Arlindo Ferreira, ex-alunos GAPIC, foi um dos convidados para a Sessão Research Paths – Early career physician scientists do Dia da Investigação, a quem lançamos o repto de fazer o balanço da sua participação nesta sessão.
O seu testemunho é o exemplo vivo de uma carreira onde prática médica e atividade científica se complementam e potenciam: «Ouvir sobre os trajetos de carreira de outros colegas foi sempre para mim um momento de reflexão e aprendizagem vicariante sobre modos possíveis de pensar o futuro. Nesta sessão do Dia da Investigação promovida pelo GAPIC foi a minha vez de dar o contributo. Alguns dos pontos-chave na definição de uma carreira de médico cientista é não descurar que ser-se clínico e investigador são 2 papéis complementares mas com características próprias que merecem planeamento específico. Como tal, é essencial o ensino formal e treino quer da medicina clínica quer dos métodos de investigação clínica, mas também a atribuição clara de tempo para as duas tarefas para que seja possível obter resultados de qualidade. É ainda relevante considerar que a mentorização é condição essencial para se crescer em ambos os campos e nem sempre os mentores clínicos ideias são os mentores científicos ideias e vice-versa. De seguida é importante ter a noção que investigação clínica tem vários sabores, partindo da investigação de translação com forte pendor laboratorial, passando pelos ensaios clínicos de fase precoce ou mais maduros e indo até à investigação de resultados (outcomes research) ou dos serviços de saúde (health services research). Cada uma destas áreas tem um dia a dia muito diferente e um nível de integração na medicina clínica diferente. A área certa? É contigo. Quando começar? Logo que possível. Não esquecer ainda que mudar de área é sempre adequado, mais difícil é tomar a decisão certa à primeira.»




Arlindo Ferreira, breve nota biográfica
Arlindo Ferreira é, atualmente, oncologista e investigador clínico na Unidade de Mama da Fundação Champalimaud e encontra-se a realizar o doutoramento na FMUL, onde concluiu o Mestrado Integrado em Medicina há 10 anos.
Médico interno no HSM/CHULN entre 2012 e 2018, realizou um mestrado em investigação clínica na Universidade Nova de Lisboa / Northeastern University (Boston, EUA) e um treino pós-graduado em investigação clínica no Dana-Farber Cancer Institute (Boston, EUA), em 2014-2015.
Investigador clínico no iMM de 2014 a 2018, e no Instituto Gustave Roussy (Paris, França), 2018-2019, tem desenvolvido investigação clínica em cancro da mama com foco em sobreviventes e investigação de resultados (outcomes research) de doentes com cancro da mama, recorrendo a análise estatística e modelação de dados e com construção de hipóteses translacionais.
Os seus interesses atuais são a evidência de mundo real (real-world evidence), qualidade de vida, ensaios clínicos e ciência de dados aplicada à medicina.
Gabinete de Apoio á Investigação Científica, Tecnológica e Inovação
