II Conferência de Cuidados Centrados na Família
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Painel de convidados sentados no auditório

A II Conferência de Cuidados Centrados na Família promovida pela Fundação Infantil Ronald McDonald decorreu no Grande Auditório João Lobo Antunes. Conceição Lino, jornalista da SIC, foi a moderadora de um encontro que reuniu maioritariamente profissionais da área da saúde, mas não só! Sofia Coutinho, Arquiteta, foi a grande exceção que, se à partida não parecesse óbvia a sua inclusão neste grupo, perceberíamos depois a importância que os espaços têm na vida das pessoas e na funcionalidade dos serviços. Para além disso, é também a arquiteta coordenadora da unidade de Instalação e Equipamentos na Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).  A sessão começou com um discurso proferido pelo Diretor do CHULN, Daniel Ferro, que destacou a importância deste projeto - casa Ronald McDonald- que teve “a felicidade de acompanhar, aquando da construção da primeira casa no Hospital da Estefânia” em 2006. Aqui, no Hospital de Santa Maria o espaço Ronald McDonald existe desde 2017 e o trabalho desenvolvido “materializa-se no importante apoio às nossas crianças, sobretudo aos que têm um acompanhamento mais prolongado ou que têm carências e que foram minimizadas com o vosso aparecimento,” por todas estas características, concluiu destacando, “o trabalho meritório da Fundação.”

Marta Sousa Pires, Diretora executiva da Fundação Infantil Ronald MacDonald partilhou um pouco da história desta instituição em Portugal. “Chegámos a Portugal há 15 anos, ao Hospital da Estefânia. Atualmente estamos presentes em 8 hospitais” e existem diferentes tipologias que marcam essa presença: Podem ser salas de brincar, espaços para descansar ou casas propriamente ditas. Para além disso, o apoio foi reforçado na época da pandemia com a oferta de Kits de higiene e conforto aos familiares das crianças em internamento.

“E porque uma criança doente é uma família doente,” os lugares desta mesa redonda, não estariam preenchidos sem o testemunho de famílias que possam falar sobre a importância e a necessidade deste tipo de serviço. Na mesa redonda que juntou a Diretora do Serviço de Pediatria e Professora na FMUL, Ana Isabel Lopes e Sofia Coutinho, estava também sentada Paula Mangia, mãe do Francisco e que esteve internado em Santa Maria e foi seguido nos primeiros dois anos e meio de vida.  Durante a manhã, foram ainda passando exibindo vários vídeos com pequenos relatos, quer de famílias, quer de profissionais que trabalham na Pediatria, tendo todos salientado o papel importante deste tipo de espaços de acolhimento.

moderadora na mesa e orador a discursar

A Fundação está presente em 50 países e conta com mais de 685 projetos de apoio ás famílias com crianças internadas. Em Portugal Marta Sousa Pires avançou que este projeto já apoiou “mais de 6 mil famílias, demos mais de 200 kits e em breve vai haver um novo espaço no Hospital Fernando Fonseca.”

 O Psicólogo e Psicanalista Eduardo Sá foi um dos convidados que evidenciou a importância de manter a família unida, mas que “o Estado não percebe o sofrimento de uma criança quando os pais não estão por perto,”. Na cabeça de uma criança, os pais estão “arrumados” em primeiro lugar. São eles quem tomam as decisões e quando, “de repente os pais são substituídos pelos médicos e pelas enfermeiras, aos olhos da criança o mundo deixa de fazer sentido, fica fora do lugar.” Esta dependência normal entre filhos e pais não deve ser descurada na tomada de decisões sempre que as crianças estão internadas. Os pais têm de ser incluídos na equipa cuidadora. “Sempre que a criança abre os olhos, quer ver a mãe lá” e por saberem desta necessidade, os pais sofrem por não poderem estar. É aqui que o papel dos profissionais ganha uma dimensão ainda maior.

Conceição Lino e Nicole Rubin

 Nicole Rubin, Consultora da Ronald McDonald House Charities Research Center da Universidade da Califórnia apresentou alguns dados que mostram a importância destes centros de acolhimento para as famílias e o bem-estar que isso lhes proporciona numa fase da vida tão drástica. Alguns dos dados apresentados mostram que, do universo de pessoas contactadas, a maioria preferia estar na casa Ronald MacDonald do que na sua própria casa. Provavelmente porque se sentem apoiadas por outras famílias que estão a viver o mesmo e porque, não estando na sua casa, abstraem-se de uma série de tarefas que não têm de fazer, podendo estar mais focadas naquele momento, “reforçou Conceição Lino.

A finalizar a manhã subiu ao palco o Professor André Graça, Professor na FMUL e Diretor do Serviço de Neonatologia do HSM, que foi convidado enquanto Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria.