No passado dia 16 de novembro de 2023, foi apresentado no XVI Encontro Luso Brasileiro e XXII Congresso Nacional da SPGPAG (Sociedade Portuguesa de Grupanálise e Psicoterapia Analítica de Grupo), na mesa “O mundo interno em tempos de desamparo”, o trabalho "É bom dos Médicos terem emoções e sentimentos" no trabalho clínico: Grupo Balint na Faculdade de Medicina como antídoto contra o desamparo" (Nuno Florêncio, Margarida Sousa Silva e Carla Vale Lucas).
A edição piloto do Grupo Balint decorreu no 2.º semestre do ano letivo 2022/2023 na FMUL, no âmbito do projeto de Apoio ao Desenvolvimento de Carreira – Mapping Your Way, do Gabinete de Apoio ao Estudante (GAE), com o propósito de treinar a empatia junto a estudantes do Mestrado Integrado em Medicina.
Pode ficar a saber mais sobre o grupo Balint no site do projeto ou artigo de balanço do grupo.
SOBRE O TRABALHO
“É bom os médicos terem emoções e sentimentos” no trabalho clínico: Grupo Balint na Faculdade de Medicina como antídoto contra o desamparo.
Autores:
Nuno Florêncio, Médico de Família, membro efetivo da SPGPAG e líder acreditado de Grupos Balint pela UK Balint Society. Hospital da Luz - Clínica da Amadora e consultório particular.
Margarida Sousa Silva, Médica de Família, co-facilitadora do Grupo Balint. USF 14 Génesis ACES Loures- Odivelas.
Carla Vale Lucas, Psicóloga Clínica – Projeto Mapping Your Way – Apoio ao desenvolvimento de Carreira do Gabinete de Apoio ao Estudante da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Introdução: A empatia permite compartilhar e compreender o estado emocional do outro. É uma competência fundamental de qualquer médico e os Grupos Balint (GB) são um setting validado para o seu treino na faculdade, transformando a contra-atitude numa bússola empática.
Métodos: Ao longo dum semestre letivo, decorreu um GB quinzenal no Gabinete de Apoio ao Estudante da Faculdade de Medicina de Lisboa, no âmbito do seu projeto de apoio ao desenvolvimento de carreira, mediante inscrição voluntária de 10 estudantes dos anos clínicos e supervisão na UK Balint Society e SPGPAG. Os membros preencheram inquérito inicial de expectativas e final de satisfação.
Resultados: O GB reuniu 10 sessões, apresentação de 2 casos em cada. Os casos foram complexos do ponto de vista clínico, emocional, relacional e social mas ao longo de cada discussão, foi possível constatar redes muito complexas de dificuldades na compreensão dos doentes, dos seus desejos e o confronto com a realidade dos serviços. Foi possível estabelecer uma identidade de grupo, rede de comunicação e uma notória evolução dos membros quanto à expressão das emoções na relação com os doentes, empatia e integração dum padrão de interesse genuíno e de procura de compreensão.
Discussão e conclusão: Os GB permitem o treino de competências fundamentais para qualquer médico, nomeadamente da sua capacidade em se deixar tocar pelas histórias dos doentes e devolver o modo como as sentiu.
Carla Vale Lucas
Gabinete de Apoio ao Estudante