O Conselho das Escolas Médicas Portuguesas (CEMP), a Ordem dos Médicos e a Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM), decidiram juntar-se e criar uma plataforma que vai permitir colocar na agenda alguns dos temas mais urgentes em defesa de uma medicina de qualidade. A iniciativa surge numa altura em que os profissionais de saúde manifestam preocupação com a realidade existente no terreno, sobretudo ao nível do Serviço Nacional de Saúde, com impacto direto e indireto na qualidade da formação pré e pós-graduada dos médicos.
Esta é uma aliança natural entre três estruturas com funções importantes e complementares na defesa de uma medicina de qualidade, tanto para os médicos, como para os doentes. A formalização vai permitir estruturar melhor a atuação e agir de forma mais incisiva nas preocupações mais prementes em matéria de formação.
A Plataforma da Formação Médica em Portugal pretende ter um plano de ação abrangente. Entre as principais áreas que carecem de intervenção urgente por parte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e do Ministério da Saúde destacam-se o planeamento de recursos humanos em medicina, numerus clausus, o segredo clínico aplicável ao estudante de medicina e o acesso à formação especializada. Os riscos de abertura de novos cursos de medicina e a necessidade de mais investigação científica e clínica são outros dos temas para os quais a plataforma pretende alertar.
“Enquanto Escolas Médicas, existem vários problemas que nos preocupam. Mas, no imediato, destacaria a falta de planeamento em termos de recursos humanos, que tem levado à determinação de numerus clausus que ultrapassam a capacidade formativa que as Faculdades de Medicina dispõem e as necessidades do País”, reforça o presidente do Conselho das Escolas Médicas Portuguesas, Fausto J. Pinto.
Do lado dos estudantes as prioridades são comuns. “A ANEM está preocupada com a falta de planeamento nos recursos humanos. Devido a uma ausência de coordenação entre o Ensino Superior e a Saúde, as escolas médicas têm mais alunos do que aqueles que podem acomodar, representando riscos em termos de formação pré-graduada. Ao mesmo tempo, sabemos que será cada vez mais difícil conseguir uma vaga para completarmos a nossa formação especializada, uma vez que o SNS está enfraquecido, porque não consegue captar profissionais especializados. Já deixou de ser uma questão de ter vaga ou não ter e o problema já reside na capacidade do SNS de prestar cuidados de saúde a quem precisa”, acrescenta o presidente da ANEM, Vasco Mendes.
Esta divulgação foi partilhada com todos os meios de Comunicação Social a 19 de dezembro de 2019