Reportagem / Perfil
O que fazem alguns dos Investigadores que passaram pelo Instituto de Bioquímica?
O objectivo primordial do Instituto de Bioquímica da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa é contribuir positiva e activamente para um ensino e investigação de excelência. Tendo como missão o ensino e a investigação, muitos daqueles que por aí passam recebem uma formação científica, técnica e laboratorial que lhes permite iniciar atividade profissional em contextos diversos.
A Equipa Editorial da Newsletter foi à procura de alguns dos doutorados que passaram pelo Instituto de Bioquímica e colocou-lhes algumas questões.
Ana Salomé Veiga Henri Franquelim Sónia Henriques
Grau Académico Prémios e Bolsas Funções Actuais
Ana Salomé Veiga Terminou o doutoramento em Bioquímica - Prémio Dr. José Luís Champalimaud – 2004 e 2005
- Bolsa Marie Currie 11/2009 – 10/2012 Investigadora FCT no Instituto de Bioquímica da FMUL
Henri Franquelim Terminou o doutoramento em Ciências Biomédicas na FMUL em 2012 - Bolsa pós-Doutoramento Max Planck - 2012
- Prémio Alexandre von Humboldt -2013 Investigador no Cellular and Molecular Biophysics Department, MPIB, Martinsried, Alemanha
Sónia Henriques Terminou o doutoramento em Bioquímica na FCUL em 2008 - Bolsa Marie Currie 2008 Research Fellow no Institute for Molecular Bioscience, na Universidade de Queensland
Estes doutorandos continuam actualmente ligados à investigação em Portugal ou no estrangeiro. Tiveram o seu percurso ao nível da investigação iniciado no Instituto de Bioquímica e têm atualmente currículos com publicações de elevado impacto, prémios e múltiplas colaborações.
No seu percurso de investigadora Ana Salomé Veiga destaca “O ter conseguido uma posição de Investigador FCT, porque representa o reconhecimento do trabalho de investigação que tenho realizado, mas também porque me dá a oportunidade de trabalhar na área de investigação de péptidos anti-microbianos.”
Para além das publicações, prémios e colaborações, Henri Franquelim realça ainda “o processo de aprendizagem dentro e fora do laboratório em diversos tópicos, que me ajudaram a adquirir independência, método de trabalho e conhecimentos para o meu presente e futuro científico.”
Sónia Henriques valoriza no seu percurso “os ensinamentos científicos, o apoio e a motivação dos meus mentores Prof. Miguel Castanho (Universidade de Lisboa) e Prof. David Craik (Universidade de Queensland). Os financiamentos recebido de Portugal, Comissão Europeia e Austrália foram preciosos para o progresso da minha carreira. A participação de colaboradores de diferentes partes do mundo (e.g. Bélgica, Dinamarca, Estados Unidos da América, Austrália) tem sido inestimável.
Ana Salomé Veiga, Investigadora FCT no Instituto de Bioquímica, tem actualmente como projecto de investigação “o desenvolvimento de novos compostos antibióticos que possam ser usados no tratamento de infecções causadas por bactérias resistentes ou por biofilmes bacterianos”, o que, segundo a mesma investigadora, “ tem vindo a revelar-se um desafio. Os péptidos anti-microbianos são um grupo de moléculas considerados por muitos como candidatos a uma nova geração de agentes antibióticos.” O seu trabalho de investigação pretende desenvolver novos péptidos anti-microbianos com elevada actividade contra bactérias resistentes, mesmo quando estas se agrupam para se protegerem, formando biofilmes.
Henri Franquelim, recebeu uma bolsa Humboldt, que patrocina a cooperação de investigadores e académicos na Alemanha e no estrangeiro, e encontra-se neste momento em Munique.
O jovem investigador refere que “o facto da Fundação Alexander von Humboldt ter-me atribuído uma bolsa para jovens investigadores pós-doutorais, é para mim um reconhecimento do meu percurso científico até ao momento, mas acima de tudo um incentivo para a minha futura carreira.”
Continua a trabalhar na área da Biofísica e Biomembranas, num contexto mais direccionado para a Biologia Sintética e Nano-Engenharia. “O meu projecto pós-doutoral pretende desvendar a base molecular da alteração da curvatura de uma membrana biológica através de scaffoldings (proteínas capazes de moldar uma membrana biológica e participam em processos como endocitose, budding viral, bem como divisão celular). O objectivo consiste em recriar um sistema sintético mínimo capaz de curvar uma membrana, não utilizando para tal scaffoldings proteicos tradicionais mas sim DNA Origami, uma nanotecnologia capaz de moldar ADN em formas personalizáveis/programáveis.”
Sónia Henriques, antiga Assistente Convidada do Instituto de Bioquímica, está actualmente no Instituto de Biociência Molecular em Queensland, na Austrália. “O meu maior interesse é o desenvolvimentos de péptidos como alternativa aos terapêuticos convencionais.
Especificamente, está dedicada ao design e determinação do modo de ação de péptidos com potencial no tratamento de dois cancros distintos: cancro do estômago e leucemia. No primeiro projeto o objetivo é desenvolver novos antibióticos contra a bactéria Helicobacter Pylori, a infeção bacteriana mais comum em humanos e o maior fator de risco para o desenvolvimento de cancro gástrico. O segundo projeto envolve o desenvolvimento da próxima geração de drogas para tratar pacientes com leucemia mieloide crónica que se tornam resistentes às drogas atualmente no mercado. O seu objectivo é desenvolver terapêuticos alternativos menos susceptíveis a induzir resistência, que as drogas atualmente no mercado.”
Muitos são os desafios a que se propõem estes investigadores. Ana Salomé Veiga refere que, “Apesar de ter financiamento garantido para os próximos dois anos, tendo em conta a actual situação da Ciência em Portugal, o meu maior desafio será conseguir recursos humanos e financeiros para continuar investigação de qualidade nos anos seguintes”. Henri Franquelim, “Para além dos desafios científicos mais concretos relacionados com o meu projecto actual e projectos futuros, considero que a passagem para próxima etapa “laboral” será um dos meus maiores desafios: Fazer um segundo pós-doc vs. concorrer a posições de investigador principal? Academia vs. Industria?”. Para Sónia Henriques, “Apesar da investigação científica ser a base de progresso na sabedoria e melhoria na qualidade e prolongamento na vida Humana, muitos são os desafios enfrentados atualmente pelos investigadores de todo o mundo. Governos do mundo ocidental estão a canalizar financiamento em áreas da economia que tenham resultados práticos em tempos curtos e a desvalorizar a importância da investigação básica e pré-clínica com potenciais benefícios práticos na economia de um país a longo prazo (e.g. geração de IP, melhorias na saúde, educação e comportamento social). Para se formarem investigadores competitivos e possibilitarem descobertas importantes é necessário incentivar e financiar a ciência.”
Para estes jovens investigadores a investigação continuará assim a ser um desafio diário. O trabalho desenvolvido no Instituto de Bioquímica foi a primeira etapa de um longo percurso que se prevê e deseja com sucesso.
Equipa Editorial
news@fm.ul.pt
A Equipa Editorial da Newsletter foi à procura de alguns dos doutorados que passaram pelo Instituto de Bioquímica e colocou-lhes algumas questões.
Ana Salomé Veiga Henri Franquelim Sónia Henriques
Grau Académico Prémios e Bolsas Funções Actuais
Ana Salomé Veiga Terminou o doutoramento em Bioquímica - Prémio Dr. José Luís Champalimaud – 2004 e 2005
- Bolsa Marie Currie 11/2009 – 10/2012 Investigadora FCT no Instituto de Bioquímica da FMUL
Henri Franquelim Terminou o doutoramento em Ciências Biomédicas na FMUL em 2012 - Bolsa pós-Doutoramento Max Planck - 2012
- Prémio Alexandre von Humboldt -2013 Investigador no Cellular and Molecular Biophysics Department, MPIB, Martinsried, Alemanha
Sónia Henriques Terminou o doutoramento em Bioquímica na FCUL em 2008 - Bolsa Marie Currie 2008 Research Fellow no Institute for Molecular Bioscience, na Universidade de Queensland
Estes doutorandos continuam actualmente ligados à investigação em Portugal ou no estrangeiro. Tiveram o seu percurso ao nível da investigação iniciado no Instituto de Bioquímica e têm atualmente currículos com publicações de elevado impacto, prémios e múltiplas colaborações.
No seu percurso de investigadora Ana Salomé Veiga destaca “O ter conseguido uma posição de Investigador FCT, porque representa o reconhecimento do trabalho de investigação que tenho realizado, mas também porque me dá a oportunidade de trabalhar na área de investigação de péptidos anti-microbianos.”
Para além das publicações, prémios e colaborações, Henri Franquelim realça ainda “o processo de aprendizagem dentro e fora do laboratório em diversos tópicos, que me ajudaram a adquirir independência, método de trabalho e conhecimentos para o meu presente e futuro científico.”
Sónia Henriques valoriza no seu percurso “os ensinamentos científicos, o apoio e a motivação dos meus mentores Prof. Miguel Castanho (Universidade de Lisboa) e Prof. David Craik (Universidade de Queensland). Os financiamentos recebido de Portugal, Comissão Europeia e Austrália foram preciosos para o progresso da minha carreira. A participação de colaboradores de diferentes partes do mundo (e.g. Bélgica, Dinamarca, Estados Unidos da América, Austrália) tem sido inestimável.
Ana Salomé Veiga, Investigadora FCT no Instituto de Bioquímica, tem actualmente como projecto de investigação “o desenvolvimento de novos compostos antibióticos que possam ser usados no tratamento de infecções causadas por bactérias resistentes ou por biofilmes bacterianos”, o que, segundo a mesma investigadora, “ tem vindo a revelar-se um desafio. Os péptidos anti-microbianos são um grupo de moléculas considerados por muitos como candidatos a uma nova geração de agentes antibióticos.” O seu trabalho de investigação pretende desenvolver novos péptidos anti-microbianos com elevada actividade contra bactérias resistentes, mesmo quando estas se agrupam para se protegerem, formando biofilmes.
Henri Franquelim, recebeu uma bolsa Humboldt, que patrocina a cooperação de investigadores e académicos na Alemanha e no estrangeiro, e encontra-se neste momento em Munique.
O jovem investigador refere que “o facto da Fundação Alexander von Humboldt ter-me atribuído uma bolsa para jovens investigadores pós-doutorais, é para mim um reconhecimento do meu percurso científico até ao momento, mas acima de tudo um incentivo para a minha futura carreira.”
Continua a trabalhar na área da Biofísica e Biomembranas, num contexto mais direccionado para a Biologia Sintética e Nano-Engenharia. “O meu projecto pós-doutoral pretende desvendar a base molecular da alteração da curvatura de uma membrana biológica através de scaffoldings (proteínas capazes de moldar uma membrana biológica e participam em processos como endocitose, budding viral, bem como divisão celular). O objectivo consiste em recriar um sistema sintético mínimo capaz de curvar uma membrana, não utilizando para tal scaffoldings proteicos tradicionais mas sim DNA Origami, uma nanotecnologia capaz de moldar ADN em formas personalizáveis/programáveis.”
Sónia Henriques, antiga Assistente Convidada do Instituto de Bioquímica, está actualmente no Instituto de Biociência Molecular em Queensland, na Austrália. “O meu maior interesse é o desenvolvimentos de péptidos como alternativa aos terapêuticos convencionais.
Especificamente, está dedicada ao design e determinação do modo de ação de péptidos com potencial no tratamento de dois cancros distintos: cancro do estômago e leucemia. No primeiro projeto o objetivo é desenvolver novos antibióticos contra a bactéria Helicobacter Pylori, a infeção bacteriana mais comum em humanos e o maior fator de risco para o desenvolvimento de cancro gástrico. O segundo projeto envolve o desenvolvimento da próxima geração de drogas para tratar pacientes com leucemia mieloide crónica que se tornam resistentes às drogas atualmente no mercado. O seu objectivo é desenvolver terapêuticos alternativos menos susceptíveis a induzir resistência, que as drogas atualmente no mercado.”
Muitos são os desafios a que se propõem estes investigadores. Ana Salomé Veiga refere que, “Apesar de ter financiamento garantido para os próximos dois anos, tendo em conta a actual situação da Ciência em Portugal, o meu maior desafio será conseguir recursos humanos e financeiros para continuar investigação de qualidade nos anos seguintes”. Henri Franquelim, “Para além dos desafios científicos mais concretos relacionados com o meu projecto actual e projectos futuros, considero que a passagem para próxima etapa “laboral” será um dos meus maiores desafios: Fazer um segundo pós-doc vs. concorrer a posições de investigador principal? Academia vs. Industria?”. Para Sónia Henriques, “Apesar da investigação científica ser a base de progresso na sabedoria e melhoria na qualidade e prolongamento na vida Humana, muitos são os desafios enfrentados atualmente pelos investigadores de todo o mundo. Governos do mundo ocidental estão a canalizar financiamento em áreas da economia que tenham resultados práticos em tempos curtos e a desvalorizar a importância da investigação básica e pré-clínica com potenciais benefícios práticos na economia de um país a longo prazo (e.g. geração de IP, melhorias na saúde, educação e comportamento social). Para se formarem investigadores competitivos e possibilitarem descobertas importantes é necessário incentivar e financiar a ciência.”
Para estes jovens investigadores a investigação continuará assim a ser um desafio diário. O trabalho desenvolvido no Instituto de Bioquímica foi a primeira etapa de um longo percurso que se prevê e deseja com sucesso.
Equipa Editorial
news@fm.ul.pt