Pontualmente às 20h30 a fila adensava-se à porta da Cantina Velha.
Camisolas de lã coloridas e algumas que se iluminavam sozinhas, os enfeites de renas na cabeça eram os mais predominantes, mas havia também alguns que alinhavam mais no look do pijama natalício.
“Vão ver pela primeira vez a vibração desta cantina, é uma energia como nunca viram”, prometia o Professor Óscar Dias de Otorrino, presença habitual neste jantar, tal como tantos outros Professores.
Já tínhamos almoçado ali algumas vezes e participado igualmente em eventos e por isso conhecíamos o espaço cheio, em que medida é que nos surpreenderia voltar a ver todas as cadeiras ocupadas?
Numa sala inundada de mesas corridas e colocadas as filas lado a lado, começam a agrupar-se os estudantes pelos anos de curso, como equipas desportivas cuja claque é mais forte que a outra. Dois pisos com 530 pessoas que, de forma ainda aparentemente tranquila, se iam sentando e agrupando. Ao centro um palco e uma mesa de convidados, ocupada por alguns professores e outros elementos da Faculdade.
As mesas eram pinceladas com guardanapos vermelhos, meticulosamente dobrados todos por igual, e a decoração com renas não podia ser mais ecológica já que eram feitas de rolhas. O jantar começava e entre a característica música de natal e o cheiro adocicado do vinho quente, as mesas desalinhavam-se e as vozes faziam-se soar de forma mais estridente.
Das iniciais camisolas de lã vestidas, passavam agora a forrar as cadeiras, ou a escorrer para o chão. À medida que o tempo passava pedia-se pelo momento alto do jantar, a atribuição dos Golden Harry. Estes prémios organizados pelos estudantes já têm bastante ritual e técnica organizada.
Todos os anos criam-se categorias bastante diversificadas, como o melhor colega, o mais charmoso, o mais à toa, o melhor sotaque, ou o mais dinâmico. Os professores e os funcionários da Faculdade também não ficam esquecidos.
Cada ano de curso tem uma comissão de finalistas que organiza uma reunião com o departamento cultural e recreativo da AEFML, é aí que definem quais as categorias a entrar nesse ano. Cada comissão lança em seguida o formulário para os alunos do seu ano, para que possam ainda dar sugestões. Ainda dentro de cada ano há uma segunda fase, onde os quatro nomes mais sugeridos da fase anterior vão a votação, a partir daí apura-se o candidato por cada categoria e por cada ano. É só na semana do jantar de natal que a AEFML lança o formulário final para todos os estudantes votarem. A notícia final só é dada no final do jantar quando a sala se enche com mais 200 estudantes que só surgem depois do jantar.
Os primeiros sinais de festa chegam antes das luzes caírem. Em pequenos grupos ou sozinhos vêm até à mesa dos professores e propõem brindes, ou sentam-se numa breve conversa. A animação é contagiante e há cânticos entre os grupos que representam diferentes anos.
É nesse momento que percebemos a vibração de um espaço que parece não ter lugar para mais nenhum pé no chão e cujas vozes ecoam por todo o espaço universitário. As categorias vão sendo anunciadas e chamados os seus protagonistas. O André faz um discurso mais sério, a maior parte que sobe ao palco ri de si próprio; o Francisco é mascote de todos e a Carolina encanta a cantar. Quase a fechar a sessão, Bruno Silva-Santos é o Professor eleito pelos alunos e se dúvidas restassem, o aplauso que inunda a cantina reforça a marca que deixa a quem o ouve.
A noite segue, há after party e ainda uma ceia.
Por detrás de tudo estão 29 incríveis elementos, todos da direção da AEFML, são eles que organizam, servem e acompanham todo o evento, fazem mil e uma tarefas, não lhes restando naquele dia qualquer tempo para usufruírem do momento. E talvez isso explique que o presidente José Rodrigues tenha ganho um Golden Harry, o mais dinâmico.
A todos feliz natal e que vençam sempre os que mais merecem.
Mais sobre a festa, aqui.
Créditos Fotos: AEFML e Isabel Varela
Joana Sousa
Equipa Editorial