“A ciência, o último reduto da verdade”
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Foi este o título escolhido por Miguel Prudêncio, Investigador Principal do iMM, para o artigo de opinião em que alerta para as “fake news” que “tomaram de assalto o palco das redes sociais, e mesmo de meios de comunicação social ditos tradicionais”, considerando-as “instigadoras do desconhecimento e do receio generalizados, num círculo vicioso que se auto-alimenta e perpetua”. Entende que a pandemia de Covid-19 “criou um chão fértil para a divulgação de notícias destituídas de qualquer fundamento científico, cujo único propósito é instalar a confusão, e cujo único efeito é contribuir para agravar o problema”, escrevendo que a “sensatez nem sempre prevalece”, apesar de se erguerem vozes de alerta “para os perigos do consumo de posts, artigos ou peças televisivas apócrifas, e apelando à inteligência e ao exercício do sentido crítico de cada um antes de se tomarem como certas as «verdades» que nos chegam às mãos através do Instagram, Facebook, e Twitter, ou mesmo dos jornais e da televisão”.

Miguel Prudêncio partilhou ainda “as mais incríveis teorias «científicas» acerca do vírus SARS-CoV-2 e sobre como o combater” de que teve conhecimento, das quais algumas “ «notícias» são relativamente inócuas e sobretudo risíveis, outras são manifestamente perigosas e podem ter consequências potencialmente graves para a saúde. Como por exemplo a «receita» de tratamentos homeopáticos para a covid-19 que também me chegou, segundo a qual a doença se curaria com a ingestão de cânfora diluída ad infinitum – ou seja, água – quatro vezes por dia.”

Na opinião do investigador “é urgente desmontar a mentira e a falsidade, e apelar ao espírito crítico”, sublinhando que “a tarefa de preservação da verdade um esforço que todos devemos fazer”.

“Qual a fonte da notícia? Qual a credibilidade dessa fonte? Qual o impacto que ela pode ter em quem a receber se porventura for falsa? Quero correr esse risco? Estas são perguntas que todos nos devemos colocar antes daquele gesto quase automático de reencaminhar a mensagem ou o post”, escreve Miguel Prudêncio no jornal Público, recomendando a consulta de “literatura científica adequada”, porque “o conhecimento científico é a arma que mais eficazmente nos pode proteger da ignorância. Num mundo em que a falsidade e os factos tantas vezes se confundem, a ciência é, e continuará a ser, o último reduto da verdade.”

Um artigo essencial nos dias de hoje para ler na íntegra aqui.

homem sentado no jardim a ler um jornal

E porque não se pode apressar a Ciência e as suas verdades, Miguel Prudêncio ajuda-nos a compreender o porquê de dez anos não ser muito tempo para desenvolver uma vacina. Em entrevista ao Diário de Notícias, faz o balanço do trabalho da sua equipa que investiga há quase uma década uma vacina contra a malária, projeto esse que assegura estar "numa fase crucial do seu desenvolvimento".

O processo, que contou com a massiva colaboração de estudantes universitários que se voluntariaram para ensaio clínico, foi "longo e não sem os seus contratempos", revelou Miguel Prudêncio ao DN, afirmando ter culminado na "autorização da realização dos ensaios clínicos de fase 1/2a", denotando que os resultados são "suficientemente promissores para garantir a continuação do processo de desenvolvimento clínico da vacina, fase em que nos encontramos presentemente".

Não faltam clareza de ideias, nem empenho e vontade de avançar com o passo seguinte, mas para tal é necessário o financiamento que permitirá dar continuidade á investigação. 

Saiba mais com a entrevista na íntegra aqui.

dois homens e uma mulher, cientistas, a trabalhar num laboratório
Helena Nunes Cabaço, Miguel Prudêncio e António M. Mendes, investigadores do iMM, em fotografia de Reinaldo Rodrigues/Global Imagens - DN