Do passado ao presente
O livro antigo da Biblioteca-CDI da FMUL : um legado que honra o passado e nos ajuda a construir o futuro
Apresentação
O acervo bibliográfico da Biblioteca-CDI da FMUL inclui um vasto e precioso núcleo de livro antigo (séculos XV a XIX), dos mais importantes dentro do género no nosso país, proveniente das antigas biblioteca conventuais extintas e de legados particulares, incluindo o de Simão José Fernandes (1793-1845).
Nesta nova rubrica, iremos destacar alguns desses tesouros, continuando a divulgar assim este património único e inestimável que nos é comum.RAUCH, François Antoine, 1762-1837
Harmonie hydro-végétale et météorologique : ou recherches sur les moyens de recréer avec nos forêts la force des températures et la régularité des saisons par des plantations raisonnées / par F.A. Rauch. - Paris : chez les frères Levrault, An X de la République [1802]. - 2 vol. ; 20 cm. –
Cota da Biblioteca-CDI da Faculdade de Medicina de Lisboa: RES. 1569 A
A Harmonie hydro-végétale et météorologique..., de François Antoine Rauch (1762-1837), é uma das primeiras obras que poderíamos dizer de política de ordenamento do território, escrita como um autêntico manifesto ecológico. Pertence ao legado de Simão José Fernandes.
Na França do período revolucionário (no pé de imprensa podemos ler "An X de la Republique", ou seja, 1802, no calendário revolucionário), como por toda a Europa ocidental, a demanda de solo cultivável levava o homem, desde há séculos, a desbravar as grandes massas florestais e a explorar os recursos naturais, de forma mais ou menos desordenada.
Esta realidade chamou a atenção do geógrafo francês François Antoine Rauch, que se tornou num dos primeiros autores a expressar preocupações que hoje diríamos ecológicas, de exploração planificada e equilibrada dos solos e recursos naturais. Se é verdade que essas preocupações estão, de há décadas a esta parte, na ordem do dia, elas surgem-nos aqui no despontar do século XIX...
A edição que integra o acervo da Biblioteca-CDI da FMUL é muito mais rara que a edição revista de 1818. Ambas tiveram, todavia, fraca receptividade no seu tempo. Um ressurgimento de interesse parece dever-se a Roger Heim, que o refere na sua obra L'Angoisse de l'an 2000 (1973).
André Rodrigues
Área de Biblioteca e Informação
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