Mais e Melhor
Mais um Dia Solidário pela Faculdade de Ajudar

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Solidariedade foi a palavra-chave do último dia 6 de abril.
Eram 10 horas em ponto quando chegava o autocarro da junta de freguesia de São Domingos de Benfica, com os 23 Sábios, todos eles utentes do Centro de Dia da Associação de Moradores do Bairro das Furnas, em Benfica.
À espera para os receber estávamos nós, 37 participantes, cujo esforço foi no sentido de nada faltar aos homenageados deste ano. Este seria um dia dedicado sobretudo a eles.
A acompanhá-los vinha Teresa de Carvalho, Presidente da mesa da Assembleia da Associação de moradores do Bairro das Furnas em Sete Rios, mas quem a vê em ação percebe que é um membro da família, uma neta adotada que resolveu dedicar-se a dar alegria aos mais velhos.
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“O fim da associação é tentar colmatar algumas lacunas como a solidão, sendo um bairro de pessoas com idade mais avançada, o nosso trabalho é estar ao lado destes moradores. Geralmente são pessoas que já estão a viver sozinhas, existe uma sede física onde elas vão tomar o pequeno-almoço, comer a sua torradinha e ter a sua conversa sobre a telenovela do dia anterior, têm também a possibilidade de poder ter o lanche e manter este convívio. Mas o nosso propósito é alargar o convívio também com crianças residentes e com os mais velhos, ambos têm muito para ensinar”.
Na dúvida perante a subsistência de uma associação que não recebe ajudas financeiras externas, Teresa explica, “Financiamo-nos sozinhos. A quota mensal é de um euro por mês. Com isso conseguimos fazer imensa coisa: um mega lanche no dia do idoso, passeios anuais, nomeadamente a Fátima e quase sempre no último domingo de Maio; fazemos outros passeios de dois dias e escolhemos sempre os melhores hotéis dos locais para onde vamos. Já visitámos, praticamente, todos os museus da nossa bela Lisboa, iniciativa que foi muito bem acolhida. Cada um dos participantes comparticipa com uma parte".
Este ano e pela primeira vez o Dia Solidário teve a participação de uma aluna a Ana Fernandes. Os seus olhos verdes muito brilhantes reconhecem-se ao longe, é aluna de Ciências da Saúde “estava no Facebook e vi a divulgação sobre o dia 6 de abril e pensei que tinha de vir, não me importo nada de vir sozinha para estes projetos. Faço regularmente voluntariado, um deles é na Refood, e por isso tinha de estar cá hoje, porque sinto que tenho a necessidade de ajudar. Quando chego a casa adoro partilhar tudo com os meus pais e tento trazer mais amigos para estas ações”.
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O ponto de encontro era o Pavilhão nº 3, do Estádio Universitário, ou a escola de desportos de combate.
Já instalados, era hora de escutar, pela voz de Ana Pinto Bastos, a palestra “ acalma-te e come um croissant”, uma sessão mindfulness para todas as idades.
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Por volta das onze horas, e porque a 6 de abril é também dia de comemorar e promover a atividade física, os nossos Sábios, acompanhados de alguns membros da Faculdade de Ajudar tiveram uma aula de defesa pessoal, com um Mestre de Krav Maga.
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Os restantes funcionários da FMUL furaram entre a chuva até ao Edifício da Reitoria para assistir à Conferência “ O Exercício Verde”, promovida pelos colegas do Estado Universitário no âmbito da celebração do Dia Internacional da Atividade Física.
Na qualidade de Anfitrião estava João Barreiros, Vice-reitor da Universidade de Lisboa e Professor Catedrático da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa (FMHUL). Os oradores desta palestra foram os Professores Pedro Teixeira, Duarte Araújo.
Pedro Teixeira, Professor Catedrático da FMHUL e Diretor do Programa Nacional de Promoção da Atividade Física da Direção-Geral da Saúde, que nos apresentou alguns números relativamente à prática de exercício físico pelos portugueses e dos portugueses face aos habitantes dos restantes países da União Europeia.
Duarte Araújo, Professor Associado com Agregação vindo também da FMHUL, falou-nos da importância da existência de espaços verdes durante a realização de exercício físico. Está provado que a realização de exercício físico na montanha, na praia, no campo é muito mais benéfico do que o desporto praticado dentro de quatro paredes. É muito importante a “presença do verde e do azul na realização da atividade física”, refere.
Esta conferência termina com um extraordinário espetáculo de salto à corda em grupo.
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Seguimos para a hora de almoço, na Cantina Velha da ULisboa.
Posteriormente, assistimos a uma palestra promovida pela Dr.ª Mariana Alves conjuntamente com as Enfermeiras Cristina Morais e Sílvia Ferreira, sob o tema “ Cuidados dos Idosos” em que houve lugar ao final, para a partilha da história de vida de alguns dos Sábios.
Dona Maria Alice Silva
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Há pessoas que são documentos de História viva e quando estamos diante delas, sentimos que as podemos idolatrar. A Dona Maria Alice Silva é uma delas e na verdade bem conhecida de todos nós, é uma das duas responsáveis pela pintura dos azulejos da estação de metro de Sete Rios. Mérito de umas mãos que trabalharam durante 49 anos, na Fábrica Viúva Lamego. Foi lá que pintou em azulejo e com base em moldes e maquetes de grandes mestres nacionais. Conviveu com eles de perto e foi-lhes conhecendo alguns traços de personalidade. “Trabalhei com Almada Negreiros, Júlio Pomar, Jorge Barradas, Maria Keil, Manuel Cargaleiro, Querubim Lapa, Paula Rego e Júlio Resende”. Apesar de ter convivido com todos foi Manuel Cargaleiro que mais o marcou “porque era uma pessoa muito simples, era a maneira como ele falava comigo, levava-nos bolos e tudo. Mas o Almada Negreiros também era uma pessoa muito simpática. Sabe, estes dois especialmente, lidavam connosco como se fossemos família. Por exemplo a Paula Rego conheci já mais para o fim, ela tinha um trabalho muito minucioso com uns bonecos muito pequeninos e com muita tinta, era difícil de replicar, mas era uma senhora muito simpática”.
Hoje, apesar de ter saudades da Fábrica para onde entrou com 14 anos, diz que já não teria capacidade para pintar, nem paciência para “as políticas e as greves que não deixam trabalhar, mesmo quem quer continuar”. A Dona Alice de 81 anos diz que nunca teve “canudo”, mas esquece-se que o ganhou pela grande escola da sua vida.
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Avó Rita
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O seu nome de nascimento é Alice Paiva, mas é por Rita que todos a conhecem, principalmente as pessoas que lhe tocam ao coração.
Mulher muito alta para a sua geração, viveu na África do Sul e em Moçambique, sendo muitas vezes confundida como uma mulher inglesa, ou italiana “até porque gostava de ter sempre o cabelo pintado de loiro e as pessoas achavam que as portuguesas eram todas baixinhas e gordas e de bigode”.
Dos 82 anos de vida que já traz, tem muitas histórias para contar, com três filhas nascidas em cidades diferentes, é a avó Rita de três netos e dois bisnetos e aqueles que não são de sangue, mas escolhidos pelo coração. Na matemática da sua vida tem ainda dois casamentos, sendo o segundo o seu grande amor, “o Zequinha já foi há dois anos e prefiro não falar muito”. Tinham os dois uma pequena casa na Costa de Caparica, mesmo junto à areia, e era lá que recebiam os amigos e os amigos das filhas, “rapazes e raparigas, chegavam a dormir lá uns 25, fazíamos as refeições para todos. Às vezes víamos que estavam a dormir na praia e tínhamos pena e lá vinham para nossa casa dormir, iam até à cozinha. Era de tal maneira que uma vez o meu marido chegou mais tarde e nem conseguia abrir a porta da rua”.
Ninguém retira à avó Rita tudo o que já viveu, mas um sinal na pele veio, há quatro anos, dizer-lhe que a vida tem prazos e um melanoma que lhe causou alguns “retalhos” na pele, impediu-a de vez de apanhar o sol da Caparica. Hoje brilha já sem sol direto, mas a recordar o passado e revive a vida enquanto come a sua torrada, com o galão, todas as manhãs, na Associação de moradores.
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Karley Aida
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De todo o grupo destacava-se pelas cores fortes da roupa e o risco largo que contornava os olhos. Conhecemos-lhe, apenas, o nome artístico, Karley Aida, mas se me pedissem para descobrir um nome diria que podia chamar-se Frida Khalo.
“Tudo começou nos anos 30, com o meu pai, tinha o Circo Félix, na altura eram só umas chapas, em volta, e um pano cru por cima. Veio um vendaval e o circo foi pelo ar. Nessa altura já eu tinha cinco anos e começara a trabalhar aos três, fazia contorção em cima de cadeiras. Antigamente se não trabalhavas, não comias. E por isso eu e a minha irmã fomos para as ruas, trabalhar para tentar ganhar alguma coisa, para dar ao meu pai que nos batia se não levássemos dinheiro. Estávamos na altura do Salazarismo, ninguém podia andar descalço, mas nós andávamos, tapávamos os pés com pedaços de pano apenas para disfarçar. A minha mãe abandonou-nos eu tinha três…
O tempo foi passando e estava eu e a minha irmã a fazer um número quando fomos vistas pelo Senhor Américo Covões (dono do Coliseu dos Recreios) disse que tínhamos um número de artistas e pôs-nos no Coliseu”.
Foi aí que ganharam a postura de artistas de circo e deram o salto para o mundo onde se tornaram atração única. Ganharam duas medalhas de ouro e outros troféus, mas também marcas profundas no corpo que se arriscava a números sem ensaiar. “Numa passagem de trapézio fui mal agarrada e caí, fiquei entre a vida e a morte, tinha vinte e três anos e foi aqui que perdi a hipótese de ter filhos”. Quando lhe pergunto se alguma vez se perdeu de amores, responde que pode ter amigos, mas amores nem vê-los.
Equilibrista por excelência, cantou, fez teatro e foi também atriz de cinema, deu aulas circenses. Uma história de vida que daria um livro, que já foi escrito pela própria e que pode conhecer melhor, aqui.
Mais uns dedos de conversa e era hora de partir, cada um para a sua rotina, com a certeza de que aquele dia foi Diferente, foi um dia mais Solidário!
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A Faculdade de Ajudar não pode deixar de agradecer a quem também deu uma ajuda preciosa neste dia: o serviço de catering "Coffee-Lab" que deu 30 croissants com queijo e fiambre e “O Rebuçado Pastelarias”, em Pinheiro de Loures, que deu 30 Pães de Leite.
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Participações da FMUL:
- Adriana Justo
- Alexandra Teixeira
- Ana Catarina Fernandes
- Ana Cristina Mota
- Ana Filipa Lopes
- Ana Isabel Estêvão
- Ana Tavares
- Ana Lúcia Coelho
- Ana Murteira
- Anabela Pirão
- André Fonseca
- Andreia Gaspar
- Bruno Moura
- Carine Pires
- Carlos Gonçalves
- Cristina Bastos
- Dina Rodrigues
- Ema Geraldes
- Filomena Costa
- Isabel Cameirinha
- Isabel Aguiar
- Isabel Pereira Santos
- Maria Antónia Lomba
- Maria Augusta Vieira
- Maria da Conceição Afonso
- Maria Isabel Lacerda
- Maria Luísa Pires
- Maria Lurdes Barata
- Miguel Andrade
- Nuno Rodrigues
- Paula Gomes
- Pedro Marçal
- Sara Ambrósio
- Sónia Teixeira
- Sónia Palma
- Susana Henriques
- Vivelinda Guerreiro
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Joana Sousa
Cristina Bastos
Equipa Editorial
