Eventos
Beyond Med – O olhar sobre a Educação Médica
Realizou-se mais um Beyond Med, um evento que ocorre anualmente, organizado pelo Conselho Pedagógico, através do Departamento de Educação Médica e pela Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa, cujo foco é a educação médica.
Sempre questionando diferentes e novas abordagens no ensino médico, o Beyond Med promove o encontro de prestigiadas figuras nacionais e internacionais que levam a debate a pluralidade de conteúdos, abrindo novas portas de reflexão e apresentando caminhos para o futuro dos estudantes de medicina.
A conduzir a sessão deste ano estiveram João Cerqueira, Professor, Médico neurologista e Diretor do curso de Medicina da Universidade do Minho; Peter McCrorie, Professor e Diretor do Departamento de Educação Médica da University of Nicosia Medical School, no Reino Unido; Luis Portela, Médico e Presidente da Bial; Ronald Harden, Médico Endocrinologista e Professor de Educação Médica na Universidade de Dundee, no Reino Unido e laureado com o título Honoris Causa; João Eurico da Fonseca, Professor, Regente da Área Disciplinar de Introdução à Clínica da FMUL e Diretor do Serviço de Reumatologia do CHLN; Ryan Melo, Médico Interno de Cirurgia Vascular; Cláudia Faria, Neurocirurgiã em Santa Maria, Professora na FMUL e investigadora no iMM na área dos tumores cerebrais pediátricos; João Ramos, Médico de Medicina Geral e Familiar e rosto de um programa de televisão “Diga Doutor”; Maria do Céu Rueff, Jurista, Regente da disciplina de Direito na Medicina na FMUL, Membro da Comissão de Ética da FMUL/CHLN; Rui Tato Marinho, Diretor do serviço de Gastrenterologia e Hepatologia do CHLN, Professor da FMUL e Docente do Conselho Pedagógico; António Barbosa, Médico Psiquiatra e Diretor do Centro de Bioética da FMUL; Catarina Pais Rodrigues, estudante do 5º ano da FMUC e André Fernandes, Médico Interno do Ano Comum no Hospital Beatriz Ângelo.
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Num dos momentos mais aguardados do evento e considerado pelos estudantes como um dos pontos altos do dia, uma vez que é votação exclusiva deles, foi atribuído ao Professor João Eurico da Fonseca o aclamado Prémio João Gomes Pedro, que evidencia os méritos de uma figura académica da Faculdade, no âmbito do ensino.
A equipa da News@FMUL não quis deixar de ouvir a reação do próprio a este prémio. “Este Prémio João Gomes Pedro é um prémio que, embora seja individual, eu interpretei-o como um prémio do trabalho de várias equipas; uma delas é a da Reumatologia e que já trabalhamos há muitos anos e fizemos um esforço, nos últimos 10/15 anos, de desenvolver o ensino do aparelho locomotor, em geral, e em particular nas doenças reumáticas. De certeza absoluta que há uma parte da relevância da melhoria da formação na área do aparelho locomotor, e na Reumatologia em particular, que teve um ganho muito significativo nestes últimos anos. Depois um contributo no trabalho da Introdução à Clínica, da equipa de assistentes das aulas práticas e das aulas teórico-práticas e do envolvimento que tiveram na reestruturação do ensino da Introdução à Clínica. De referir, também, o staff do Instituto de Semiótica que tem um grande grau de envolvimento com todo o projeto educativo, têm motivações muito grandes, excedem-se em muitos momentos em relação àquilo que é expectável de fazerem, sem a colaboração de todas as pessoas que trabalham lá, não poderíamos ter tido sucesso no ensino. É importante assinalar que, aqui neste Instituto, trabalham os Polos Administrativos e eles de uma forma absolutamente altruísta colaboram, também, impecavelmente, no ensino a todos os níveis. Depois, também interpretando o sinal positivo deste prémio, acho que é o reconhecimento de que o feedback funciona, um sistema de ensino baseado na tentativa de compreender como é que as coisas estão a correr todos os anos, e há vários canais para isso, os nossos próprios olhos e os olhos dos assistentes. Isso dá-nos dois níveis de feedback interno, os olhos de quem está a coordenar e os olhos de quem está com o coordenador, tudo isso pode funcionar muito bem e perfeitamente num regime de auto-feedback. Há ainda o feedback dos alunos que, evidentemente, tem limites e deve ser muito bem filtrado. Isto porque nem sempre eles têm a capacidade, no momento, de perceber o que deve ser feito para corrigir; mas muitos sinais negativos, que apareçam à volta de determinado assunto, têm que ser tidos em conta. Por mais resistência psicológica que se tenha, há sempre qualquer coisa que não está a correr bem quando há muitos sinais negativos. Portanto, esses devem ser valorizados adequadamente e devem ser introduzidos no sistema de ensino. Esta evolução longa que existe de equipas motivadas e alunos atentos, a dar feedback, no meu entender produzem o progresso importante. Também acho que, associado a esse mecanismo e a essa situação de humildade, está associada a necessidade de avaliação contínua de quem está a coordenar. Deve haver uma reestruturação permanente daquilo que está a ser feito, nada é para ficar eternamente, mesmo que esteja a funcionar muito bem durante 1, 2, 3 anos, ao 4º ano já pode ser desadequado. A consciência é que as coisas têm de estar sempre a ser adequadas e identifico isso como a principal justificação a este prémio, ou seja, uma metodologia de permanente atualização em todas as áreas onde se esteja a fazer o ensino.
Para mim, pessoalmente, o prémio tem um significado adicional relacionado até com o local onde foi recebido, o Grande Auditório João Lobo Antunes. O Professor João Lobo Antunes, que foi Presidente do Conselho Pedagógico, no início dos anos 90, contribuiu durante esse período para o primeiro inquérito que foi feito aos alunos. Esse inquérito foi histórico porque não havia perguntas estruturadas, elas tiveram que ser inventadas, criadas, fez-se um template com um aspeto aceitável para que se respondesse rapidamente, mas principalmente era preciso mostrar os resultados aos professores e nós percorremos um longo caminho desse primeiro inquérito, até à atualidade. Atualmente, todos os professores estão desejosos de ver o feedback, depois podem aplicá-lo melhor ou pior, mas na altura não estavam desejosos. De tal maneira que o primeiro inquérito teve de ser publicado como um artigo científico, mais do que um report interno. Foi muito importante para debloquear as mentalidades. Nessa altura, eu era aluno representante dos discentes no Conselho Pedagógico e, por coincidência histórica, tive oportunidade de participar, de forma muito pró-ativa, nesse primeiro inquérito. Aliás, anos depois continuei a usá-los, fazendo copy / paste das perguntas, distribuía aos meus alunos e depois, mais tarde, veio aparecer o inquérito oficial. Relaciono este prémio há muitos anos e ao Professor Lobo Antunes, em particular, pela sua força interna para que tudo isto acontecesse”.
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Uma das novidades deste ano foi a possibilidade de interacção com os simuladores médicos - “Hands on the scene”, que aproxima os estudantes da sua futura realidade médica.
A equipa da Newsletter lançou o desafio ao Conselho Pedagógico de refletir sobre este evento, fazendo o roteiro do que foi mais um Beyond Med. É já no próximo mês de novembro e em nome do Conselho Pedagógico que o Professor Rui Tato Marinho vai escrever sobre este tema.
Não perca!
Programa completo aqui
Sempre questionando diferentes e novas abordagens no ensino médico, o Beyond Med promove o encontro de prestigiadas figuras nacionais e internacionais que levam a debate a pluralidade de conteúdos, abrindo novas portas de reflexão e apresentando caminhos para o futuro dos estudantes de medicina.
A conduzir a sessão deste ano estiveram João Cerqueira, Professor, Médico neurologista e Diretor do curso de Medicina da Universidade do Minho; Peter McCrorie, Professor e Diretor do Departamento de Educação Médica da University of Nicosia Medical School, no Reino Unido; Luis Portela, Médico e Presidente da Bial; Ronald Harden, Médico Endocrinologista e Professor de Educação Médica na Universidade de Dundee, no Reino Unido e laureado com o título Honoris Causa; João Eurico da Fonseca, Professor, Regente da Área Disciplinar de Introdução à Clínica da FMUL e Diretor do Serviço de Reumatologia do CHLN; Ryan Melo, Médico Interno de Cirurgia Vascular; Cláudia Faria, Neurocirurgiã em Santa Maria, Professora na FMUL e investigadora no iMM na área dos tumores cerebrais pediátricos; João Ramos, Médico de Medicina Geral e Familiar e rosto de um programa de televisão “Diga Doutor”; Maria do Céu Rueff, Jurista, Regente da disciplina de Direito na Medicina na FMUL, Membro da Comissão de Ética da FMUL/CHLN; Rui Tato Marinho, Diretor do serviço de Gastrenterologia e Hepatologia do CHLN, Professor da FMUL e Docente do Conselho Pedagógico; António Barbosa, Médico Psiquiatra e Diretor do Centro de Bioética da FMUL; Catarina Pais Rodrigues, estudante do 5º ano da FMUC e André Fernandes, Médico Interno do Ano Comum no Hospital Beatriz Ângelo.
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A equipa da News@FMUL não quis deixar de ouvir a reação do próprio a este prémio. “Este Prémio João Gomes Pedro é um prémio que, embora seja individual, eu interpretei-o como um prémio do trabalho de várias equipas; uma delas é a da Reumatologia e que já trabalhamos há muitos anos e fizemos um esforço, nos últimos 10/15 anos, de desenvolver o ensino do aparelho locomotor, em geral, e em particular nas doenças reumáticas. De certeza absoluta que há uma parte da relevância da melhoria da formação na área do aparelho locomotor, e na Reumatologia em particular, que teve um ganho muito significativo nestes últimos anos. Depois um contributo no trabalho da Introdução à Clínica, da equipa de assistentes das aulas práticas e das aulas teórico-práticas e do envolvimento que tiveram na reestruturação do ensino da Introdução à Clínica. De referir, também, o staff do Instituto de Semiótica que tem um grande grau de envolvimento com todo o projeto educativo, têm motivações muito grandes, excedem-se em muitos momentos em relação àquilo que é expectável de fazerem, sem a colaboração de todas as pessoas que trabalham lá, não poderíamos ter tido sucesso no ensino. É importante assinalar que, aqui neste Instituto, trabalham os Polos Administrativos e eles de uma forma absolutamente altruísta colaboram, também, impecavelmente, no ensino a todos os níveis. Depois, também interpretando o sinal positivo deste prémio, acho que é o reconhecimento de que o feedback funciona, um sistema de ensino baseado na tentativa de compreender como é que as coisas estão a correr todos os anos, e há vários canais para isso, os nossos próprios olhos e os olhos dos assistentes. Isso dá-nos dois níveis de feedback interno, os olhos de quem está a coordenar e os olhos de quem está com o coordenador, tudo isso pode funcionar muito bem e perfeitamente num regime de auto-feedback. Há ainda o feedback dos alunos que, evidentemente, tem limites e deve ser muito bem filtrado. Isto porque nem sempre eles têm a capacidade, no momento, de perceber o que deve ser feito para corrigir; mas muitos sinais negativos, que apareçam à volta de determinado assunto, têm que ser tidos em conta. Por mais resistência psicológica que se tenha, há sempre qualquer coisa que não está a correr bem quando há muitos sinais negativos. Portanto, esses devem ser valorizados adequadamente e devem ser introduzidos no sistema de ensino. Esta evolução longa que existe de equipas motivadas e alunos atentos, a dar feedback, no meu entender produzem o progresso importante. Também acho que, associado a esse mecanismo e a essa situação de humildade, está associada a necessidade de avaliação contínua de quem está a coordenar. Deve haver uma reestruturação permanente daquilo que está a ser feito, nada é para ficar eternamente, mesmo que esteja a funcionar muito bem durante 1, 2, 3 anos, ao 4º ano já pode ser desadequado. A consciência é que as coisas têm de estar sempre a ser adequadas e identifico isso como a principal justificação a este prémio, ou seja, uma metodologia de permanente atualização em todas as áreas onde se esteja a fazer o ensino.
Para mim, pessoalmente, o prémio tem um significado adicional relacionado até com o local onde foi recebido, o Grande Auditório João Lobo Antunes. O Professor João Lobo Antunes, que foi Presidente do Conselho Pedagógico, no início dos anos 90, contribuiu durante esse período para o primeiro inquérito que foi feito aos alunos. Esse inquérito foi histórico porque não havia perguntas estruturadas, elas tiveram que ser inventadas, criadas, fez-se um template com um aspeto aceitável para que se respondesse rapidamente, mas principalmente era preciso mostrar os resultados aos professores e nós percorremos um longo caminho desse primeiro inquérito, até à atualidade. Atualmente, todos os professores estão desejosos de ver o feedback, depois podem aplicá-lo melhor ou pior, mas na altura não estavam desejosos. De tal maneira que o primeiro inquérito teve de ser publicado como um artigo científico, mais do que um report interno. Foi muito importante para debloquear as mentalidades. Nessa altura, eu era aluno representante dos discentes no Conselho Pedagógico e, por coincidência histórica, tive oportunidade de participar, de forma muito pró-ativa, nesse primeiro inquérito. Aliás, anos depois continuei a usá-los, fazendo copy / paste das perguntas, distribuía aos meus alunos e depois, mais tarde, veio aparecer o inquérito oficial. Relaciono este prémio há muitos anos e ao Professor Lobo Antunes, em particular, pela sua força interna para que tudo isto acontecesse”.
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A equipa da Newsletter lançou o desafio ao Conselho Pedagógico de refletir sobre este evento, fazendo o roteiro do que foi mais um Beyond Med. É já no próximo mês de novembro e em nome do Conselho Pedagógico que o Professor Rui Tato Marinho vai escrever sobre este tema.
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Joana Sousa
Equipa Editorial
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