses no ramo da engenharia biomédica, tais como neurociências e doenças neurodegenerativas, imagiologia médica, realidade virtual e reconhecimento de emoção, a Marta ingressou novamente no meio académico. Juntou-se ao projeto eMOTIONAL cities como assistente de investigação em Maio de 2021, na Faculdade de Medicina - Universidade de Lisboa, onde procura também prosseguir com o programa de Doutoramento do CAML, com especialização em Neurociências.

Bruno Miranda obteve o grau de Medicina (2006) na Universidade de Lisboa e o seu doutoramento (2016) em Neurociências na University College of London (e como parte do Programa Internacional de Doutoramento em Neurociência na Fundação Champalimaud). O seu trabalho de graduação foi sobre os modelos computacionais e assinaturas neurais para diferentes estratégias de aprendizagem de reforço que podem ser usadas para orientar a tomada de decisões, sob a supervisão do Doutor Steven Kennerley e do Professor Peter Dayan (Prémio Cérebro 2017). Do ponto de vista clínico obteve o título de Especialista em Neurologia (2019) e realizou formação aprofundada em competências de investigação epidemiológicas e orientadas para o doente. A sua investigação clínica tem sido centrada na cognição e neurofisiologia em doenças neurodegenerativas e cerebrovasculares. Atualmente, é Investigador Júnior e Professor Auxiliar na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa; e investigador no Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes. O seu trabalho de investigação atual centra-se na forma como os princípios básicos do comportamento dirigido pelo objetivo humano e dos modelos de tomada de decisão podem fornecer explicações mecanísticas para interações humana-ambiental e manifestações neuropsiquiátricas (caracterizadas por falhas na aprendizagem ou atuação baseadas em modelos do ambiente). Além disso, os seus interesses incluem colaborações transdisciplinares e aplicações de tais princípios neurobiológicos para outras áreas, como o planeamento urbano (ou neurourbanismo) e a arquitetura (neuroarquiatria). Os métodos experimentais utilizados para abordar estas questões de investigação incluem análise comportamental detalhada (por exemplo, biomonitorização e saúde digital), modelação computacional, bem como técnicas de neurofisiologia e neuroimagem.

Fausto José da Conceição Alexandre Pinto nasceu em 3 de Novembro de 1960, em Santarém.  Frequentou a Faculdade de Medicina da Universidade Clássica de Lisboa nos anos letivos de 1978-1984, tendo concluído a sua licenciatura em 1984 com a classificação final de 18 valores.
Especialidade de Cardiologia (Hospital de Santa Maria e Stanford University Medical Center, USA). Em 1992 fez o Concurso de Saída do Internato Complementar de Cardiologia, tendo obtido a classificação final de 19,9 valores. Especialista de Cardiologia pela Ordem dos Médicos desde 4/7/92. Assistente Graduado Senior de Cardiologia do CHULN.
Em Dezembro de 1993 Doutoramento em Medicina (Cardiologia) na Faculdade de Medicina de Lisboa, Universidade de Lisboa com a dissertação: Ultrassonografia Intracoronária no Estudo da Doença Coronária - O Modelo do Coração Transplantado.  Em 1997 realizou provas de Agregação em Cardiologia, tendo como lição de síntese “Evolução e Impacto da Ultrassonografia aplicada ao estudo do coração”.
Diretor do Serviço de Cardiologia (desde 2014) e do Departamento de Coração e Vasos (desde 2016) do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN).
Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) (2015-2022).
Presidente do Conselho Directivo do Centro Académico de Medicina de Lisboa (CAML) (2019-2021).
Professor Catedrático de Medicina/Cardiologia da FMUL desde 2010.
Presidente da World Heart Federation (WHF) (2021-2022).
Presidente da European Society of Cardiology (ESC) (2014-2016).
Presidente do Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP) (2019-2020).
Fundador e Primeiro Presidente do Conselho Executivo da Rede de Cooperação das Escolas de Lingua Portuguesa (CODEM-LP) (2019)
Presidente do Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa (CCUL) desde 2013.
Presidente e Fundador da European Association of Echocardiography (EAE) (2002-04), atualmente EACVI (European Association of Cardiovascular Imaging)
Fellow e Medalha de Ouro da ESC (FESC), American College of Cardiology (FACC), American Society of Echocardiography (FASE), European Association of Cardiovascular Imaging (FEACVI), Society of Cardiovascular Angiography and Intervention (FSCAI), American Society of Angiology (FASA), membro titular da Academia Portuguesa de Medicina (cadeira XXXV), membro honorário de múltiplas organizações internacionais:  Academia Nacional de Medicina do Brasil, Academia de Medicina da Bahia, Czech Cardiology Society, Colombian Society of Cardiology, Hungarian Society of Cardiology, Japanese Circulation Society, Societé Française de Cardiologie, Societá Italiana di Ecografia Cardiovasculare, Peruvian Society of Cardiology, Romanian Society of Cardiology, Romanian Academy of Medical Sciences, Russian Society of Cardiology, Slovakian Society of Cardiology, Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Recebeu várias distinções de várias instituições científicas na Arábia Saudita, Brasil, Bulgaria, Cazaquistão, China, Colombia, Cuba, Eslováquia, Espanha, França, Hong Kong, Hungria, India, Israel, Itália, Japão, Macau, Malta, Peru, Portugal, Roménia, Sérvia, Russia, Ucrania, USA.
Membro do Editorial Board de múltiplas revistas científicas nacionais e internacionais.
Áreas profissionais de interesse: Imagiologia cardiovascular, em particular ultrassonografia, tendo sido pioneiro no uso da ultrassonografia intravascular no estudo do coração transplantado; Cardiopatia isquémica; Cardiologia de Intervenção; Insuficiência Cardíaca; Anticoagulação, Cardiologia Digital.
Publicou mais de 600 artigos científicos (h=58) e participou em mais de 2000 conferências nacionais e, sobretudo, internacionais.

Mamede de Carvalho is the full Professor of Physiology at Lisbon School of Medicine, Director from the Institute of Physiology and Group Leader of the Institute of Molecular Medicine.  He works in the Neuroscience Department of the Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte- Hospital de Santa Maria, in Lisbon as senior consultant of neurology (neuromuscular disorders) and neurophysiology..His scientific activity mainly involves Amyotrophic Lateral Sclerosis, Familial Amyloid Polyneuropathy, Neurophysiology of the Respiratory Muscles, Magnetic Stimulation and Direct Current Stimulation. He has more than 450 papers published in International journals. He is in the editorial board of several scientific journals, serving as associated editor in some. 
He served for 4 years as member at large of the International Federation of Clinical Neurophysiology and President of the International Clinical Neurophysiology Society. He was awarded with the Robert Schwalbe Prize of the American Association of Clinical Neurophysiology, the Forbes Norris Award of the International Alliance for ALS/MND and the Bial Prize. 

A FMUL é a principal responsável por estabelecer pontes entre o planeamento urbano e as neurociências (básicas e clínicas), sendo líder do plano de trabalhos (WP) que envolve experiências de neurociências (WP5). Estas experiências vão acontecer quer em laboratório, quer no espaço público urbano de três cidades europeias (Lisboa, Copenhaga e Londres) e uma americana (East Lansing). Por um lado, serão utilizadas técnicas avançadas para o estudo do cérebro humano como a ressonância magnética funcional e a eletroencefalografia de alta-definição. Por outro, através de experiências ao ar-livre, o eMOTIONAL Cities irá convidar voluntários adultos a realizar trajetórias em ambiente urbano como se estivessem num dia normal de trabalho. Durante as suas interações com o ambiente, será recolhida informação espacial, ambiental, comportamental, fisiológica e neurobiológica.

Para além disso, a equipa da FMUL também terá uma importante contribuição nas restantes atividades do projeto: tendo um papel de co-coordenador na gestão do projeto (WP1); sendo líder numa revisão da literatura sobre o uso das neurociências no planeamento e desenho urbano (WP2); no desenvolvimento dos requisitos de privacidade e gestão de dados clínicos e outros subsequentes à experimentação (WP3); dando suporte com informação clínica e de neurociências relevante para a avaliação geográfica das cidades em estudo (WP4); na análise da evidência científica sobre as características urbanas que afetam particularmente os grupos mais vulneráveis (WP6); coordenando a especificação dos estudos de caso importantes para a plataforma de descoberta de cenários e para as propostas de políticas baseadas na evidência (WP7); e na disseminação e comunicação junto das comunidades de neurociências e médicas (WP8).

 

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