Decorreu no Centro de Simulação no Edifício Reynaldo dos Santos o curso “Sistemas de Alerta Precoce. Simulação de Cenários Críticos”, um desafio lançado pela professora Mariana Alves aos formadores, médicos de anestesiologia e de medicina intensiva, que pretendia sensibilizar para um projeto em desenvolvimento na ULS Santa Maria na deteção do agravamento clínico.
O público-alvo foram os médicos do Internato Geral, “mas esta foi uma formação de pontapé de saída. O objetivo é que haja mais cursos e que incidam em áreas de formação mais avançadas com internos da especialidade e especialistas,” quem dá esta explicação é o médico anestesiologista, João Valente Jorge, coordenador do curso.
A formação arrancou com uma pequena introdução teórica sobre o tema: sistemas de alerta precoce, que já estão implementados em alguns Hospitais do SNS e que na ULS se encontram em processo de implementação, reforçando assim a necessidade de formação. “É importante sensibilizar e formatar equipas para que sejam capazes de dar respostas imediatas”.
Com recurso aos vários simuladores que vão “conversando” com os formandos, foi possível recriar várias situações críticas e urgentes que exigiram respostas atempadas e adequadas. Este treino cria situações que, sendo hipotéticas no momento, preparam equipas para respostas a situações reais. “Estes modelos de simulação mimetizam situações reais e permitem imprimir a deterioração fisiológica que vemos nos doentes, o que dá uma noção do agravamento clínico do quadro geral”. Esta experiência é vital para que quando estão numa situação real percebam exatamente os sinais, “que vão permitir sinalizar o doente antes que haja falência de órgãos, sobretudo quando falamos de condições mais graves.”
Formadores desta equipa mista vieram de duas especialidades: Anestesiologia com João Valente, Manuel Abecasis, Joana Ribeiro e Alexandre Caldeira. Da parte da Medicina Intensiva Filipa Bessa, Nuno Gaibino e Maria Serrano.
O médico João Valente mostrou-se satisfeito com a formação e com o número de participantes, mas acredita que futuramente haja muitos mais interessados em apostar nesta formação e explica porquê: “cobrimos várias situações clínicas durante a formação, simulamos cenários da vida real, o que, numa fase precoce do percursos destes médico, lhes possibilita adquirir ferramentas para identificar doentes em deterioração e pedir ajuda sempre que indicado. Este é um mecanismo de segurança que que deve fazer parte da cultura de clinical governance de uma instituição, uma ferramenta indispensável para a preservação do doente.”
Hugo Ferreira e Mariana dores, ambos médico internos de Formação Geral, estiveram no curso e ficaram bem impressionados.
Hugo Ferreira já tinha visitado o Centro de Simulação, mas nunca tinha tido a oportunidade de trabalhar com os simuladores. Este curso foi excelente porque permitiu “de forma segura, treinar procedimentos e atitudes que acontecem numa situação critica. Permitiu avaliarmos a nossa resposta num cenário desses”, diz acrescentando que “com simuladores temos uma forma segura de experimentar procedimentos.” Igual opinião tem Mariana que também fez esta formação e diz, “os modelos são bons e permitem uma preparação mais fiel para os cenários reais.”
Quatro estações e quatro procedimentos diferentes que eram avaliados no final. “O briefing era fundamental para perceber se a nossa abordagem tinha sido a expectável, ou se devíamos de ter tido uma abordagem diferente. Essencial esta pausa para avaliação da prestação.” Os briefings” foram essenciais para perceber as limitações e como ultrapassá-las, ”complementa Mariana Dores.
Uma das razões que levou Hugo Ferreira a inscrever-se foi a curiosidade de trabalhar com simuladores e as expectativas não foram defraudadas. “Dão-nos respostas fisiológicas muito parecidas com as reais: frequência cardíaca, dilatação das pupilas e nós temos de dar resposta em função destas alterações, tal e qual como com um doente.”
Outro aspeto destacado, desta vez pela Médica interna, é a importância da comunicação e de serem atribuídos papéis aos intervenientes num cenário real. “Definir tarefas e nomear um team leader é vital para um diagnóstico bem-sucedido e nem sempre essa execução de tarefas está presente no dia a dia”.
“Participar nesta formação foi uma mais valia. O grupo de formadores e a diferenciação que o curso permite adquirir ajudou na minha escolha”, afirma Mariana. “Gostei bastante do corpo de formadores que tivemos, foi excelente, sabem o que estão a fazer e vivem-no na prática. Sem dúvida que recomendaria,” conclui Hugo Ferreira.
Em breve novas formações vão estar disponíveis.