Mais e Melhor
Professora Madalena Patrício - Coordenadora do Dia do Candidato
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Responsável pela coordenação do Dia do Candidato, pelo segundo ano consecutivo, a Professora Madalena Patrício tenta colocar-se no papel do aluno, para antecipar o que o poderá interessar quando da visita à FMUL.
De grande método e muito ativa, acumula diversas funções, ao mesmo tempo que marca a sua presença em conferências e eventos espalhados pelo mundo. Com um grande sentido de responsabilidade, gosta de delegar e motivar todos aqueles que pertencem às suas equipas e, sem exceção, elogia e premeia quem torna o quase impossível em exequível.
Dona de uma energia inesgotável acaba por motivar toda a equipa para este grande desafio.
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Este Dia do Candidato continua a ser visto como um dia importante para a Faculdade?
Profª Madalena Patrício: Acho muito importante por duas razões: primeiro porque divulgamos a nossa imagem, partilhando com os potenciais candidatos aquilo que somos, não só a nossa visão e missão, mas também os aspetos mais práticos do dia-a-dia da FMUL. Tudo isto é a nossa projeção.
Depois, além disso, permitimos aos candidatos uma escolha mais informada. Este é o público que vai escolher, que vai decidir o que quer optar, pelo que a Faculdade deve valorizar os seus pontos mais fortes e dar uma visão tão positiva quanto possível, para assim podermos atrair mais alunos. Pensando nestes potenciais alunos, já lhes estamos a prestar um primeiro serviço, a dar-lhes elementos para que avaliem sem ser apenas com base naquilo que ouviram, no que leram e por aí em diante.
No ano passado, quando vi as respostas aos inquérito que fazemos no final da visita, surpreendeu-me ter lido que “já se tornava cansativo, ouvir durante o dia inteiro, o elogio que fazíamos ao ensino na FMUL”. Fiquei a pensar nisso, mas não devemos impedir que se faça este elogio, uma vez que, ao longo do dia, temos muitos preletores que vêm falar dos pontos fortes da nossa Faculdade sendo normal que cada um conte a sua experiência e a mensagem que tem para passar.
Olhando ainda para os questionários, também, percebemos que quando lhes perguntamos o que é para eles a Medicina, respondem coisas como, “paixão, dedicação, vida, futuro, descoberta”, o que me faz acreditar acho que estamos no caminho certo.
Espero muito que alguns deles possam mesmo entrar na FMUL, pelo que o Dia do Candidato é uma iniciativa que deve continuar.
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Temos um perfil de aluno que nos procura?
Profª Madalena Patrício: Grande parte dos alunos vem da área da grande Lisboa e Setúbal. Depois há uns quantos que vêm de outras zonas, algumas mais a norte, mas são mais escassos. Os da zona de Lisboa e Setúbal vão, seguramente, estar no dia do Candidato da Universidade Nova, sendo muito importante a informação que passamos sobre a FMUL, porque, inevitavelmente, vão comparar as duas Faculdades, uma vez que a Universidade Nova é o nosso concorrente mais direto em termos geográficos. Há que referir que a escolha não é apenas determinada pela qualidade que divulgamos uma vez que outros fatores pesam mais, nomeadamente o deixar a família e os eventuais apoios que possam vir a ter na zona da nova residência. Li, há pouco mais de um mês uma reportagem que referia que fazer o curso em Lisboa, em termos de alimentação e alojamento num quarto sem condições especiais, custaria sensivelmente € 700 por mês. Se for em Coimbra este valor passa para metade o que influi na decisão. Dado que o custo de optar por Lisboa é muito elevado, quem fica, ou tem apoio na cidade, ou pode não poder pagar este valor, por mais prestígio que a nossa Faculdade tenha.
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Se lhe pedisse para realçar o que nos distingue da Universidade Nova, que fatores destacaria?
Profª Madalena Patrício: Prefiro não comparar, porque gostaria que, sobretudo num país tão pequeno como o nosso, fossemos capazes de uma maior colaboração. Se bem que já existam áreas de cooperação e a RIEM (Rede de Investigação em Educação Médica) é um bom exemplo, com projetos e publicações comuns. Na generalidade as Universidades não trabalham em conjunto e não partilham os seus recursos. Isto já acontece noutros países, nomeadamente em Espanha, onde por exemplo o Centro de Simulación Médica Avanzada de IAVANTE, em Granada, abre as portas a outras Faculdades na área da Saúde bem como a profissionais de outras áreas, nomeadamente a bombeiro e polícias, entre outros. Esta cooperação faz falta em Portugal. Devíamos desenvolver mais colaboração sem nos preocuparmos tanto com a competição, deixando os alunos e o público colocarem nos pratos da balança os argumentos que entenderem. Voltando á sua pergunta, temos muitos pontos fortes enquanto Faculdade e no dia do Candidato o Professor Fausto Pinto e o Professor Joaquim Ferreira reforçaram o valor do CAML, o triângulo da Faculdade, Hospital e Investigação, ímpar quando comparado com outras Faculdades. Outros aspetos que nos diferenciam foram também abordados ao longo do dia, nomeadamente o papel do GAPIC, os estágios em Medicina Tropical em África, o programa Erasmus, a qualidade curricular do MIM e o papel da AEFML (Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisbboa).
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Na sua intervenção, nesse dia, tentou passar a mensagem do sentido humano que o futuro médico deve ter e a oportunidade para mudar o rumo da vida da sociedade em que vivemos. Acha que eles entenderam a mensagem?
Profª Madalena Patrício: Talvez não totalmente. Eu falei da Christa Mcauliffe, a professora que morreu no shutlle americano, o Challenger, 75 segundos depois do lançamento quando a nave explodiu, em janeiro de 1986. Quando falei dela, referi a resposta que deu quando lhe perguntaram o que fazia antes desta missão, “I touch the future, I teach ”. Também falei da visão, para a qual o Lancet Report nos alertou em 2010, e que fala de três níveis de ensino. No primeiro os peritos alcançam as ferramentas (conhecimentos e skills) para estarem aptos para exercer, depois, num segundo nível fala-nos da socialização em torno de valores, força motriz em educação médica nos últimos dez anos, e por fim refere a dimensão transformadora da sociedade como sendo o último nível. No contexto do Modulo III-I, Medicina Clínica, o Médico a Pessoa e o Doente (área de Introdução à Medicina) defendemos estes valores, tentando sensibilizar os alunos para a importância de transformarem para melhor a sociedade em que vivemos, sobretudo quando exercerem pelo prestígio, estatuto e capacidade social que vão ter enquanto médicos. Os alunos precisam de sentir esta responsabilidade social. Precisam de ser líderes, agentes de transformação e o nosso papel enquanto docentes é apenas alertá-los porque o caminho depois é deles. Penso que provavelmente esta mensagem não terá passado muito.
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Mas não passa por uma limitação de idade?
Profª Madalena Patrício: Não me parece que seja só a idade. Eles estão tão focados noutros aspetos que a idade não é a principal razão, até porque com 18 anos já é suposto terem maturidade para avaliar estas questões. O problema é que estes jovens estiveram a estudar sem limites, abdicando de fazer desporto, de namorar, e de outros interesses para conseguirem entrar em Medicina. O sistema de seleção assenta num exercício de memória e eles sabem que não é a responsabilidade social que os fará entrar em Medicina.
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Quer continuar a agarrar este projeto para o ano?
Profª Madalena Patrício: Em Agosto faço 70 anos e por isso a pergunta não é se quero mas, se posso. É a idade em que temos de parar.
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Quer se queira ou não?
Profª Madalena Patrício: Quer se queira ou não e eu queria muito que não fosse assim…
Antes de terminar gostava de fazer um elogio à fantástica equipa que organizou este dia. Um grande obrigado a todos.
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Joana Sousa
Equipa Editorial