No domingo decorreu a Cerimónia de Graduação dos alunos de 2018-2024. Ao todo 338 estudantes, 231 do Mestrado em Medina (MIM) e 17 da Licenciatura em Ciências da Nutrição (LCN) subiram ao palco para receberem os diplomas. Era dia de festa e por isso, na plateia estavam os convidados dos estudantes. Cada um teve direito a três convidados e uma lista de espera, caso surgissem vagas.
A Aula Magna, da Ulisboa, o palco escolhido para as grandes festas, estava cheia. Mil e quinhentas pessoas assistiam à atribuição de mérito, pelo esforço de vários anos. Para uns seis, para outros quatro.
Pais, avós, irmãos, maridos ou namoradas todos partilhavam sentimentos como orgulho e felicidade porque no fundo, o que estava a acontecer no palco era um pouco seu também.
O evento começou pelas 15 horas, com os discursos do Reitor da Ulisboa, Luis Ferreira, e do Diretor da Faculdade de Medicina, João Eurico da Fonseca que recordou a importância de “incluir valores fundamentais”, no exercício da medicina, acreditando muito embora que “aspetos como solidariedade, generosidade e respeito pelo próximo, tenham já sido incorporados ao longo do curso”, terminando com desejos de “uma vida feliz, muito preenchida e que tenham uma memória positiva não só de hoje, mas do vosso percurso académico”.
Muitas palmas foram arrancadas quando o Reitor, Luís Ferreira fez referência ao papel da família ao longo do percurso académico; “para chegar aqui foi preciso o trabalho de muitas pessoas, dos vossos pais, dos vossos avós” e a plateia entusiasta aplaudiu vigorosamente, acrescentou ainda o papel dos professores e concluiu “Parabéns por terem aqui chegado e parabéns pelo que vão fazer por este país e por esse mundo.”
Os primeiros a receberem os diplomas foram os alunos de LCN, mas antes foi a vez da Professora Catarina Sousa Guerreiro deixar umas palavras sobre o que é a nutrição e o que é ser um nutricionista. “Hoje o papel da nutrição ganhou um relevo muito grande na prevenção da doença. O papel da nutrição assenta na promoção do bem-estar a médio e longo prazo.” O papel do nutricionista é o de “ter capacidade e conhecimento de orientar de forma especifica indivíduos que querem, por exemplo, otimizar performances, ajudar num melhor prognóstico ou contribuir para o bem-estar.” Agradeceu o papel da FMUL, “que tem um historial tão rico e vasto e que tem tornado possível o crescimento de outra área do saber.”
Organizados em duas dezenas de grupos, os estudantes subiam ao palco à medida que ouviam os seus nomes. Era um desfile de jovens felizes que recebiam o diploma e levavam debaixo do braço uma recordação impagável, o Year Book! Lá, estão registados todos os que se graduaram este ano e com quem no futuro vão partilhar salas de consulta, salas de cirurgia, corredores de hospital ou de uma qualquer unidade de saúde.
Quem também marcou presença foi Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos (OM) que recordou que 19 de maio é o dia do do Médico de Família, mas seja qual for a especialidade, esta profissão é “um compromisso para o resto da vida” sem folgas porque “somos médicos 24 horas por dia.”
Mais grupos subiam ao palco e uma vez mais o desfile acontecia perante os olhares dos amigos e familiares. Palmas, assobios e alguns gritos, menos contidos, de apoio a alguém especial destacavam-se dos restantes. O dia é de alegria, mas inevitavelmente há uma saudade que já se antevê e sobre ela falou Ana Raquel Rodrigues, a Presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina (AEFML). “Não é fácil imaginar a faculdade sem vocês,”, começou por dizer antes de ter agradecido pelos ensinamentos, lamentando apenas, de “nem um apontamento nos deram para esta despedida”. Ana Raquel assumiu a presidência da AEFML, mas não o fez sozinha e na impossibilidade de chamar todos os que têm ajudado ao levar este barco a bom porto, chamou o seu braço direito, a Inês Maltez. Não disse uma única palavra, mas espalhou o seu sorriso rasgado e os olhos brilhantes que arrancaram uma ovação calorosa por parte dos colegas. Esta dupla deixa marca!
Nos bastidores do dia “D”
Foram muitas semanas de preparação, que o diga a equipa de eventos da FMUL. Reuniões com a AEFML, listas, mails, muitos telefonemas e mapas feitos para que nada falhasse no dia 19 de maio.
Às primeiras horas da manhã as portas das traseiras abriram-se para que a equipa técnica começasse os preparativos. Montar o equipamento de som, de imagem, alinhar os horários, ver quem entra por onde quando baixa a tela, as luzes...tudo tem de estar preparado ao pormenor.
Há uma energia que circula ao som de uma música animada, escolhida pela equipa técnica, que está habituada a estas coisas e faz tudo com uma ligeireza que quem vê de fora pensa que é fácil fazer.
Mas esse é o mérito dos grandes profissionais, fazer coisas difíceis parecerem fáceis.
Todos tiram fotografias. Querem todos ficar com memórias deste dia. Os alunos porque aqui se encerra uma fase e começa outra, e os restantes porque sentem que é um dia importante. Talvez seja por contágio.
O que dizem os estudantes
Para a Mariana Mendes este foi um “momento muito especial porque é o culminar de uma viagem. É bom ver o impacto que tivemos em todas as pessoas, nos colegas e como a própria faculdade nos projeta no futuro.” Para partilhar esta memória, trouxe os pais que estão, “muito felizes e orgulhosos”. Os planos são os de ficar “por cá a fazer o ano comum”. É do Seixal.
Ter a família “tens os pais”.
Para o Paulo canas, de Aveiro, este dia é “o concretizar do meu sonho de menino. Os meus brinquedos eram todos apetrechos de médico, portanto, foi uma coisa que sempre quis.” Trouxe o pai para assistir e tem uma família “muito orgulhosa. Disso não tenho dúvidas”, esclareceu.
De Santa Maria da Feira, veio a Marta Sousa que explicou que o dia era “o alcançar de um sonho”. Trouxe uma amiga e pretende ficar por Portugal a exercer, mais propriamente na zona Norte, porque quer, “voltar para casa”. A Mariana Bonito, da Arruda dos Vinhos, contou que este sonho, para além de ser dela, era também do avô paterno que já não está cá. Por isso, “meus pais imprimiram as fotos dos meus avós numa fita” numa espécie de homenagem. Trouxe os pais para assistir a este momento que para ela significa, “o culminar de um tempo que tanto teve de difícil como de bom. É o fechar de um ciclo e pôr em prática tudo o que aprendemos.”
A tarde teve ainda espaço para momentos de humor com o Afonso Ribeiro a fazer uma caricatura de como é ser estudante de medicina e lidar com os pedidos dos familiares logo desde o 2º ano, altura em que tudo o que ele admitiu conseguir fazer foi a verificação dos valores dentro dos parâmetros de referência “e pronto.”
Agora que entraram da categoria de médicos internos, têm ainda um longo caminho pela frente, mas a consciência de que foram valentes o suficiente para chegar até aqui. A vida terá sempre desafios e as coisas não estarão sempre bem, mas tal como a Professora Carmo Fonseca disse quando subiu ao palco, “mais do que reivindicarmos é construirmos a mudança e espero que vocês mudem o mundo”. Nessa caminhada é importante ser feliz, “e é possível ser feliz sendo médico”, disse Rui Tato Marinho, Diretor da Unidade Local de Saúde de Santa Maria (ULSSM) fazendo uma alusão à enorme responsabilidade desta profissão e deixando esta frase:” a vida passa rapidamente enquanto estamos distraídos a fazer outras coisas”.
O encerramento da cerimónia ficou a cargo da Tuna da Faculdade de Medicina.
