Do passado ao presente
A Renovada Aula Magna da Faculdade de Medicina da UL

No primeiro dia do mês de Fevereiro deste ano pelas 10 horas teve inicio a inauguração da Aula Magna da FMUL com a atuação do Coro da Universidade de Lisboa, seguindo-se a projeção de um filme sobre a inauguração, em 1953, do Hospital de Santa Maria e da Aula Magna, Aula Máxima ou Anfiteatro Grande como era então conhecida.
Seguiram-se os discursos do Prof. Doutor Fausto J. Pinto – Diretor da FMUL; Dr. Carlos Neves Martins – Presidente do Conselho de Administração do CHULN; Prof.ª Doutora Maria do Carmo Fonseca – Presidente do IMM; Aluna Andreia Daniel – Presidente da AEFML; Prof. Doutor António Cruz Serra – Reitor da Universidade de Lisboa, estando presentes vários médicos, alguns já reformados, do CHLN e profissionais docentes e não docentes da FMUL a sua maioria ainda no ativo, assim como vários alunos.
A Sessão finalizou com o descerramento de Placa Comemorativa.

Qual Fénix renascida das cinzas como referiu na sua locução o Diretor da FMUL a Aula Magna emergia, em tempo record, após o incêndio que deflagrou, embora tivesse ficado restrito àquele local, na noite de 8 de novembro de 2017 e que foi amplamente noticiado nos meios de comunicação desde a primeira hora e durante o dia seguinte. Apesar de ter sido rapidamente extinto, a Aula Magna ficou bastante danificada salvando-se a maioria das cadeiras, que irão ser reaproveitadas posteriormente para outro local, ficando a mesa da cerimónia completamente intacta.

Atualmente depois de ter sido sujeita a um completo restauro, a Aula Magna apresenta-se com novo visual, em tons mais claros, mais moderna, predominando o tom de carvalho natural da madeira, em oposição ao antecedente carvalho com velatura escurecida, as cadeiras, no total de 314, mais espaçadas e confortáveis do que as anteriores, dando maior mobilidade aos visitantes, estofadas em tecido ignifugo verde claro (semelhante ao verde lima) contrapondo-se ao vermelho das anteriores.
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(para ver toda a sequência, clique nas setas laterais das fotos)
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Hospital Escolar de Lisboa

A construção do monumental edifício, num dos pontos mais altos da cidade (Palma de Cima), onde viria a ser instalado o Hospital Escolar de Lisboa, teve início em 1944 de acordo com o projeto do arquiteto alemão Hermann Diestel (1875-1945) e com a colaboração da Comissão Técnica dos Hospitais Escolares na pessoa do seu Presidente, o Professor Francisco Gentil. Foram ainda realizados vários estudos nomeadamente relacionados com o local e a construção propriamente dita do edifício (se em altura ou em pavilhões, dado que valor do custo do terreno era bastante acessível) ou mesmo relacionados com a sismologia.
Considerado na época como “o maior edifício e o mais completo” construído em Portugal até àquela data, somente comparado ao Convento de Mafra e apontado como símbolo “da nossa capacidade de realização e espirito de organização”, foi executado dentro dos processos da técnica mais moderna de então.
O Hospital Escolar de Lisboa foi apelidado, mais tarde, de Hospital de Santa Maria (o Rei D. João IV proclamou, em 1646, a Senhora da Conceição, padroeira de Portugal), por estar nas tradições lusitanas, desde a Idade Média, de designar o nome de um ou mais santos aos estabelecimentos hospitalares.
O Novo Hospital foi inaugurado a 27 de Abril de 1953, celebrando-se igualmente o 25º aniversário da posse do Dr. António de Oliveira Salazar no Governo, como era aspiração do governo da época, que aquela data fosse condignamente celebrada.
Na inauguração estiveram presentes o presidente da República Marechal Craveiro Lopes, inúmeros membros do governo assim como altas individualidades de vários pontos do país, tendo sido prestadas honras militares. A sessão solene da inauguração teve lugar no “magnífico anfiteatro do novo hospital”. O Anfiteatro Grande estava designado fundamentalmente para conferências, ocasiões solenes e protocolares.
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O Anfiteatro Grande ou Aula Magna da FMUL

Como referem algumas publicações da época, acerca da descrição dos vários serviços que foram sendo integrados gradualmente no Hospital Escolar de Lisboa, “existe ligado ao Corpo Longitudinal Norte, um outro Corpo, o mais avançado para Norte e nos dois pisos superiores “encontramos o Anfiteatro Grande da Faculdade de Medicina.
Para além do tom verde que predominava na decoração do grande anfiteatro existe ainda referência “à distinção no estudo dos arranjos de interiores”, no que diz respeito “a parte importante do mobiliário e ainda de muitos elementos do edifício” devendo-se à incumbência do arquiteto João Simões (1908-1995).
Muito do mobiliário existente na Faculdade de Medicina que até à data funcionava no Hospital de Santa Marta e que se encontrava em ótimas condições, foi transferido sucessivamente para as novas instalações.
Em fotografias da altura da inauguração do Hospital Escolar, constatam-se cadeiras idênticas à da fotografia em anexo, no Grande Anfiteatro. Esta cadeira de estrutura em madeira com elegantes braços curvilíneos de assento e espaldar estofados com pele de cor verde, é semelhante às cadeiras desenhadas pelo referido arquiteto para a Sala do Conselho da Faculdade de Medicina no início dos anos 50.
Apesar de algumas aulas e laboratórios da Faculdade já terem iniciado as suas funções no Novo Hospital durante o mês de Outubro, realizou-se solenemente no dia 4 de novembro de 1953 a 1ª aula do curso médico no Anfiteatro Grande proferida pelo Prof. Celestino da Costa. O Anfiteatro repleto de alunos ouviram o Prof. Catedrático de Histologia e Embriologia anunciar que por abandonar naquele ano a atividade docente, por atingir o limite de idade, a lição não iria incidir sobre a matéria da Cadeira mas iria fazer um resumo da história do ensino médico em Lisboa. Nesta mesma sessão foi nomeado professor catedrático de Neurologia o prof. extraordinário Dr. Almeida Lima.
Por ironia, passados três anos desta data, de 26 a 29 de Março de 1956, enquanto decorria em simultâneo na Aula Máxima da FMUL a XLIII Reunião de l’Association des Anatomistes realizada em Lisboa (uma das aspirações do Prof. Celestino da Costa), a XVII Reunião da Sociedade Anatómica Portuguesa e a VIII Reunião da Sociedade Anatómica Luso-Hispano-Americana, eis que se dá o súbito falecimento do Prof. Celestino da Costa.
Em assembleia geral da “Association des Anatomistes” presidida pelo Secretário-geral da Associação Prof. Beau, usou da palavra na abertura da sessão o Prof. Henrique de Vilhena a pedido da direção da associação, fazendo o elogio do seu falecido presidente com estas palavras “a morte de Celestino da Costa deixara em todos grave impressão, que dificilmente se apagará, mas que o seu falecimento se deu em plena apoteose quando se estava realizando... a reunião entre nós da “Association des Anatomistes”.
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Inovações na Aula Magna
A fim de contribuir para uma melhoria na qualidade dos espaços da Faculdade foram realizadas obras de conservação e beneficiação, no inicio de 1997, não só na Aula Magna assim como em outras instalações da FMUL tendo as mesmas sido inauguradas no dia 11 de Março daquele ano. Por esta altura as seculares cadeiras da Aula Magna foram substituídas e a cor verde dos estofos foi substituída pela cor vermelha.

Também em 2004 a Aula Magna, hall e corredores de acesso à mesma, sofreram obras de beneficiação e de apresentação condignas de modo a dignificar a Instituição. No que diz respeito propriamente à Aula Magna foram instalados meios audiovisuais que permite aos técnicos dessa área controlar de modo eficaz o som e a imagem dos eventos a decorrer naquela sala.

A Aula Magna da FMUL tem desde o seu início cumprido com o objetivo a que foi destinada, é um espaço de representação para acolher sessões formais, quer sejam para a realização de conferências, entrega de Prémios, Atos de Jubilação como por exemplo dos Professores Fernando de Pádua ou Carlos Ribeiro, Defesa de Doutoramentos como do Prof. Fausto Pinto ou da Profª Carmo Fonseca, Ações de Formação, ou Cursos de Pós-Graduação.
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Lurdes Barata
Equipa Editorial
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Bibliografia:
Faculdade de Medicina de Lisboa. Portugal Médico, vol. 37, n. 12, Dez. 1953
A inauguração do novo hospital escolar de lisboa. Jornal do Médico,1953
O plano e a orgânica. Hospital Escolar de Lisboa, [s.d.]
A reunião dos anatomistas. Jornal do Médico, 1956
http://news.medicina.ulisboa.pt/2009/04/30/remodelacoes-na-nossa-escola/
https://museus.ulisboa.pt/sites/default/files/MUHNAC-objectoMes-PT-Fev2015.pdf
