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Teste as suas raízes
As nossas origens vivem connosco, estão nos nossos genes e fazem parte do nosso património. Cada vez mais pessoas em todo o mundo tentam descobrir a sua ascendência, por onde passaram os seus antepassados. Ao respondermos a estas curiosidades ficamos também a saber um pouco mais de como era viver numa determinada época, quais as condicionantes da altura, as migrações históricas e as influências culturais.
Quem se inicia nesta actividade de encontrar as suas raízes tende a viciar-se, já que a genealogia acaba por se tornar numa espécie de jogo com o objectivo de recuar o máximo possível no tempo. Ao conhecermos os nossos antecedentes, conhecemos também a nossa família e valorizamos a herediteriedade e os valores culturais que passam de geração em geração. Como diz o presidente da Associação Portuguesa de Genealogia, José Carlos Soares Machado, “(…) só um por cento das pessoas sabe o nome dos seus trisavós.”.
O projecto de genealogia DNA Root Tester Portugal é uma parceria entre a Associação Portuguesa de Genealogia e o Instituto de Medicina Molecular (IMM). A Associação Portuguesa de Genealogia dedica-se à pesquisa genealógica, heráldica e histórica em geral e nos últimos anos surgiu uma nova área de investigação que foi a genética aplicada à genealogia. Esta nova ciência também denominada de genetealogy (das palavras genealogy - genealogia e genetic - genética) permite analisar a descedência de um ponto de vista genético fundamentado com informações históricas.
O interesse na genealogia suscita o desafio de recolher a informação dos nossos antepassados. Fotografias, cartas e as memórias pessoais são bons pontos de partida. Podem ser úteis os registos paroquiais, fundamentais para conhecer o local de baptismo, arquivos distritais, a Torre do Tombo, que pode fornecer informação digitalizada e existem alguns registos disponíveis para consultar na internet. Esta pesquisa de informação histórica pode ser complementada posteriormente com a genética através de um teste. O DNA Root Tester permite descobrir quem foram os seus antepassados remotos ou identificar parentes perdidos na história mais recente da família através de testes realizáveis com uma amostra. Este teste é fornecido num kit composto apenas por um cotonete esterilizado, que deverá ser usado para esfregar o interior da bochecha, uma cápsula para guardar o cotonete após a colheita, um envelope para o envio da amostra para o laboratório e um termo de consentimento. O kit pode ser encomendado através do website e o resultado é transmitido via web pelo acesso a uma área pessoal. O kit estará disponível a partir de Fevereiro de 2009 no website do projecto (www.dnaroottester.com).
Existem três tipos de testes distintos disponíveis para serem realizados: o estudo da ancestralidade via paterna, o estudo da ancestralidade via materna e o estudo do parentesco. A ancestralidade via paterna só pode ser analisada nos homens porque têm o cromossoma Y, que é herdado do pai e por sua vez passa apenas aos filhos do sexo masculino. A análise de segmentos de DNA deste cromossoma revela as rotas migratórias seguidas pelos antepassados do indivíduo em relação à linhagem paterna. Acreditando na existência de um ancestral comum (o “Adão”) houve uma diferenciação da população ao longo do tempo por acumulação de variações genéticas denominadas mutações. À medida que pequenos grupos populacionais migraram e colonizaram novos territórios, iam-se isolando e divergindo geneticamente dos seus antecessores pela ocorrência de mutações. Assim, cada grupo populacional confinado a uma determinada região geográfica adquiriu um perfil genético próprio e muitas das linhagens foram transmitidas de geração em geração até aos dias de hoje. Em toda a população mundial existem 18 assinaturas genéticas diferentes para o sexo masculino, correspondendo cada uma a um grupo genético, designado haplogrupo.
Em relação à ancestralidade via materna a análise é efectuada através do DNA mitocondrial. Este material genético, que se encontra em pequenas estruturas celulares produtoras da energia na célula, é herdado exclusivamente das mães. Quer os rapazes quer as raparigas recebem a mitocôndria da mãe e só as mulheres irão passar aos filhos. Isto deve-se à fertilização: quando o espermatozóide penetra no óvulo a sua contribuição para a formação do zigoto é apenas em DNA, mantendo-se as estruturas celulares do óvulo. Assim, fazendo um teste ao DNA mitocondrial, é possível estabelecer as rotas migratórias seguidas pelos antepassados do indivíduo apenas em relação à linhagem materna. São conhecidos mais de 30 grupos de DNA mitocondrial, sendo que cada grupo pode incluir vários subgrupos. O ancesteal comum destes grupos genéticos distintos poderá ter sido a “Eva mitocondrial”, que viveu há cerca de 200 mil anos na região da actual Etiópia.
Com o teste de DNA Root Tester é possível desvendar alguns dos segredos familiares que provavelmente escaparam aos registos em papel, permitindo identificar primos em 12º ou 16º grau de parentesco. Será possível perceber, por exemplo, se é descendente dos autores das gravuras de Foz Côa ou se tem ascendência judaica. Este projecto é também uma forma de aplicar os conhecimentos científicos a interesses e necessidades da comunidade em geral. Está assim ao alcance de qualquer indivíduo obter informações sobre os seus antepassados e com isso ficar a conhecer um pouco mais sobre si próprio.
Cheila Almeida
Marta Agostinho (marta-elisa@fm.ul.pt)
Unidade de Comunicação e Formação
Instituto de Medicina Molecular
http://www.imm.ul.pt
Quem se inicia nesta actividade de encontrar as suas raízes tende a viciar-se, já que a genealogia acaba por se tornar numa espécie de jogo com o objectivo de recuar o máximo possível no tempo. Ao conhecermos os nossos antecedentes, conhecemos também a nossa família e valorizamos a herediteriedade e os valores culturais que passam de geração em geração. Como diz o presidente da Associação Portuguesa de Genealogia, José Carlos Soares Machado, “(…) só um por cento das pessoas sabe o nome dos seus trisavós.”.
O projecto de genealogia DNA Root Tester Portugal é uma parceria entre a Associação Portuguesa de Genealogia e o Instituto de Medicina Molecular (IMM). A Associação Portuguesa de Genealogia dedica-se à pesquisa genealógica, heráldica e histórica em geral e nos últimos anos surgiu uma nova área de investigação que foi a genética aplicada à genealogia. Esta nova ciência também denominada de genetealogy (das palavras genealogy - genealogia e genetic - genética) permite analisar a descedência de um ponto de vista genético fundamentado com informações históricas.
O interesse na genealogia suscita o desafio de recolher a informação dos nossos antepassados. Fotografias, cartas e as memórias pessoais são bons pontos de partida. Podem ser úteis os registos paroquiais, fundamentais para conhecer o local de baptismo, arquivos distritais, a Torre do Tombo, que pode fornecer informação digitalizada e existem alguns registos disponíveis para consultar na internet. Esta pesquisa de informação histórica pode ser complementada posteriormente com a genética através de um teste. O DNA Root Tester permite descobrir quem foram os seus antepassados remotos ou identificar parentes perdidos na história mais recente da família através de testes realizáveis com uma amostra. Este teste é fornecido num kit composto apenas por um cotonete esterilizado, que deverá ser usado para esfregar o interior da bochecha, uma cápsula para guardar o cotonete após a colheita, um envelope para o envio da amostra para o laboratório e um termo de consentimento. O kit pode ser encomendado através do website e o resultado é transmitido via web pelo acesso a uma área pessoal. O kit estará disponível a partir de Fevereiro de 2009 no website do projecto (www.dnaroottester.com).
Existem três tipos de testes distintos disponíveis para serem realizados: o estudo da ancestralidade via paterna, o estudo da ancestralidade via materna e o estudo do parentesco. A ancestralidade via paterna só pode ser analisada nos homens porque têm o cromossoma Y, que é herdado do pai e por sua vez passa apenas aos filhos do sexo masculino. A análise de segmentos de DNA deste cromossoma revela as rotas migratórias seguidas pelos antepassados do indivíduo em relação à linhagem paterna. Acreditando na existência de um ancestral comum (o “Adão”) houve uma diferenciação da população ao longo do tempo por acumulação de variações genéticas denominadas mutações. À medida que pequenos grupos populacionais migraram e colonizaram novos territórios, iam-se isolando e divergindo geneticamente dos seus antecessores pela ocorrência de mutações. Assim, cada grupo populacional confinado a uma determinada região geográfica adquiriu um perfil genético próprio e muitas das linhagens foram transmitidas de geração em geração até aos dias de hoje. Em toda a população mundial existem 18 assinaturas genéticas diferentes para o sexo masculino, correspondendo cada uma a um grupo genético, designado haplogrupo.
Em relação à ancestralidade via materna a análise é efectuada através do DNA mitocondrial. Este material genético, que se encontra em pequenas estruturas celulares produtoras da energia na célula, é herdado exclusivamente das mães. Quer os rapazes quer as raparigas recebem a mitocôndria da mãe e só as mulheres irão passar aos filhos. Isto deve-se à fertilização: quando o espermatozóide penetra no óvulo a sua contribuição para a formação do zigoto é apenas em DNA, mantendo-se as estruturas celulares do óvulo. Assim, fazendo um teste ao DNA mitocondrial, é possível estabelecer as rotas migratórias seguidas pelos antepassados do indivíduo apenas em relação à linhagem materna. São conhecidos mais de 30 grupos de DNA mitocondrial, sendo que cada grupo pode incluir vários subgrupos. O ancesteal comum destes grupos genéticos distintos poderá ter sido a “Eva mitocondrial”, que viveu há cerca de 200 mil anos na região da actual Etiópia.
Com o teste de DNA Root Tester é possível desvendar alguns dos segredos familiares que provavelmente escaparam aos registos em papel, permitindo identificar primos em 12º ou 16º grau de parentesco. Será possível perceber, por exemplo, se é descendente dos autores das gravuras de Foz Côa ou se tem ascendência judaica. Este projecto é também uma forma de aplicar os conhecimentos científicos a interesses e necessidades da comunidade em geral. Está assim ao alcance de qualquer indivíduo obter informações sobre os seus antepassados e com isso ficar a conhecer um pouco mais sobre si próprio.
Cheila Almeida
Marta Agostinho (marta-elisa@fm.ul.pt)
Unidade de Comunicação e Formação
Instituto de Medicina Molecular
http://www.imm.ul.pt