Nota Editorial
Desafios da FMUL em 2009-2010
O ano lectivo que se avizinha, 2009-2010, é aquele em que, pela primeira vez, a totalidade dos três primeiros anos do ciclo de estudo básicos do Curso de Mestrado em Integração Médica – CMIM - obedece à nova reforma curricular: semestralidade; efectiva integração (e não mera colagem ou justaposição) de áreas e de metodologias de ensino-aprendizagem e de avaliação; antecipação do contacto clínico; maior profundidade na envolvência ética, humanitária e universitária.
É esta filosofia e prática que se pretende que seja vivida e estimulada por discentes e docentes. Mesmo, ou sobretudo, quando possa obrigar a rever ou questionar alguns hábitos pedagógicos, situações, comodidades, “rotinas”.
Desde logo, perpassando esta filosofia pelo novo 3º ano e, naturalmente, no aperfeiçoamento e correcção do que tem sido identificado por docentes e discentes como menos bem conseguido ou mesmo frustrado e frustrante nos dois primeiros anos do CMIM.
E, na generalidade da Escola, nos três últimos anos e também outras licenciaturas, haverá que reflectir sobre a efectividade prática da diminuição real do excessivo tempo hoje utilizado nas aulas teóricas. Deseja-se, por exemplo uma outra ratio horas de contacto/horas de estudo que, em média, aponte para o valor ideal de 1/3, libertando os alunos e alunas para um sistema de ensino-aprendizagem misto (que combina o clássico modelo de aulas teóricas com áreas de ensino baseado em problemas, em regime semi-tutorial e com maior contacto pedagógico com os docentes fora das aulas), bem como para um enriquecimento e florescimento espiritual dos nossos e nossas estudantes, através da prática desportiva, actividades lúdicas e estéticas no espaço da sua Escola e da sua Universidade, num momento único e irrepetível nas suas vidas.
Haverá nisto, com certeza, algo de utópico, mas não necessariamente impossível ou longínquo, como o demonstra a prática existente noutras Faculdades.
Haverá, pois, também que partilhar experiências de ensino, aprendizagem e avaliação com outras Escolas Médicas, nacionais e estrangeiras, e a relação privilegiada com a Harvard Medical School, no contexto do programa de cooperação já em vigor, é, também nesta área e no mais vasto contexto do programa em informação e investigação translacional, e já no próximo ano lectivo, uma imensa oportunidade que há que saber agarrar.
Por sobre tudo isto, e por causa de tudo isto, tem a FMUL que se preocupar seriamente com a formação e actualização pedagógica dos seus docentes, onde, também aqui, há que exigir níveis de excelência e qualidade máximas - os mesmos que queremos exigir aos alunos e nos orgulharmos quando os alcançamos. E convém recordar que o recrutamento de docentes não se restringe ao claustro local, enriquecendo-se a Escola com contributos oriundos de outras proveniências, seja através dos professores visitantes, seja dos que ocupam vagas por concurso.
Cabe a todos os órgãos de governação da FMUL, e, bem assim, mais concretamente ao novo Departamento de Educação Médica, obter real consonância nesta área importante e espinhosa, área de máxima sensibilidade e relevância, designadamente nas acções de pós-graduação que urge empreender com docentes da FMUL, retomando o sopro iluminador do Mestrado em Educação Médica da década de 90, então inspirado pelo Prof. Gomes-Pedro.
Ao falar em pós-graduação, importa que esta mais vasta área (no que corresponde aos antigos Mestrados e Doutoramentos) seja igualmente pautada por níveis de exigência e actualidade – na renovação de áreas de escolha e de oferta, na transparência dos critérios de escolha da excelência de docentes e discentes, na qualidade pedagógica e mais valia por e para todos conseguidas. É tarefa do IFA (Instituto de Formação Avançada), em articulação com o DEM (Departamento de Educação Médica) e, naturalmente, o Conselho Científico, propor e atingir patamares de elevada qualidade nestas áreas, em qualquer caso divulgando resultados e cotejos, sem descurar a promoção e encorajamento de doutoramentos nas clássicas áreas clínicas, algumas delas tão urgentemente carentes de jovens doutorandos e doutorados.
Mas, é claro, a FMUL não é apenas o conjunto dos seus docentes e discentes.
Engloba também, sobretudo em cooperação com o Instituto de Medicina Molecular (IMM), um vasto conjunto de investigadores de assinalável e reconhecido mérito e prestígio científico e intelectual que importa continuar a saber acolher e acarinhar, em crescente interligação e diálogo mutuamente fecundantes com o Hospital Universitário de Santa Maria e o IMM, no embrião do que será o Centro Académico Universitário.
E também a FMUL dispõe de um valioso conjunto de funcionários e apoios administrativos, património único que importa manter estimulado, actuante, proactivo, atento às novas tecnologias e oportunidades, realizado, entrosado em si mesmo e no aperfeiçoamento do contacto com os docentes e discentes, num todo plural, crítico, atento e vigilante que faz do moderno ensino da Medicina a sua prioridade e razão essencial da sua opção profissional e académica.
Finalmente, mas não menos importante, a FMUL vive numa sociedade e num mundo concreto, que é o da sociedade portuguesa, hic et nunc.
A FMUL pertence à Universidade de Lisboa e serve boa comunidade científica e assistencial portuguesa.
Em tempo de múltiplas incógnitas nestas áreas, bom seria que houvesse a sabedoria necessária para evitar novos constrangimentos e peripécias financeiras em políticas de saúde, de ensino e no apoio à investigação científica, restrições essas que habitualmente têm um preço elevado a médio e longo prazo.
Também nestas áreas importa que a FMUL, através dos seus mais prestigiados e prestigiantes interlocutores, continue a assegurar intervenção e influência na polis e no mundo da política de saúde, do ensino e da ciência.
Miguel Oliveira da Silva
É esta filosofia e prática que se pretende que seja vivida e estimulada por discentes e docentes. Mesmo, ou sobretudo, quando possa obrigar a rever ou questionar alguns hábitos pedagógicos, situações, comodidades, “rotinas”.
Desde logo, perpassando esta filosofia pelo novo 3º ano e, naturalmente, no aperfeiçoamento e correcção do que tem sido identificado por docentes e discentes como menos bem conseguido ou mesmo frustrado e frustrante nos dois primeiros anos do CMIM.
E, na generalidade da Escola, nos três últimos anos e também outras licenciaturas, haverá que reflectir sobre a efectividade prática da diminuição real do excessivo tempo hoje utilizado nas aulas teóricas. Deseja-se, por exemplo uma outra ratio horas de contacto/horas de estudo que, em média, aponte para o valor ideal de 1/3, libertando os alunos e alunas para um sistema de ensino-aprendizagem misto (que combina o clássico modelo de aulas teóricas com áreas de ensino baseado em problemas, em regime semi-tutorial e com maior contacto pedagógico com os docentes fora das aulas), bem como para um enriquecimento e florescimento espiritual dos nossos e nossas estudantes, através da prática desportiva, actividades lúdicas e estéticas no espaço da sua Escola e da sua Universidade, num momento único e irrepetível nas suas vidas.
Haverá nisto, com certeza, algo de utópico, mas não necessariamente impossível ou longínquo, como o demonstra a prática existente noutras Faculdades.
Haverá, pois, também que partilhar experiências de ensino, aprendizagem e avaliação com outras Escolas Médicas, nacionais e estrangeiras, e a relação privilegiada com a Harvard Medical School, no contexto do programa de cooperação já em vigor, é, também nesta área e no mais vasto contexto do programa em informação e investigação translacional, e já no próximo ano lectivo, uma imensa oportunidade que há que saber agarrar.
Por sobre tudo isto, e por causa de tudo isto, tem a FMUL que se preocupar seriamente com a formação e actualização pedagógica dos seus docentes, onde, também aqui, há que exigir níveis de excelência e qualidade máximas - os mesmos que queremos exigir aos alunos e nos orgulharmos quando os alcançamos. E convém recordar que o recrutamento de docentes não se restringe ao claustro local, enriquecendo-se a Escola com contributos oriundos de outras proveniências, seja através dos professores visitantes, seja dos que ocupam vagas por concurso.
Cabe a todos os órgãos de governação da FMUL, e, bem assim, mais concretamente ao novo Departamento de Educação Médica, obter real consonância nesta área importante e espinhosa, área de máxima sensibilidade e relevância, designadamente nas acções de pós-graduação que urge empreender com docentes da FMUL, retomando o sopro iluminador do Mestrado em Educação Médica da década de 90, então inspirado pelo Prof. Gomes-Pedro.
Ao falar em pós-graduação, importa que esta mais vasta área (no que corresponde aos antigos Mestrados e Doutoramentos) seja igualmente pautada por níveis de exigência e actualidade – na renovação de áreas de escolha e de oferta, na transparência dos critérios de escolha da excelência de docentes e discentes, na qualidade pedagógica e mais valia por e para todos conseguidas. É tarefa do IFA (Instituto de Formação Avançada), em articulação com o DEM (Departamento de Educação Médica) e, naturalmente, o Conselho Científico, propor e atingir patamares de elevada qualidade nestas áreas, em qualquer caso divulgando resultados e cotejos, sem descurar a promoção e encorajamento de doutoramentos nas clássicas áreas clínicas, algumas delas tão urgentemente carentes de jovens doutorandos e doutorados.
Mas, é claro, a FMUL não é apenas o conjunto dos seus docentes e discentes.
Engloba também, sobretudo em cooperação com o Instituto de Medicina Molecular (IMM), um vasto conjunto de investigadores de assinalável e reconhecido mérito e prestígio científico e intelectual que importa continuar a saber acolher e acarinhar, em crescente interligação e diálogo mutuamente fecundantes com o Hospital Universitário de Santa Maria e o IMM, no embrião do que será o Centro Académico Universitário.
E também a FMUL dispõe de um valioso conjunto de funcionários e apoios administrativos, património único que importa manter estimulado, actuante, proactivo, atento às novas tecnologias e oportunidades, realizado, entrosado em si mesmo e no aperfeiçoamento do contacto com os docentes e discentes, num todo plural, crítico, atento e vigilante que faz do moderno ensino da Medicina a sua prioridade e razão essencial da sua opção profissional e académica.
Finalmente, mas não menos importante, a FMUL vive numa sociedade e num mundo concreto, que é o da sociedade portuguesa, hic et nunc.
A FMUL pertence à Universidade de Lisboa e serve boa comunidade científica e assistencial portuguesa.
Em tempo de múltiplas incógnitas nestas áreas, bom seria que houvesse a sabedoria necessária para evitar novos constrangimentos e peripécias financeiras em políticas de saúde, de ensino e no apoio à investigação científica, restrições essas que habitualmente têm um preço elevado a médio e longo prazo.
Também nestas áreas importa que a FMUL, através dos seus mais prestigiados e prestigiantes interlocutores, continue a assegurar intervenção e influência na polis e no mundo da política de saúde, do ensino e da ciência.
Miguel Oliveira da Silva