Hoje é dia do Transplante
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No dia 20 de julho de 1969 os olhos da população mundial estavam presos aos televisores para verem o primeiro homem a pisar a lua. Citando Neil Armstrong: “deu-se um pequeno passo para um homem, mas um salto gigantesco para a humanidade”. Para Portugal, esse dia foi também inesquecível por se ter realizado em Coimbra, pelas mãos da equipa liderada pelo Prof. Doutor Linhares Furtado, o primeiro transplante renal no país.

Desde 2009, o dia 20 de julho tem sido celebrado como Dia do Transplante procurando com a colaboração da Sociedade Portuguesa de Transplantação do Instituto Português do Sangue e da Transplantação e das Associações de doentes, envolver na comemoração os transplantados de vários órgãos de forma a incentivar e a divulgar a atividade desenvolvida em Portugal nesta área. Em 2019, na altura do 50º aniversário sobre o primeiro transplante, o dia 20 de julho foi institucionalizado como Dia Nacional da Doação de Órgãos e da Transplantação.

É importante chamar a atenção da população geral para a transplantação de órgãos e para a doação. Se para alguns órgãos, como o rim, a transplantação permite sobretudo uma melhoria da qualidade de vida do doente, para outros como o coração, o fígado ou o pulmão ela é essencial para salvar vidas.

No panorama internacional, Portugal destaca-se na colheita de órgãos para transplante como umdos países com maior número de colheitas por milhão de habitante. A título de exemplo, em 2019, Portugal foi o terceiro país da Europa com maior número de dadores falecidos por milhão de habitantes e, em 2020, apesar da diminuição dos números devido à pandemia por SARS CoV 2, conseguimos manter resultados positivos, ocupando o quarto lugar. Contudo, o número de órgãos disponíveis para transplantação não acompanha as necessidades, originando listas de espera onde os doentes permanecem em média 4 a 6 anos para receberem órgãos como o rim ou têm de aguardar em risco de vida, quando falamos de órgãos vitais.

A transplantação com dador vivo é uma alternativa a considerar para alguns órgãos, como o rim ou o fígado. No doente com doença renal avançada, a existência de um dador disponível permite a programação do transplante sem que seja necessário recorrer a outras técnicas de substituição da função renal como a diálise.  A transplantação permite uma melhoria da qualidade de vida e uma maior longevidade comparativamente à diálise, pelo que a divulgação desta atividade é fundamental para sensibilizar e esclarecer a população em relação à importância da dádiva em vida. Em Portugal, desde que o dador seja saudável, é permitida a doação mesmo que não exista nenhum grau de parentesco com o recetor. Contudo, apenas cerca de 20% dos transplantes renais realizados são com dador vivo.

No CHULN, o programa de transplantação com rim de dador falecido iniciou-se em 1989 e o de dador vivo em 2002. Até ao fim de 2020, realizámos 1002 transplantes de dador falecido e 81 com dador vivo.

mulher com cabelo preto longo

Alice Santana

Assistente Sénior de Nefrologia

Responsável Médica da Unidade de Transplantação renal

Serviço de Nefrologia e Transplantação Renal