Reportagem / Perfil
Entrevista ao Prof. Doutor António Vaz Carneiro, Professor Bibliotecário da FMUL
Entrevista ao Professor António Vaz Carneiro
1. Como vê a missão e papel da Biblioteca-CDI da FMUL actualmente, quais considera serem os principais desafios, objectivos, dificuldades, etc.?
A BC/CDI tem - como no passado, de resto – um papel fundamental como fonte de informação para a assistência clínica, docência/formação e investigação no âmbito do CAML.
Os principais desafios são a manutenção da oferta de acesso à informação relevante - revistas e livros (numa altura de cortes financeiros de grandes dimensões), softwares, etc. – assim como a formação dos alunos e internos na área da pesquisa, selecção, avaliação crítica e síntese da informação médica.
2. O Professor marcou presença, como orador convidado, há poucos dias, nas XI Jornadas da APDIS - Associação Portuguesa de Documentação e Informação de Saúde -, de grande interesse, onde se discutiu o presente e o futuro das bibliotecas da saúde, não apenas no nosso país, mas a nível global, com apresentações que mostraram o que de melhor se faz neste âmbito, incluindo em países carenciados, onde as bibliotecas da saúde começam a dar os primeiros passos. Concluiu-se que as bibliotecas continuam a ter um papel fulcral no apoio a formação de jovens médicos, no apoio à investigação e prática clínica, reinventando-se a cada dia, fazendo face aos desafios emergentes. Quer comentar?
A prática clínica moderna – independentemente onde se pratique – necessita de informação de apoio à decisão em todos os campos: diagnóstico, terapêutica, prognóstico, etc. As bibliotecas de saúde têm precisamente esse papel de organizar e disponibilizar informação relevante e de qualidade que permita a manutenção da qualidade dos cuidados assistenciais. Mas também devem apoiar as actividades de ensino e investigação.
3. Assistimos à sua comunicação e retivemos, entre outras, uma questão crucial: sabemos que são publicados diariamente milhares de artigos científicos na área da saúde, com toda a relevância no trabalho dos médicos, mas não é possível que estes as conheçam todas, até porque têm muito pouco tempo disponível para o fazer. É aí que entram os profissionais de informação?
Sem dúvida. Felizmente existem hoje disponíveis fontes de informação designadas como “secundárias” e “previamente avaliadas” que seleccionam os artigos originais pela sua qualidade e relevância, avaliam-nos criticamente na sua metodologia, importância dos resultados e aplicação prática, sumariando-os para leitura rápida e eficaz.
4. Actualmente, à semelhança de outras bibliotecas universitárias, a Biblioteca-CDI aposta claramente na formação dos seus utilizadores, ao nível do desenvolvimento de competências infoliterárias que lhes permitam recuperar e gerir a informação com base na evidência científica. Até que ponto estas lhe parecem relevantes na formação dos futuros médicos/ investigadores?
Estes desempenhos autónomos são absolutamente cruciais para que os profissionais de saúde possam desempenhar capazmente as suas tarefas no século XXI. As bibliotecas da saúde devem precisamente ter como tarefas prioritárias a formação individual dos médicos e estudantes de medicina, de modo a torna-los autónomos para a selecção e uso da evidência científica. Deste modo, estarão a contribuir para manutenção da qualidade dos cuidados de saúde