Reportagem / Perfil
Entrevista a Francisco Silva - Presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina UL
A Equipa Editorial da Newsletter da FMUL foi entrevistar o novo Presidente da sua Associação de Estudantes - Francisco Silva, que tomou posse no passado dia 29 de Junho. Tentámos saber quais as sua perspectivas e motivações neste seu mandato.

Newsletter: Quais os principais desafios (projectos e actividades) da AEFML para 2011/2012 e quais serão previsivelmente os maiores obstáculos a transpor?
Francisco Silva: Sendo a AEFML – estatutariamente – a única legítima representante de todos os estudantes da FMUL, apresenta-se como claro o seu inerente dever na defesa dos interesses dos estudantes da nossa Academia na sua mais lata valência – Pedagogia e Educação Médica.
Neste sentido, a AEFML pretende ter uma voz activa, e sempre construtiva, em todas as temáticas que possam constituir mais-valias para a qualidade do ensino de exigência e prestígio, que desde há cem anos tem vindo a formar os grandes mestres da Medicina portuguesa e mundial. Tal só será possível através de um trabalho que se pretende conjunto e concertado, não só com cada docente desta casa, mas também com aqueles que, curiosamente, parecem engrossar os números dos serviços académicos da mesma, possibilitando o seu normal funcionamento – as Comissões de Curso.
A AEFML, na sede do seu Departamento Pedagógico e Educação Médica, está já, neste momento, a trabalhar temáticas tão importantes como o FML Hot Topics (documento semestral para avaliação pedagógica do funcionamento e qualidade de ensino, das várias áreas curriculares).
Contrariando a prática habitual, e graças à colaboração com os Orgãos Directivos da FMUL, a AEFML começou já a tomar parte nas reuniões dos diferentes conselhos de ano, nas quais vemos aplicadas, com enorme satisfação, directrizes e um documento que começa a fazer “furor” como instrumento para a melhoria da qualidade do nosso ensino: FML Hot Topics. A AEFML apresentará ainda uma proposta de revisão do regulamento pedagógico em vigor e continuará a mover esforços no sentido de contribuir para a reestruturação do ensino clínico, de forma realista e responsável.
No entanto, nem sempre esta demanda pela evolução se demonstra simples e produtiva. A centenária Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, como qualquer antigo sobreiro, firma-se em raízes mais profundas e complexas do que possamos imaginar. A evolução está, necessariamente, associada à mudança. Foi-me oferecido por um docente desta casa, por altura do Natal, um livro bastante interessante sobre esta temática: Our Iceberg is melting, de John Kotter. Recomendo vivamente. Perceberão do que estou a falar…
Em 1953 aconteceu a inauguração do Edifício Comum da FML e Hospital de Santa Maria que apresentava, sem dúvida, as melhores condições para o ensino médico de excelência. No entanto, 58 anos passados e volumes estudantis multiplicados, fizeram com que os espaços de estudo disponíveis se tornassem escassos. Assim, e na tentativa de colmatar essa carência, a AEFML investirá grande parte da sua capacidade financeira na construção de uma nova sala de estudo, com capacidade para mais de 100 lugares. No entanto, não se trata de uma solução definitiva para o problema, que só poderá ser resolvido por um cálculo mais responsável do número anual de vagas de ingresso na nossa faculdade.
Newsletter: Como caracteriza o movimento associativo dos alunos da FMUL, o envolvimento e participação nas iniciativas e actividades da AEFML? Francisco Silva: A AEFML é das mais antigas associações de representação estudantil do país. Com 96 anos de vida, afirma-se hoje em dia pela rectidão que sempre caracterizou os seus dirigentes associativos e leque vasto de actividades de âmbito formativo e científico que promove. Os estudantes de medicina da nossa casa têm cada vez mais necessidade de crescer, quer a nível cultural, quer a nível solidário. Surgem assim os Saraus Culturais e os Projectos de Natal, respectivamente.
Não poderia deixar de fazer referência a um projecto que me é bastante querido – o Hospital dos Pequeninos – que acolhe, anualmente, cerca de 2200 crianças, agora imortalizado nas versões portuguesa e internacional do seu homónimo livro, já à venda numa “livraria perto de si”.
O Departamento de Saúde Pública, Reprodutiva e SIDA da AEFML é, sem dúvida, aquele que desenvolve um maior volume de actividades que são a imagem do associativismo da medicina em Portugal. Que outra Associção de Estudantes realiza, anualmente, mais de 7 Rastreios à Periferia, acções de sensibilização junto das escolas (projectos peer-to-peer: Boomerang, Escola Saudável) ou a instalação de hospital de campanha para os sem-abrigo?!
A intervenção e interesse da massa estudantil da nossa Faculdade, em questões importantes que transcendem as actividades exclusivamente curriculares, é cada vez maior. Dada a actual conjuntura do ensino médico em Portugal, e ao verem as suas certezas desvanecerem, no que refere à empregabilidade, Prova Nacional de Seriação, maior inclusão das médias ponderadas no acesso à especialidade, entre outros, encontramos os estudantes de medicina preocupados. Talvez por isso, ultimamente, se tenham registado graus de participação nas Reuniões Gerais de Alunos nunca antes vistos.
Somos diferentes pela seriedade. Somos diferentes pela diferenciação. Somos diferentes pela responsabilidade que é inerente ao nosso futuro.
Newsletter: Como caracteriza a relação da AEFML com a FMUL e com o recente Centro Académico de Medicina de Lisboa?
Francisco Silva: Em termos teóricos, não faz sentido dissociar a universidade da sua Alma mater. Assim, será através da união de esforços e vontades de docentes e discentes que surgirá o caminho em direcção à qualidade e excelência da FMUL. No entanto, sabemos que nem sempre assim aconteceu. Os anos de distanciamento entre mestres e aprendizes em muito menos contribuíram para a nossa evolução enquanto corpo comum. Ao olhar para as instituições de formação médica mais prestigiadas mundialmente, estou cada vez mais certo de que a era dos “pedestais” está demodé.
Não posso deixar de fazer referência à crescente abertura que a AEFML tem vindo a sentir, por parte da Direcção da FMUL, relativamente às várias questões cuja discussão conjunta é considerada profícua. Prova disso foi a concretização da cedência dos espaços da antiga Repartição Académica e Tesouraria da FMUL à AEFML para viabilização do projecto “Mega Sala de Estudo AEFML”. Continuo, no entanto, a acreditar que tanto “Mais e Melhor” será a nossa FMUL quanto menos distante for o 3º piso da FMUL das suas salas de aula, enfermarias e mesmo da AEFML.
“A opção pelo Centro académico instituição multipolar, baseada na competência profissional e na excelência dos cuidados clínicos prestados, na investigação e na dimensão académica do exercício da profissão, é clara e inatacável.” In Nó Gordio, J. Fernandes e Fernandes
Relativamente ao Centro Académico de Medicina de Lisboa, aprás-me antes de mais referir que se baseia e inspira num conceito inovador e futurista. Acredito que o ensino/aprendizagem da medicina possa ser tanto mais rico quanto maior for a oferta diversificada de material de aprendizagem. A associação do ensino/conhecimento, da prática clínica hospitalar e da investigação enquanto “a mais sexy das componentes da prática médica” poderá, sem dúvida, contribuir para a formação do médico plural e polivalente.
É importante continuar a mover esforços no sentido de concretizar este conceito “inatacável”, para que, finalmente, a culpa das maleitas do nosso ensino deixe de ser sempre responsabilidade das limitações colocadas pelo outro e passem a ser diagnosticadas, assumidas, tratadas e colmatadas em conjunto, tal como o conceito de centro académico demanda.
Newsletter: O que é que os alunos poderão esperar de diferente desta nova direcção da AEFML, ou seja, em que é que marcarão a diferença?
Francisco Silva: Em 3 palavras: Pedagogia, Educação Médica
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Newsletter: Quais os principais desafios (projectos e actividades) da AEFML para 2011/2012 e quais serão previsivelmente os maiores obstáculos a transpor?
Francisco Silva: Sendo a AEFML – estatutariamente – a única legítima representante de todos os estudantes da FMUL, apresenta-se como claro o seu inerente dever na defesa dos interesses dos estudantes da nossa Academia na sua mais lata valência – Pedagogia e Educação Médica.
Neste sentido, a AEFML pretende ter uma voz activa, e sempre construtiva, em todas as temáticas que possam constituir mais-valias para a qualidade do ensino de exigência e prestígio, que desde há cem anos tem vindo a formar os grandes mestres da Medicina portuguesa e mundial. Tal só será possível através de um trabalho que se pretende conjunto e concertado, não só com cada docente desta casa, mas também com aqueles que, curiosamente, parecem engrossar os números dos serviços académicos da mesma, possibilitando o seu normal funcionamento – as Comissões de Curso.
A AEFML, na sede do seu Departamento Pedagógico e Educação Médica, está já, neste momento, a trabalhar temáticas tão importantes como o FML Hot Topics (documento semestral para avaliação pedagógica do funcionamento e qualidade de ensino, das várias áreas curriculares).
Contrariando a prática habitual, e graças à colaboração com os Orgãos Directivos da FMUL, a AEFML começou já a tomar parte nas reuniões dos diferentes conselhos de ano, nas quais vemos aplicadas, com enorme satisfação, directrizes e um documento que começa a fazer “furor” como instrumento para a melhoria da qualidade do nosso ensino: FML Hot Topics. A AEFML apresentará ainda uma proposta de revisão do regulamento pedagógico em vigor e continuará a mover esforços no sentido de contribuir para a reestruturação do ensino clínico, de forma realista e responsável.
No entanto, nem sempre esta demanda pela evolução se demonstra simples e produtiva. A centenária Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, como qualquer antigo sobreiro, firma-se em raízes mais profundas e complexas do que possamos imaginar. A evolução está, necessariamente, associada à mudança. Foi-me oferecido por um docente desta casa, por altura do Natal, um livro bastante interessante sobre esta temática: Our Iceberg is melting, de John Kotter. Recomendo vivamente. Perceberão do que estou a falar…
Em 1953 aconteceu a inauguração do Edifício Comum da FML e Hospital de Santa Maria que apresentava, sem dúvida, as melhores condições para o ensino médico de excelência. No entanto, 58 anos passados e volumes estudantis multiplicados, fizeram com que os espaços de estudo disponíveis se tornassem escassos. Assim, e na tentativa de colmatar essa carência, a AEFML investirá grande parte da sua capacidade financeira na construção de uma nova sala de estudo, com capacidade para mais de 100 lugares. No entanto, não se trata de uma solução definitiva para o problema, que só poderá ser resolvido por um cálculo mais responsável do número anual de vagas de ingresso na nossa faculdade.
Newsletter: Como caracteriza o movimento associativo dos alunos da FMUL, o envolvimento e participação nas iniciativas e actividades da AEFML? Francisco Silva: A AEFML é das mais antigas associações de representação estudantil do país. Com 96 anos de vida, afirma-se hoje em dia pela rectidão que sempre caracterizou os seus dirigentes associativos e leque vasto de actividades de âmbito formativo e científico que promove. Os estudantes de medicina da nossa casa têm cada vez mais necessidade de crescer, quer a nível cultural, quer a nível solidário. Surgem assim os Saraus Culturais e os Projectos de Natal, respectivamente.
Não poderia deixar de fazer referência a um projecto que me é bastante querido – o Hospital dos Pequeninos – que acolhe, anualmente, cerca de 2200 crianças, agora imortalizado nas versões portuguesa e internacional do seu homónimo livro, já à venda numa “livraria perto de si”.
O Departamento de Saúde Pública, Reprodutiva e SIDA da AEFML é, sem dúvida, aquele que desenvolve um maior volume de actividades que são a imagem do associativismo da medicina em Portugal. Que outra Associção de Estudantes realiza, anualmente, mais de 7 Rastreios à Periferia, acções de sensibilização junto das escolas (projectos peer-to-peer: Boomerang, Escola Saudável) ou a instalação de hospital de campanha para os sem-abrigo?!
A intervenção e interesse da massa estudantil da nossa Faculdade, em questões importantes que transcendem as actividades exclusivamente curriculares, é cada vez maior. Dada a actual conjuntura do ensino médico em Portugal, e ao verem as suas certezas desvanecerem, no que refere à empregabilidade, Prova Nacional de Seriação, maior inclusão das médias ponderadas no acesso à especialidade, entre outros, encontramos os estudantes de medicina preocupados. Talvez por isso, ultimamente, se tenham registado graus de participação nas Reuniões Gerais de Alunos nunca antes vistos.
Somos diferentes pela seriedade. Somos diferentes pela diferenciação. Somos diferentes pela responsabilidade que é inerente ao nosso futuro.
Newsletter: Como caracteriza a relação da AEFML com a FMUL e com o recente Centro Académico de Medicina de Lisboa?
Francisco Silva: Em termos teóricos, não faz sentido dissociar a universidade da sua Alma mater. Assim, será através da união de esforços e vontades de docentes e discentes que surgirá o caminho em direcção à qualidade e excelência da FMUL. No entanto, sabemos que nem sempre assim aconteceu. Os anos de distanciamento entre mestres e aprendizes em muito menos contribuíram para a nossa evolução enquanto corpo comum. Ao olhar para as instituições de formação médica mais prestigiadas mundialmente, estou cada vez mais certo de que a era dos “pedestais” está demodé.
Não posso deixar de fazer referência à crescente abertura que a AEFML tem vindo a sentir, por parte da Direcção da FMUL, relativamente às várias questões cuja discussão conjunta é considerada profícua. Prova disso foi a concretização da cedência dos espaços da antiga Repartição Académica e Tesouraria da FMUL à AEFML para viabilização do projecto “Mega Sala de Estudo AEFML”. Continuo, no entanto, a acreditar que tanto “Mais e Melhor” será a nossa FMUL quanto menos distante for o 3º piso da FMUL das suas salas de aula, enfermarias e mesmo da AEFML.
“A opção pelo Centro académico instituição multipolar, baseada na competência profissional e na excelência dos cuidados clínicos prestados, na investigação e na dimensão académica do exercício da profissão, é clara e inatacável.” In Nó Gordio, J. Fernandes e Fernandes
Relativamente ao Centro Académico de Medicina de Lisboa, aprás-me antes de mais referir que se baseia e inspira num conceito inovador e futurista. Acredito que o ensino/aprendizagem da medicina possa ser tanto mais rico quanto maior for a oferta diversificada de material de aprendizagem. A associação do ensino/conhecimento, da prática clínica hospitalar e da investigação enquanto “a mais sexy das componentes da prática médica” poderá, sem dúvida, contribuir para a formação do médico plural e polivalente.
É importante continuar a mover esforços no sentido de concretizar este conceito “inatacável”, para que, finalmente, a culpa das maleitas do nosso ensino deixe de ser sempre responsabilidade das limitações colocadas pelo outro e passem a ser diagnosticadas, assumidas, tratadas e colmatadas em conjunto, tal como o conceito de centro académico demanda.
Newsletter: O que é que os alunos poderão esperar de diferente desta nova direcção da AEFML, ou seja, em que é que marcarão a diferença?
Francisco Silva: Em 3 palavras: Pedagogia, Educação Médica

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