A 30 de janeiro de 2020 o Comité de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional declarou a COVID-19 como Emergência de Saúde Pública de Âmbito Internacional.
A 11 de Março de 2020 a Organização Mundial de Saúde declarou a COVID-19 como uma pandemia, tornando-se imperiosa a previsão de medidas para assegurar o tratamento da mesma, através de um regime adequado a esta realidade, que permita estabelecer medidas excecionais e temporárias de resposta à pandemia.
No dia 18 de março de 2020 foi decretado o estado de emergência em Portugal, através do Decreto do Presidente da República n.º 14-A/2020.
A implementação constante, sistemática e rigorosa de prevenção e controlo de infeção é a estratégia essencial para evitar aglomerados e interromper a cadeia de transmissão.
Desta feita, a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) procurou enquadrar uma resposta adequada para que fossem adotadas medidas de prevenção, deteção e encaminhamento de possíveis casos de contaminação, devidamente enquadrado com o plano de contingência definido pela FMUL, sendo que as tomadas de decisão e procedimentos definidos enquadraram-se nas informações divulgadas pelas entidades oficiais, nomeadamente o Ministério da Saúde e a Direção Geral da Saúde.
A Licenciatura em Ciências da Nutrição (LCN) desde o primeiro minuto que proactivamente desencadeou todos os procedimentos para assegurar que o ensino não ficasse comprometido, e que todo o impacto decorrente da implementação das medidas de prevenção pudesse ser o melhor ajustado possível ao desenvolvimento de competências dos estudantes no decurso da aquisição do conhecimento. À data, encontrava-se a decorrer o 1º e 2º ano académico de LCN.
De forma objetiva, a 10 de março de 2020 entrou em vigor na FMUL a suspensão de todas as atividades letivas presenciais; a 11 de março de 2020 a FMUL começou um programa ambicioso de ensino a distância através de aulas por videoconferência e até final do período de escolaridade do semestre (29 de maio de 2020) os estudantes de LCN demonstraram um comportamento exemplar com a presença constante ao novo programa de ensino a distância revelando não confundir suspensão de aulas presenciais com cancelamento do ensino ou férias.
Chegado o final do 2º semestre 2019-2020 e a continuidade do estado pandémico no país, urgiu a necessidade de continuar o trabalho e projetar o ano letivo que se aproximava a passos largos e no qual se iria iniciar a implementação do 3º ano de LCN (2020-2021).
A coordenação da LCN, dadas as particularidades de LCN e face à realidade substancialmente distinta do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) no que respeita ao número de estudantes por turma, idealizou o planeamento para a retoma de um ensino totalmente presencial, salvaguardando todas as medidas necessárias de higiene, etiqueta respiratória e distanciamento físico exigidas pelas autoridades competentes. Esta decisão teve também por base a avaliação da satisfação e do ensino-aprendizagem dos estudantes de LCN face ao modelo instituído no 2º semestre de 2019-2020 e o facto de se ir iniciar o 3º ano académico com unidades curriculares (UC) fundamentais ao desenvolvimento de competências práticas dos estudantes.
O modelo de retoma ao ensino totalmente presencial foi implementado, sendo que em novembro de 2020 o ensino teórico retomou para o modelo de ensino a distância dada a evolução do número de novos caso em Portugal.
Em janeiro de 2021, quando a LCN se encontrava a iniciar a época de exames referente ao 1º semestre, é decretado um novo confinamento geral. Sequentemente, de acordo com o Despacho 7/2021 do Diretor da FMUL, a avaliação de conhecimentos do 1º semestre foi adiada até que a situação epidemiológica permitisse a realização dos exames em formato presencial. O calendário letivo foi reformulado de modo a permitir o adiamento das avaliações relativas ao primeiro semestre e o início das atividades letivas do 2º semestre foi antecipado para o dia 1 de fevereiro de 2021, quando estava previsto para o início do mês seguinte.
Uma vez mais, em pouco mais de uma semana, todo o corpo docente, não docente e discente se mobilizou para garantir que em 1 de fevereiro estavam reunidas todas as condições para dar início à componente letiva do 2º semestre. Assim aconteceu, num conjunto herculano de esforços foi possível implementar um modelo de ensino totalmente a distância com um novo ano curricular a decorrer (3º ano) que assim se manteve até a retoma das aulas práticas presenciais a 19 de abril, dada a evolução epidemiológica do país e as fases de desconfinamento decretadas pelo Governo.
Com altos e baixos, avanços e retrocessos na situação epidemiológica mundial, nacional e local, termino citando as palavras do Presidente do Conselho Pedagógico da FMUL em setembro de 2020 “Nós conseguimos montar um programa curricular em horas, fomos consequentes com o desenho que delineámos, obviamente não podemos comentar se com grande sucesso ou insucesso do ponto de vista pedagógico, mas tivemos o mérito de ter um programa desenhado, delineado, e que foi implementado de forma rigorosa e, obviamente, que comparativamente com outras escolas médicas e até outras faculdades de outras áreas, seguramente com um nível de organização que me deixa muito orgulhoso”, e acrescento dizendo que acredito que este período nos permitiu germinar boas sementes para repensarmos o ensino superior e a sua diferenciação com base em modelos e métodos de ensino inovadores e centrados no estudante.
Joana Sousa
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