A ideia pareceu desde o começo inovadora e de forma igual, cuidadosa.
Receber 295 alunos de Medicina e 30 de nutrição, no espaço de apenas duas semanas não foi trabalho fácil, mas foi exemplarmente possível.
A primeira troca de ideias começou na reunião que tivemos. Explicou-me que ia encontrar a melhor forma de conhecer cada um dos novos alunos, sabendo o nome e breve história de vida de cada um, podendo acolher cada um naquela que seria o novo lugar de todos.
Da ideia generosa pensei que rapidamente se perderia o foco de manter os laços. Como a dieta que se promete que “desta vez é que é”, mas fica depois adiada a vontade; percebi que quando tem em mente concretizar algo, o Professor João Eurico só o faz se for para acontecer.
O espaço foi sempre o mesmo e os encontros aconteciam a cada tarde, uma hora dedicada a cada turma. Em cada tarde duas turmas. O ponto de encontro era o terraço do piso 3 do Edifício Egas Moniz, com uma vista para o lado do campus menos visto e que não mostra o Hospital, espreitando apenas os grandes escritórios e hotéis que povoam a Av. Dos Combatentes.
Tardes de sol e um silêncio soprado pelo calor da tarde, não revelam que estamos no centro de um vasto espaço universitário, em plena cidade. As mesas que recebiam os convidados com maçãs, águas e iogurtes, tinham ainda cadernos reciclados e canetas para tomar as últimas notas. A verdade é que na interação olhos nos olhos ficaram gravadas as mensagens fulcrais que o Diretor João Eurico Cabral da Fonseca e o Subdiretor Luís Graça tinham para passar.
Postura informal e em círculo, os grupos iam formando conversas por temas ou interesses comuns. Ao terraço juntavam-se ainda alguns colaboradores mais ligados às interações com os estudantes.
Fazer desporto, ler muito e ter outras atividades para além da pressão do empenho académico, ou ouvir música “para estimular neurónios”, eram as primeiras impressões partilhadas na perspetiva dos mais velhos que passavam já em olhar de memória pelo mesmo tempo em que também eles foram estudantes.
Sabendo que 50% dos nossos alunos não são de Lisboa, forte foi também a preocupação quanto aos alojamentos, transportes e distâncias, assim como o conhecimento da cidade, para perceber se haveria dificuldades de integração.
Muitos dos recém-chegados traziam histórias de vidas profissionais a contar; várias decisões de deixar outros cursos, ou mesmo já profissões seguras. “Começar do zero”, ouvia-se ao longo dos encontros entre gerações que cruzavam olhares sobre o futuro.
Sobre explorar várias áreas disciplinares, criando um currículo à medida dos gostos e potenciais de cada um, as dificuldades da escolha da especialidade ou a relação dos médicos entre o sector público versus o privado, foram várias as impressões trocadas permitindo dinâmica interação entre todos.
Ambiente melodioso que a cada começo de tarde demorava a entrar no ritmo de uma conversa fluida, sempre em pausas marcadas por cada voo rasante dos aviões prestes a aterrar no aeroporto da portela. Apenas o tema do Serviço Nacional de Saúde parecia conter as opiniões mais robustas.
Dos encontros iniciais, outros projetos se alinham no caminho. Planos, o Diretor tem vários e tudo aponta para ter com ele quem os queira abraçar e depois concretizar.
Joana Sousa
Equipa Editorial