Fernando Lopes da Silva faria hoje 85 anos. Nascido em Lisboa a 24 de janeiro de 1935, o neurocientista português faleceu no dia 7 de maio de 2019, na Holanda, onde vivia há mais de 50 anos.
Em 1959, terminou o curso de Medicina pela Universidade de Lisboa, com média de 19 valores. No entanto, o exercício clínico nunca o fascinou, acabando por enveredar pela investigação. Sempre desejou trabalhar fora de Portugal e, aquando do início da Guerra Colonial, vê-se afastado das suas funções militares por sofrer de miopia. Este fator permitiu que o seu percurso profissional tivesse como destino a Holanda.
Chegado ao noroeste da Europa, a sua carreira como docente e investigador divide-se entre as Universidades de Utrecht, Twente e Amesterdão. Em 1985, é eleito membro da Academia Real Holandesa de Artes e Ciências e, dez anos depois, é designado membro honorário da Sociedade Britânica de Neurofisiologia Clínica. Entre 1993 e 2000, foi diretor do recém-criado Instituto de Neurobiologia da Universidade de Amesterdão. No ano de 2001, a rainha da Holanda atribui-lhe o Grau de Cavaleiro da Ordem de Nederlandse Leeuw.
Em terras lusas, no ano de 2000, é nomeado professor visitante da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e, nesse mesmo ano, o então Presidente da República Jorge Sampaio distingue-o como Alto Oficial da Ordem de Santiago da Espada, pelo seu percurso notável e próspero no campo das neurociências. Cinco anos volvidos, torna-se docente do Instituto Superior Técnico e é nesta instituição que vem dinamizar e estimular a relação entre a engenharia e a medicina, com a criação de um curso em Engenharia Biomédica. As Universidades de Lisboa e do Porto distinguem Lopes da Silva como Doutor Honoris Causa em 1997 e em 2002, respetivamente.
Em paralelo ao seu percurso académico, colaborou com inúmeras instituições que promovem a investigação e a produção de conhecimento. Foi coordenador do painel das Ciências da Vida da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e membro externo de acompanhamento e avaliação do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP). Lopes da Silva marcou, ainda, a afirmação e reconhecimento da Fundação BIAL no panorama científico internacional. Foi membro desta fundação desde 1997 e, posteriormente, Presidente do Conselho Científico. Em 2018, assumiu a presidência do júri do BIAL Award in Biomedicine, que distingue uma obra publicada nos últimos dez anos e que promova avanços científicos e tecnológicos na área da Biomédica.
Entre outras distinções que marcam o percurso notável do Professor Fernando Lopes da Silva, o seu contributo para a ciência é indubitável e vastíssimo. A sua importância para a comunidade científica, estende-se desde o extremo mais ocidental da Europa, onde nasceu e cresceu, até à Holanda, onde termina o seu caminho aos 84 anos.
Catarina Monteiro
Equipa Editorial