O ano de 2015 ficará na história como o ano da definição da Agenda 2030. A 1 de janeiro de 2016 entrou em vigor a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) intitulada “Transformar o nosso mundo: Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável”, constituída por 17 objetivos, desdobrados em 169 metas, aprovada pelos líderes mundiais, a 25 de setembro de 2015, numa cimeira memorável na sede da ONU, em Nova Iorque (EUA). Esta agenda define os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) pensados a partir do sucesso dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). Pretendem ir mais longe para acabar com todas as formas de pobreza e são fruto do trabalho conjunto de governos e cidadãos de todo o mundo. A Agenda 2030 é uma agenda alargada e ambiciosa que aborda várias dimensões do desenvolvimento sustentável (social, económico, ambiental) e que promove a paz, a justiça e a eficácia das instituições. Os 17 ODS da Agenda 2030 baseiam-se numa visão comum para a Humanidade, um compromisso entre líderes mundiais e a população e refletem uma lista do que há a fazer para bem da população e do planeta.
No que toca à sustentabilidade alimentar, é fundamental que cada um, de forma individual, invista 5 minutos da sua vida para parar e pensar de onde vêm os alimentos que comemos todos os dias. Pensarmos de que forma as nossas escolhas alimentares vão necessariamente impactar no meio ambiente e, assim, afetar a vida de todos e do planeta. Para conseguirmos alcançar os 17 ODS é fundamental pensarmos num sistema alimentar todo ele sustentável. De forma global, o sistema alimentar direta ou indiretamente impactua em qualquer um dos ODS. Neste âmbito, em 2020, a União Europeia, através da “Estratégia do prado ao prato” pretendeu construir um sistema alimentar sustentável na União Europeia (UE) que salvaguarde a segurança alimentar e proteja as pessoas e o ambiente.
O abastecimento de alimentação constitui uma das grandes funções da economia e da sociedade. Para ela contribuem múltiplos agentes, organizações e recursos, constituintes de um grande sistema sociotécnico - o sistema alimentar. Como os outros grandes sistemas sociotécnicos, o sistema alimentar enfrenta o desafio de se tornar ambientalmente sustentável, reduzindo os efeitos negativos sobre o ambiente e a biodiversidade.
A forma como os alimentos são atualmente produzidos, processados, distribuídos e consumidos tem implicações evidentes na sustentabilidade do planeta, em particular no ambiente, economia e saúde humana. A transformação dos sistemas alimentares é reconhecida como uma ação global determinante para a mitigação das alterações climáticas estando no coração dos ODS.
É emergente que o cidadão se alinhe com os enormes desafios para a sustentabilidade do planeta, contribuindo para tomadas de decisão no sentido da sustentabilidade e resolução de problemas complexos.
A emergência de um sistema alimentar sustentável tem de ser apoiada pela ação pública em diferentes domínios (agricultura e desenvolvimento rural, alimentação, ordenamento territorial, biodiversidade). A implementação das políticas públicas envolvidas nestes domínios deve ser feita de forma integrada e coerente tendo em vista a mudança do sistema alimentar. Neste sentido e numa perspetiva de transpor a teoria e a evidência científica em estratégias úteis para a sociedade e para o consumidor em geral, o Laboratório de Nutrição (LN) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa publicou a 16 de outubro de 2022 para celebrar o Dia Mundial da Alimentação o e-book “Sustentabilidade Alimentar: da teoria à ação”. Este e-book apresenta, com base na evidência científica mais atual, estratégias práticas que vão permitir melhorar a literacia nesta área e auxiliar o consumidor a tomar medidas no seu dia-a-dia com o fito final de adotar um comportamento alimentar saudável, equilibrado e sustentável com o propósito de contribuir para um sistema alimentar sustentável, alinhado com o seu contributo para a maioria dos 17 ODS da Agenda 2030.
Desta forma o LN mantém o mote de informar com rigor científico e ajustado a toda a população, sempre numa perspetiva de aumentar a literacia para escolhas alimentares ajustadas.
Cada vez mais se coloca em agenda a sustentabilidade dos sistemas alimentares, e que estratégias e prioridades podem contribuir.
Como reduzir o desperdício alimentar no planeamento de refeições e na ida às compras ou na confeção dos alimentos e refeições? Pegada ecológica no momento da aquisição dos alimentos: o que é e como contornar?; Sazonalidade alimentar: que preocupações?; Alimentos do futuro” podem ser alternativa? são alguns dos temas que poderá ver respondidos com esta leitura.
Ficou curioso? Estas são apenas algumas das questões às quais pode encontrar resposta no e-book.
Joana Sousa