O papel da autoliderança em ambientes de imprevisibilidade foi o tema em discussão na terceira e última sessão do Ciclo de Outono das Conferências Exploratórias, iniciativa do Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB), a qual decorreu no dia 18 de Dezembro, pelo Doutor Pedro Marques-Quinteiro, Professor Auxiliar no Departamento de Psicologia Social e das Organizações (ISPA- Instituto Universitário).
Um dos grandes desafios para a sustentabilidade das organizações, sobretudo em tempos de transformação, passa por aglutinar colaboradores que desempenhem as suas funções de forma motivada, eficiente e resiliente. Uma das estratégias para o conseguir é a autoliderança, ou seja, o processo em que se recorre a um conjunto de estratégias comportamentais, cognitivas e emocionais, no sentido de desenvolver a motivação necessária ao desempenho das suas funções, de forma eficaz e eficiente, independentemente das condições mais ou menos adversas. No entanto, a motivação individual para o trabalho de forma autónoma e o contexto organizacional em que o colaborador está inserido são decisivos para a adoção, com sucesso, de processos de autoliderança. Assim, contextos organizacionais que promovam o empoderamento dos seus colaboradores serão mais favoráveis. De referir que estudos apresentados pelo Doutor Pedro Marques-Quinteiro mostram que este processo está associado a níveis mais elevados de inovação no desempenho das tarefas, mas, também, que a autoliderança é resiliente em ambientes de imprevisibilidade e não é afectada por comportamentos tóxicos quer por parte dos pares, quer por parte das chefias. A questão que se coloca é como é que cada qual pode treinar, porque é disto que se trata, a sua autoliderança? Algumas técnicas incluem a definição de metas e de objetivos, a criação de lembretes e a comemoração de cada meta atingida através da definição de um sistema de recompensas.
Doutorado em Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos pelo ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa, o Doutor Pedro Marques-Quinteiro desenvolve investigação em autoliderança; adaptação e performance humana em ambientes isolados, confinados e extremos; coordenação e sincronia interpessoal. Atualmente, está envolvido em diversos projetos científicos sobre a adaptação a ambientes extremos (e.g., desastres urbanos; Antártida), apoiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), o Programa Polar Português (PROPOLAR) e a Agência Espacial Europeia (ESA).
Ao longo das três sessões do Ciclo de Outono das Conferências Exploratórias, discutiu-se a importância da liderança e governança, no contexto das organizações de saúde, mas, também, a sua relevância para o trabalho em equipa e para as organizações de saúde, ensino e investigação. O mote para o próximo Ciclo de Primavera das Conferências Exploratórias é Ciência e Arte, sendo este coordenado por Paulo Navarro-Costa, investigador do ISAMB e do Instituto Gulbenkian de Ciência. Em breve, será disponibilizado o programa do novo Ciclo e, como sempre, contamos consigo!
Francisco Antunes e Joana Costa
Coordenadores do Ciclo de Outono das Conferências Exploratórias do ISAMB