Entro no Edifício Egas Moniz e fico em pé junto à sala dos seguranças, a observar o que em breves minutos acontecerá.
Estamos a começar janeiro e nada melhor do que sensibilizar as pessoas que, apesar de na meia-noite de 31 para 1 se pedirem só desejos bons, as más notícias não são dadas só aos outros. O convite para assistir a todos os procedimentos surge pela parte da coordenadora do Gabinete Técnico – Edificado e Sustentabilidade e sub-delegada do Edifício Egas Moniz, Dina Rodrigues, que entende que há um vasto trabalho de comunicação a desenvolver com a comunidade académica.
Em breve, teremos um simulacro, devidamente combinado entre equipas, cujas funções entram em ação se houver alarme geral.
Hélder Francisco é quem está a chefiar a equipa de seguranças, com ele, está Inácia Pereira. Cada sinal terá uma reação. A sala dos seguranças serve de posto de controlo onde se coordenam todos os passos e se executam os procedimentos já previamente estudados.
As pessoas continuam a entrar e a sair do edifício, ao fundo, vários são os estudantes com os livros abertos. Passa um pequeno grupo que avistando movimento percebe que haverá alguma simulação e pergunta se ainda assim haverá prova no auditório. O que fariam todas estas pessoas se de repente houvesse um grande incêndio? Saberiam reagir? Haveria coordenação entre as pessoas que já tiveram formação de primeiros socorros? O que se faz quando soa o alarme geral? Todas estas questões pretendem ver resposta diante de um simulacro que é atentamente avaliado pelo INERCO (empresa formadora e de acompanhamento de todo o Simulacro) e um conjunto de Observadores.
Sento-me com a segurança Inácia e trocamos conversas enquanto não há razão para reagir. Toca um alarme. Nada acontece nos segundos seguintes. O segurança Hélder surge em reação ao som de urgência e ao mesmo tempo toca o telefone que só é acionado numa emergência interna. O 112 da Faculdade tem um número próprio, para quem está nas instalações é o 49112, para quem liga da rua ou não tem a extensão perto é o 21 798 51 12. Deflagrou um incêndio numa das áreas da Faculdade, o IFA (Instituto de Formação Avançada). A equipa de seguranças divide-se. Um deles mantém-se na sala de comando e liga de imediato ao delegado de segurança, Nuno Santos, Professor da Faculdade e um dos principais investigadores do iMM – João Lobo Antunes (Instituto de Medicina Molecular). Tens a certeza desta informação? Daquele número ninguém atende. Tenta-se um segundo contacto, nestes procedimentos há sempre uma linha de sucessão de pessoas, alguma atenderá.
Compete ao delegado de segurança, com o apoio do Responsável de Segurança, neste caso a Professora Ana Sebastião, tomar a decisão de deixar tocar o alarme geral, após a validação de que era uma situação de perigo, mantendo-se na portaria de segurança como elemento orientador de todas as equipas. Cada área do edifício tem equipas de Evacuação, Intervenção e Primeiros Socorros, cada um com uma função específica e a cada uma é atribuída uma competência específica. A equipa de Evacuação assume a responsabilidade de encaminhar os colaboradores para o exterior e garantir que os espaços ficam vazios; a de Intervenção irá atuar na ocorrência, aplicando a cada caso o procedimento adequado (neste caso usando um extintor); e a equipa de Primeiros Socorros está preparada para prestar primeiros socorros a eventuais vitimas.
Mas é um simulacro e nem todos os alarmes funcionam eficazmente, no entanto, as pessoas estavam avisadas que ele decorreria. Mais lentamente, ou de forma mais eficaz vão saindo, trocando cumprimentos e desejando bom ano, na verdade é o primeiro encontro de janeiro entre muitos deles.
Alguém surge na janela dos seguranças, “venho entregar uma encomenda”, “olhe o nosso sistema foi todo abaixo, estou sem máquinas a trabalhar”. A segurança Inácia pede paciência, não entram mais pessoas, nem encomendas, e o sistema que paralisou terá de se manter assim por mais uns minutos, “é sinal que está a funcionar o sistema de segurança”, explica-me já sozinha.
Os grupos saem por portas diferentes consoante o local onde se encontram e todos sabem que se dirigem ao ponto de encontro mais próximo que é sempre na rua, num local considerado a uma distância segura do edifício. Os responsáveis pelos grupos vão trocando impressões sobre o que fariam numa situação real, “quem chamaria os estudantes que estão ali ao fundo nas mesas? Quem está com eles?”. Da não resposta inicial alguém diz que tem o papel final de “varrer todo o espaço” para ver se sobram pessoas.
O edifício fica vazio, silencioso, como se tivesse saído a sua própria alma. Lá dentro escrevem-se as últimas impressões de um simulacro que pode ainda melhorar alguns pontos e por isso será repetido poucos dias depois desta vez no Edifício Central em conjunto com o CHLN-HSM. É esse o seu verdadeiro papel, testando mais do que uma vez um procedimento, mesmo que falso, mesmo que com pré-aviso, é no ensaio geral que nasce o improviso perfeito.
Acabou a realidade simulada, cada grupo regressa, após receber indicação do Delegado de Segurança. Poucas foram as pessoas que se recusaram a sair, sabiam que era uma experiência. Mas e se um dia não for, o procedimento será tão calmo quanto quem já ensaiou repetidas vezes?
Este ano promete ser exigente com as medidas de segurança e a equipa do Gabinete Técnico continuará a fazer o seu papel. E, cada um tem o seu, do lado de cá fica a responsabilidade de avisar, em caso de urgência, uma equipa que tem ensaiado para que nada falhe, se assim for preciso.
Ainda se recorda dos números?
Em caso de emergência ligue:
49112 ou 21 798 51 12
Joana Sousa
Equipa Editorial