Mais e Melhor
Por Um Coração Saudável - Crianças Saudáveis
![](http://news.medicina.ulisboa.pt/wp-content/uploads/2019/05/sala-vazia.jpg)
Chegamos à EB1 - O Leão de Arroios - e a sala do 1º ano está vazia por uns minutos.
Estamos na hora do intervalo e as crianças brincam efusivamente lá fora.
Na sala ouvimos apenas uma ventoinha que gira a toda a velocidade porque maio ainda agora começou, mas o calor pede que ela se esforce mais para fazer circular o ar.
Desenhos, colagens, secretárias cheias de material escolar, painéis de comportamento e as mochilas que inundam o chão, tudo parece ter vida própria numa sala cujo silêncio vai ser traído muito em breve. Somos recebidas pela Professora Célia Nunes que ajuda a preparar as mesas para a aula dinâmica que os vai sensibilizar para saberem como respeitar o seu próprio Coração.
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Mês por excelência do grande músculo do corpo humano, o Coração é tema que interessa falar nas Escolas, numa aula que pretende chegar aos próprios pais através da mensagem dos filhos.
“Por Um Coração Saudável” é o nome do programa do CCUL, o Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa, que promove de forma voluntária ações de sensibilização e educação a crianças, dos 3 aos 18 anos. Indo a diversas Escolas, pretende-se alertar para alguns comportamentos de risco que levam às doenças cardiovasculares, mas consoante as idades das crianças o discurso e a dinâmica destas ações assume abordagens diferentes. Através de histórias, teatros, debates, informação e troca de conversas, a equipa do Coração Saudável promove conceitos de uma vida saudável de forma a prevenir a doença cardiovascular. A coordenadora deste programa nas Escolas é a Ana Pinto, pós-doc do grupo de investigação de Angiogénese do CCUL e promotora desta iniciativa desde o seu início. Faz-se acompanhar por mais dois elementos do CCUL, Filipa Marques, voluntária ativa e dedicada, e Susana Constantino, que desde sempre acarinhou este Programa. Confessam que é muito gratificante saber que as crianças gostam das atividades propostas e que vão conseguir verbalizar as mensagens aprendidas, transmitindo-as aos pais: “vou dizer-lhes que não se pode fumar”; “que o coração fica doente quando comemos alimentos com muito sal, gordura e açúcar”, “que o coração saudável come comida saudável e faz exercício”.
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Hoje quem vai dar a aula é a Professora Susana Constantino, mãe experiente de três filhos pequenos e habituada a gerir atenções dos seus alunos mais crescidos de Bioquímica, na Faculdade de Medicina de Lisboa.
Enquanto a equipa prepara a sala, eu peço à Professora Célia se me leva à saída do recreio porque quero ver o que acontece quando toca a campainha. “Acabou de tocar e agora vai ver que eles vão começar a subir devagarinho para a sala de aula, mas vai reparar que vão chegar quase todos ao mesmo tempo”. A Professora já conhece os seus, não falha a previsão. À frente vem o Tiago que lidera o seu grupo e encaminha todos para a sala. Diante deles há mais 1 hora a cumprir.
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“Quem quer ouvir o seu coração?”. A Ana e a Filipa recebem-nos à entrada da sala, cada uma com um estetoscópio. Alguns olham para baixo, numa tentativa de se verem por dentro, como se isso lhes explicasse qualquer coisa que ainda não estava bem percetível.
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Junto ao quadro esperava-os a nova Professora daquela última hora de aula, a Professora Susana Constantino.
Uma pandeireta e a Leonor eram os primeiros protagonistas. Falar sobre emoções, ou sobre os ritmos que o coração assume consoante está ao colo da mãe, ou em corrida para se fazer chegar primeiro à bola de futebol. Com exemplos de perceção rápida, a Leonor acelerava ou travava o som da pandeireta a recriar o estado do seu coração. Os mais faladores começavam a dar os primeiros sinais de participação. Mas não tardou a que praticamente todos levantassem o braço no ar para responder ao desafio de participar num teatro para recriar o coração, as suas artérias e os seus bloqueios.
Incansáveis com os dedos no ar e a disputar entre respostas e soluções para todas as dúvidas apresentadas pela Professora Susana a mensagem ia passando, “é preciso cuidar deste músculo, o que é que podemos fazer para o cuidar?”.
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Colados no grande quadro de ardósia podíamos ver várias fotografias que já antecipavam discussão na certa. Batatas fritas, refrigerantes, pão com manteiga e bolachas eram as imagens mais aclamadas por todos. “Quem é que gosta da comidinha a saber muito a sal?”. “Eu!”, diziam vários em simultâneo. Mas a boa surpresa é que na lista dos produtos mais saudáveis para a alimentação equilibrada não faltou votação positiva para a água, o pão com azeite, as frutas, ou os legumes.
Para exemplificar o excesso de sal e açúcar que alguns produtos contêm tão disfarçadamente, as crianças viram qual a quantidade destes ingredientes numa porção de batatas fritas de pacote, ou numa taça de cereais com chocolate, respetivamente.
O grupo dividiu-se em três e cada um dos elementos da equipa do Coração esgotava os últimos cartuxos de mensagens que deveriam ficar gravadas na memória. Apesar dos diversos pedidos para provar os cereais com chocolate e de uma ou outra tentativa de batata frita “roubada”, só se podiam comer os morangos com as sementes.
A sala inundava-se agora em vozes múltiplas e comentários, enquanto as sementes iam pulverizando mesas e o chão. “Se eu me portar bem posso comer no final os cereais com chocolate?”, perguntava a pequena Ana a representar uma maioria que ainda assim tentou aceitar as sementes como novidade positiva do cardápio.
Eram 17h30 e a escola naquele dia chegava ao fim.
Sala arrumada e com a garantia da Professora Célia que eles tinham adorado a aula, tudo ficou vazio em segundos, com pequenos vestígios que ali poderia ter passado um vendaval e que não tinha sido causado pela ventoinha que girava na sala.
Todos os meses a equipa do Coração do CCUL entra em mais uma escola levando a cabo a mensagem que, uma vez semeada, a semente precisará apenas de ser regada, ou seja reforçada.
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Gostaria de sugerir este programa em alguma escola que conheça?
Contacte a coordenadora do programa Ana Pinto - atfpinto@medicina.ulisboa.pt
Saiba mais, aqui
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Joana Sousa
Equipa Editorial
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