Reportagem / Perfil
Quem é o novo Presidente da AEFML?
José António Jacinto Rodrigues, natural da cidade da Guarda, chegou a Lisboa em 2015 para estudar no Mestrado Integrado em Medicina. A 12 de Junho de 2019, é eleito Presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa. Confessa-nos que para esta posição não existe propriamente um guião. Ainda a atravessar uma fase de transição e adaptação ao novo cargo, José Rodrigues (JR) não se inibe de partilhar connosco alguns pormenores mais pessoais: o gosto pela leitura, pelo desporto, mais concretamente futebol, e recentemente ténis. Por vezes, abre até uma garrafa de vinho no terraço com os amigos, mas garante: “sempre com moderação!”. Foi o interesse pela biologia que o fez escolher Medicina, mas é a generosidade inerente à profissão que o mantém interessado.
De sorriso fácil e modos amistosos, recebe-nos na sala de reuniões da Associação de Estudantes para uma entrevista franca e esclarecedora no que toca aos próximos passos da nova Direção da AEFML.
Q: Começo a nossa entrevista com uma simples pergunta: Preparado?
JR: Acho que nunca se está preparado, vai-se aprendendo. Estes cargos são sempre lugares temporalmente curtos, onde cada dia é um novo desafio que deve ser superado em conjunto com todas as pessoas envolvidas: dirigentes, colaboradores, pares, etc.
Q: Na tentativa de saber um pouco mais sobre ti, é possível partilhares connosco porque é que seguiste o Curso de Medicina? Foi sempre a tua preferência?
JR: Por acaso é engraçado, porque ontem saiu uma notícia sobre o exame de Filosofia e eu lembrei-me que no meu 12º ano, inscrevi-me no exame de Filosofia porque não sabia o que queria fazer. Houve ali uma altura em que andei balançado entre Medicina, Direito e Economia.
Q: Todas elas áreas de peso. Eras assim tão bom aluno que te permitisse toda essa indecisão? (Risos)
JR: Efetivamente, como todos os que entram em Medicina, era muito bom aluno. Na altura da tomada de decisão, acabei por optar por Medicina, até porque estava mais relacionado com a minha disciplina de eleição: Biologia. Por outro lado, Medicina permite-me estar mais próximo das pessoas, é inclusivamente uma das características da profissão que mais me seduz, o contacto com o doente.
Q: Como é que pretendes conciliar a Direção da AEFML com o curso?
JR: Conciliar a Associação de Estudantes com o Curso é um exercício cada vez mais exigente. Desde 2016 que estou na AEFML e ao longo destes 3 anos sempre assumi diferentes responsabilidades, que variaram de mandato para mandato. Este ano será o topo da pirâmide. Esta é uma posição para a qual não existe um guião, vai-se aprendendo, vai-se gerindo e crescendo diariamente. Desde que tomei posse (há uma semana) já tive dois exames e tem sido um desafio aritmético conseguir conciliar os estudos com as exigências da Direção da AEFML. Nunca me posso esquecer que existem serviços e pessoas que dependem da nossa decisão e presença. Entre nós, na Associação, temos o hábito de dizer muitas vezes: “Nós somos dirigentes da AEFML, porque somos estudantes de Medicina. Não somos estudantes de Medicina, porque somos dirigentes.” (Risos), ou seja, o curso deverá ser sempre a prioridade, não descurando nunca a AEFML.
Q: Relativamente à equipa que te acompanha, sentes-te totalmente apoiado pelos teus colegas?
JR: Construir uma equipa é uma tarefa exigente, mas desafiante, que implica ter alguma visão e capacidade de planeamento. No final, os 29 elementos têm de representar todo o universo de estudantes da Faculdade, desde o 1º ano de curso ao último. Em Medicina, excluímos o 6º porque, efetivamente, está numa fase diferente. Temos de construir uma equipa de acordo com as suas competências, capacidade de execução e versatilidade, pois queremos elementos capazes de dar resposta a qualquer situação emergente e, sobretudo, representar um perfil de dirigente associativo que definimos a priori.
Q: E relativamente aos vossos planos aqui na AEFML? Quais são as vossas ambições futuras? De que forma irão representar os estudantes de Medicina?
JR: A AEFML é uma estrutura ímpar e consolidada, uma frase que inclusivamente proferi na tomada de posse. A linha mestre está muito bem definida. Consiste em prosseguir o que tem sido feito nestes últimos anos de crescimento e consolidação. Pretendemos continuar de forma exemplar. Em termos mais conceptuais, temos um objetivo master para este mandato que é a criação de um novo departamento inteiramente dedicado à política educativa, e que se preocupe com temas não afetos apenas à educação médica, mas também às questões das bolsas, ação social, alojamento, pedagogia, etc.
Q: De que forma é que esse novo departamento irá ao encontro dos interesses dos estudantes de Medicina?
JR: Este departamento prevê 2 vertentes, que apesar de díspares são complementares. Por um lado, ficará responsável por ações de esclarecimentos e informação com o objetivo de envolver ainda mais todos os estudantes da Faculdade. A outra frente de ataque está relacionada com a necessidade de nos fazermos representar a nível externo e conseguir veicular as ideias e interesses dos nossos estudantes aos principais players do ensino superior, refiro-me aos Serviços de Ação Social, Direção Geral do Ensino Superior, ou até mesmo aos Ministérios da Educação e Saúde, entre outros.
Q: Creio que estejam ainda a atravessar uma fase de transição, afinal de contas, passou apenas uma semana desde a tomada de posse. Porém, és já capaz de enumerar aquelas que serão as vossas “frentes de ataque”?
JR: Claro. Uma das coisas nas quais já estamos a trabalhar é a implementação dos estatutos do estudante-atleta. É uma discussão que tem vindo a decorrer e que acreditamos conseguir efetivar aqui na nossa academia. Depois, em relação a outros temas, pretendemos dar maior destaque à questão da sustentabilidade ambiental. Neste campo, o objetivo será, numa primeira fase, consciencializar quem gere os espaços do nosso Campus e criar mais ecopontos. Também, junto dos estudantes pretendemos desenvolver ações de sensibilização para a diminuição da produção de lixo ou material que não será reutilizado/reaproveitado nas diferentes atividades.
Estamos ainda a proceder à conclusão do plano de atividades. Este englobará melhorar alguns dos nossos espaços, existem inclusivamente várias situações identificadas e nas quais iremos trabalhar, tais como a sala Prof. Eduardo Coelho ou a sala do Centenário, entre outros espaços que merecem a nossa especial atenção ao nível de manutenção.
Q: José, podemos concluir que o mote da AEFML continua a ser o apoio aos estudantes. Confirma-lo?
JR: Sim. Sim. Confirmo e subscrevo, e de megafone, se for necessário (Risos). A defesa dos estudantes sempre foi a nossa missão.
Noutro âmbito não referido, queremos ainda aproximar os estudantes da comunidade através de voluntariado ou ações na sociedade. Se pensarmos na profissão médica, esta é caracterizada por uma enorme generosidade, na ótica do serviço que se presta à comunidade. Com este tipo de atividades queremos beneficiar dois tipos de público-alvo: os estudantes, com a introdução de ações que enriqueçam o seu currículo e a sua experiência e a sociedade através da formação para a Saúde que recebe.
Q: Ao longo da nossa conversa, evidencias sempre a importância de relacionar a AEFML com a sociedade, bem como com outros órgãos externos à Faculdade. Para todas essas “batalhas” que se perspetivam, será necessário coesão e foco por parte da tua equipa. Tudo isto leva-me a crer que tencionas delegar funções e responsabilidades, certo?
JR: Não tenho qualquer problema em delegar, até porque o projeto AEFML seria totalmente inatingível se não o fizesse. Na minha opinião, a existência de uma equipa só faz sentido se for possível delegar e se cada um assumir as suas responsabilidades. Nunca tive nenhuma dificuldade em fazer o exercício de analisar quem será a melhor pessoa para desempenhar determinada tarefa, até porque há inúmeros temas sobre os quais eu não sou a pessoa que mais sabe sobre eles. Delegar é fundamental, mas é igualmente importante fazer-se o acompanhamento, através do agendamento de pontos de situação. Tenho para mim que a melhor metodologia para o sucesso de uma Direção é precisamente delegar e acompanhar o desenvolvimento dos projetos.
Q: Consideras-te uma pessoa muito interventiva?
JR: Sim. Sempre senti um forte apelo cívico e sempre fui exposto a muitas discussões, quer em casa, quer no seio do meu grupo de amigos. Durante o ensino secundário, envolvi-me também na Associação de Estudantes e na Comissão de Finalistas, por exemplo. A defesa dos estudantes, a melhoria do ensino e das respetivas condições foram sempre grandes preocupações para mim. Aqui, na Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa, tenho a oportunidade de continuar o meu trabalho dentro do associativismo, mas numa escala muito maior.
Q: Fazes intenções de levar essa veia associativa para o teu futuro?
JR: Nunca pensei muito sobre isso e acho que também não faz muito sentido. Eu costumo pensar a minha vida por etapas e por agora, o meu foco é a AEFML. A próxima etapa, no 6º ano, será terminar a minha formação. Tudo o que possa surgir no futuro será bem-vindo, mas há coisas que ainda não consigo considerar no horizonte.
Isabel C. Varela
Euipa Editorial
De sorriso fácil e modos amistosos, recebe-nos na sala de reuniões da Associação de Estudantes para uma entrevista franca e esclarecedora no que toca aos próximos passos da nova Direção da AEFML.
Q: Começo a nossa entrevista com uma simples pergunta: Preparado?
JR: Acho que nunca se está preparado, vai-se aprendendo. Estes cargos são sempre lugares temporalmente curtos, onde cada dia é um novo desafio que deve ser superado em conjunto com todas as pessoas envolvidas: dirigentes, colaboradores, pares, etc.
Q: Na tentativa de saber um pouco mais sobre ti, é possível partilhares connosco porque é que seguiste o Curso de Medicina? Foi sempre a tua preferência?
JR: Por acaso é engraçado, porque ontem saiu uma notícia sobre o exame de Filosofia e eu lembrei-me que no meu 12º ano, inscrevi-me no exame de Filosofia porque não sabia o que queria fazer. Houve ali uma altura em que andei balançado entre Medicina, Direito e Economia.
Q: Todas elas áreas de peso. Eras assim tão bom aluno que te permitisse toda essa indecisão? (Risos)
JR: Efetivamente, como todos os que entram em Medicina, era muito bom aluno. Na altura da tomada de decisão, acabei por optar por Medicina, até porque estava mais relacionado com a minha disciplina de eleição: Biologia. Por outro lado, Medicina permite-me estar mais próximo das pessoas, é inclusivamente uma das características da profissão que mais me seduz, o contacto com o doente.
Q: Como é que pretendes conciliar a Direção da AEFML com o curso?
JR: Conciliar a Associação de Estudantes com o Curso é um exercício cada vez mais exigente. Desde 2016 que estou na AEFML e ao longo destes 3 anos sempre assumi diferentes responsabilidades, que variaram de mandato para mandato. Este ano será o topo da pirâmide. Esta é uma posição para a qual não existe um guião, vai-se aprendendo, vai-se gerindo e crescendo diariamente. Desde que tomei posse (há uma semana) já tive dois exames e tem sido um desafio aritmético conseguir conciliar os estudos com as exigências da Direção da AEFML. Nunca me posso esquecer que existem serviços e pessoas que dependem da nossa decisão e presença. Entre nós, na Associação, temos o hábito de dizer muitas vezes: “Nós somos dirigentes da AEFML, porque somos estudantes de Medicina. Não somos estudantes de Medicina, porque somos dirigentes.” (Risos), ou seja, o curso deverá ser sempre a prioridade, não descurando nunca a AEFML.
Q: Relativamente à equipa que te acompanha, sentes-te totalmente apoiado pelos teus colegas?
JR: Construir uma equipa é uma tarefa exigente, mas desafiante, que implica ter alguma visão e capacidade de planeamento. No final, os 29 elementos têm de representar todo o universo de estudantes da Faculdade, desde o 1º ano de curso ao último. Em Medicina, excluímos o 6º porque, efetivamente, está numa fase diferente. Temos de construir uma equipa de acordo com as suas competências, capacidade de execução e versatilidade, pois queremos elementos capazes de dar resposta a qualquer situação emergente e, sobretudo, representar um perfil de dirigente associativo que definimos a priori.
Q: E relativamente aos vossos planos aqui na AEFML? Quais são as vossas ambições futuras? De que forma irão representar os estudantes de Medicina?
JR: A AEFML é uma estrutura ímpar e consolidada, uma frase que inclusivamente proferi na tomada de posse. A linha mestre está muito bem definida. Consiste em prosseguir o que tem sido feito nestes últimos anos de crescimento e consolidação. Pretendemos continuar de forma exemplar. Em termos mais conceptuais, temos um objetivo master para este mandato que é a criação de um novo departamento inteiramente dedicado à política educativa, e que se preocupe com temas não afetos apenas à educação médica, mas também às questões das bolsas, ação social, alojamento, pedagogia, etc.
Q: De que forma é que esse novo departamento irá ao encontro dos interesses dos estudantes de Medicina?
JR: Este departamento prevê 2 vertentes, que apesar de díspares são complementares. Por um lado, ficará responsável por ações de esclarecimentos e informação com o objetivo de envolver ainda mais todos os estudantes da Faculdade. A outra frente de ataque está relacionada com a necessidade de nos fazermos representar a nível externo e conseguir veicular as ideias e interesses dos nossos estudantes aos principais players do ensino superior, refiro-me aos Serviços de Ação Social, Direção Geral do Ensino Superior, ou até mesmo aos Ministérios da Educação e Saúde, entre outros.
Q: Creio que estejam ainda a atravessar uma fase de transição, afinal de contas, passou apenas uma semana desde a tomada de posse. Porém, és já capaz de enumerar aquelas que serão as vossas “frentes de ataque”?
JR: Claro. Uma das coisas nas quais já estamos a trabalhar é a implementação dos estatutos do estudante-atleta. É uma discussão que tem vindo a decorrer e que acreditamos conseguir efetivar aqui na nossa academia. Depois, em relação a outros temas, pretendemos dar maior destaque à questão da sustentabilidade ambiental. Neste campo, o objetivo será, numa primeira fase, consciencializar quem gere os espaços do nosso Campus e criar mais ecopontos. Também, junto dos estudantes pretendemos desenvolver ações de sensibilização para a diminuição da produção de lixo ou material que não será reutilizado/reaproveitado nas diferentes atividades.
Estamos ainda a proceder à conclusão do plano de atividades. Este englobará melhorar alguns dos nossos espaços, existem inclusivamente várias situações identificadas e nas quais iremos trabalhar, tais como a sala Prof. Eduardo Coelho ou a sala do Centenário, entre outros espaços que merecem a nossa especial atenção ao nível de manutenção.
Q: José, podemos concluir que o mote da AEFML continua a ser o apoio aos estudantes. Confirma-lo?
JR: Sim. Sim. Confirmo e subscrevo, e de megafone, se for necessário (Risos). A defesa dos estudantes sempre foi a nossa missão.
Noutro âmbito não referido, queremos ainda aproximar os estudantes da comunidade através de voluntariado ou ações na sociedade. Se pensarmos na profissão médica, esta é caracterizada por uma enorme generosidade, na ótica do serviço que se presta à comunidade. Com este tipo de atividades queremos beneficiar dois tipos de público-alvo: os estudantes, com a introdução de ações que enriqueçam o seu currículo e a sua experiência e a sociedade através da formação para a Saúde que recebe.
Q: Ao longo da nossa conversa, evidencias sempre a importância de relacionar a AEFML com a sociedade, bem como com outros órgãos externos à Faculdade. Para todas essas “batalhas” que se perspetivam, será necessário coesão e foco por parte da tua equipa. Tudo isto leva-me a crer que tencionas delegar funções e responsabilidades, certo?
JR: Não tenho qualquer problema em delegar, até porque o projeto AEFML seria totalmente inatingível se não o fizesse. Na minha opinião, a existência de uma equipa só faz sentido se for possível delegar e se cada um assumir as suas responsabilidades. Nunca tive nenhuma dificuldade em fazer o exercício de analisar quem será a melhor pessoa para desempenhar determinada tarefa, até porque há inúmeros temas sobre os quais eu não sou a pessoa que mais sabe sobre eles. Delegar é fundamental, mas é igualmente importante fazer-se o acompanhamento, através do agendamento de pontos de situação. Tenho para mim que a melhor metodologia para o sucesso de uma Direção é precisamente delegar e acompanhar o desenvolvimento dos projetos.
Q: Consideras-te uma pessoa muito interventiva?
JR: Sim. Sempre senti um forte apelo cívico e sempre fui exposto a muitas discussões, quer em casa, quer no seio do meu grupo de amigos. Durante o ensino secundário, envolvi-me também na Associação de Estudantes e na Comissão de Finalistas, por exemplo. A defesa dos estudantes, a melhoria do ensino e das respetivas condições foram sempre grandes preocupações para mim. Aqui, na Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa, tenho a oportunidade de continuar o meu trabalho dentro do associativismo, mas numa escala muito maior.
Q: Fazes intenções de levar essa veia associativa para o teu futuro?
JR: Nunca pensei muito sobre isso e acho que também não faz muito sentido. Eu costumo pensar a minha vida por etapas e por agora, o meu foco é a AEFML. A próxima etapa, no 6º ano, será terminar a minha formação. Tudo o que possa surgir no futuro será bem-vindo, mas há coisas que ainda não consigo considerar no horizonte.
Isabel C. Varela
Euipa Editorial