O Ensino da Medicina em Lisboa teve início no Hospital de Todos-os-Santos, inaugurado em 1504 e prolongou-se por 250 anos de funcionamento regular até ao terramoto de 1755. Com o terramoto de 1755, as suas instalações foram muito danificadas, mas continuou a funcionar, até que em 1774 se promoveu a transferência para o Colégio de Santo-o-Novo, mais tarde batizado como Hospital de São José, que assumia assim a herança do antecessor Todos-os-Santos, passando a concentrar nele o ensino da Medicina.
A Real Escola de Cirurgia viria a nascer no Hospital Real de São José, em 24 de Junho de 1825 e a evolução faria com que em 1835 se transformasse na Escola Médico-cirúrgica de Lisboa, novamente a sofrer uma evolução de nome, desta vez em 22 de Abril de 1911 passando agora a assumir-se como Faculdade de Medicina de Lisboa, num novo edifício no Campo Santana, o qual passaria a ser a casa da Faculdade de Medicina entre 1911 e 1953. Contudo, o tempo viria a comprovar que apesar de majestoso, o espaço no Campo de Santana não bastava para aglomerar todas as disciplinas e práticas da Medicina, criando a necessidade de proximidade a um hospital, como extensão clara de um ensino mais prático e real. Fisicamente afastado dos Hospitais de São José e Santa Marta, a Faculdade mudaria de localização para a sua atual casa, em 1953, passando a designar-se por Hospital Escolar de Lisboa e só posteriormente Hospital Escolar de Santa Maria.
A Faculdade de Medicina entrava assim naquele que era o maior edifício do país, a Escola que só depois receberia o Hospital.
Instituição centenária aquela que foi a Real Escola de Cirurgia (1825-1835) e Escola Médico-cirúrgica de Lisboa (1835-1911) e com começo integrado no Hospital de Todos-os-Santos (1504-1755), chegou assim ao presente, sofrendo metamorfoses, transformações várias, junções e novos parceiros, fixando morada final em 1953 - 1954.
Fará a 22 de abril o seu 70º ano desde que ocupou o seu edifício atual, Santa Maria.
Escola hospitalar de larga história e referência, reaprendeu o seu papel na Medicina, olhando-a igualmente no futuro e investindo em novos espaços satélite onde continua a desenvolver herança, mas com sofisticação. Detentora de mais dois edifícios, Egas Moniz e Reynaldo dos Santos, esta faculdade alberga a ciência e a tecnologia como extensão da Medicina, colocando-se sempre pioneira e atual, assumindo-se como a responsável pela formação daqueles que são grande parte do futuro da Medicina em Portugal.
Fonte - Victor Oliveira - "Arte e História na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa"