Momentos
Primavera Cravo e Canela
«A Primavera é a primeira estação do ano. É na Primavera que as galinhas põem os ovos e os agricultores põem as batatas» - frase atribuída a um aluno do ensino primário.
Esta é, sem dúvida, uma explicação humorista, mas que nem por isso deixa de ter fundamento... (obviamente que não o será em relação às batatas, mas por encarar a Primavera como primeira estação do ano).
Do Latim primo vere (“antes do Verão”), tem sido simbolicamente associada, desde a antiguidade, ao recomeçar dos ciclos da natureza.
Por essa razão, quando me foi proporcionada a oportunidade de dar este contributo para a “Newsletter Electrónica da FMUL”, a primeira tentação foi redigir algo completamente diferente... muito mais poético e inspirador.
Entretanto, em conversa com alguns dos meus hipotéticos leitores sobre o tormento de o conseguir em apenas 1.000 palavras (e sem a ajuda de uma imagem), fui inspirado para uma excelente ideia, sugerida por uma colega em relação a quem fiquei muito grato.
Mas voltemos à Primavera, antes de passarmos ao cravo e à canela.
Em várias culturas ancestrais, a chegada desta estação do ano, ou mesmo o próprio dia do equinócio, dava lugar a exaltações, festejos ou rituais importantes. Em Portugal, em épocas pré-históricas o acontecimento era já solenizado; como se pode constatar por vestígios encontrados em Vila Nova de Foz Côa.
Na Europa, os povos Saxónicos, Nórdicos e Germânicos antigos celebravam em Março rituais à Deusa Eostre (Ostara ou Esther), divindade da fertilidade, do renascimento (ou ressurreição) e da aurora. Há quem veja no nome e no papel sacro atribuído a esta divindade uma relação remota com a Deusa Eos – “Deusa do Amanhecer”, na mitologia Grega.
Os cerimoniais relacionados com a Primavera, não foram só característicos de latitudes mais extremas, mas encontram-se similarmente dispersos por civilizações marcantes mais próximas do equador (Egípcios, Sumérios, Babilónios, Aztecas), incluindo mesmo alguns povos que habitaram as áreas tropicais em todo o planeta onde, curiosamente, a influência das estações do ano não é de todo perceptível.
Esta época foi sempre tão importante para a humanidade, que o ano novo Romano começava na primeira Lua Cheia de Março, com um festival dedicado à Deusa Anna Perenna.
Durante o equinócio, palavra derivada do Latim aequus (igual) e nox (noite), acontece uma curiosidade astronómica interessante ... o dia e a noite têm, em teoria, exactamente a mesma duração. Nos dois dias do ano em que o fenómeno tem lugar é mesmo possível obter-se um cálculo muito aproximado da latitude através de uma haste espetada no chão, às 12:00.
O próximo equinócio da Primavera vai ter lugar no dia 20 de Março às 11:44, hora local, altura em que poderíamos comemorar, à nossa maneira (talvez sem o simbolismo de outrora, nem rituais de renovação), a chegada da Primavera.
Porém... este ano a data acontece numa sexta-feira.
Mas, já que se trata de um dia tão importante, conotado com o recomeçar dos ciclos da natureza às nossas latitudes, porque não convidar os leitores da “news@fmul” para algo diferente do habitual?
Há muito tempo que não há notícia sobre um qualquer tipo de convívio que nos permita partilhar mais do que o tempo institucional, no qual, por motivos profissionais, estamos juntos diariamente na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Os limites regulamentares não me permitem deixar algumas considerações científicas sobre as virtudes de tais oportunidades de nos reencontrarmos para além do trabalho, os respectivos reflexos na produtividade e, sobretudo, nos benefícios que trazem ao nível da comunicação em qualquer organização. Haverá outras possibilidades e, seguramente, excelentes contribuições de autores mais habilitados para o fazerem de forma inquestionável.
A minha proposta é, contudo, muito simples e não visa, objectivamente à partida, qualquer efeito posterior na organização em que estamos inseridos, senão tão-somente um pretexto para convivermos espontaneamente para além do ambiente profissional.
O desafio é alargar-se à participação de todos, as caminhadas que alguns de nós, a um nível francamente informal, levamos a efeito num ou noutro fim-de-semana.
A participação é absolutamente livre e espontânea, ficando mesmo aberta a familiares e amigos.
O percurso deste mês será, por essa razão, provido de muitos pontos de escapatória, isto é, locais bem servidos de estacionamento ou de transportes públicos, os quais permitam facilmente abandonar ou integrar-se na caminhada em qualquer fase do trajecto.
Para se reunirem estas características e, simultaneamente, se aliciarem os menos persuadidos, foi escolhida uma das margens do Rio Tejo, na qual, para além de uma atmosfera convidativa, praias, jardins e óptimo piso, abundam as cobiçadas condições de acessibilidade.
Evocando a Primavera e viajando no tempo até à época em que entravam, por este rio acima, naus carregadas de especiarias provenientes de terras longínquas, planeou-se um percurso na frente-rio entre a Doca de Santo Amaro e a foz da Ribeira do Jamor, ou seja, paralelo a toda a simbólica Av. da Índia e perfazendo uma distância calculada de aproximadamente 10 quilómetros.
A regra principal de participação é a de que o passeio (organizado) só terá lugar se o clima nos brindar com condições atmosféricas propícias, pois, caso contrário, a data terá que ser adiada, como tem acontecido habitualmente nestas iniciativas.
Em qualquer ponto do percurso será possível juntar-se ao grupo ou abandonar a odisseia. No final, por uma quantia simbólica, quem quiser poderá ainda apreciar algumas plantas das especiarias, no Jardim Botânico Tropical, situado no Largo dos Jerónimos, ou deliciar-se com um tradicional Pastel de Belém polvilhado com canela. Estes serão mesmo os únicos custos de participação (para além de eventuais despesas de deslocação).
Para se receberem todos os dados imprescindíveis a este passeio, é apenas necessário enviar uma mensagem para o endereço mandrade@fm.ul.pt, através do qual se remeterão em resposta indicações pormenorizadas sobre o trajecto, alguns conselhos úteis, um número para eventual contacto em qualquer altura do percurso e ... a confirmação da data (assim que as previsões meteorológicas forem suficientemente seguras).
A caminhada “Primavera Cravo e Canela” fica agendada para Sábado, dia 21 de Março de 2009, a partir das 9:30.
Miguel Andrade – Instituto de Introdução à Medicina
Extensão 44542; e-mail: mandrade@fm.ul.pt
Esta é, sem dúvida, uma explicação humorista, mas que nem por isso deixa de ter fundamento... (obviamente que não o será em relação às batatas, mas por encarar a Primavera como primeira estação do ano).
Do Latim primo vere (“antes do Verão”), tem sido simbolicamente associada, desde a antiguidade, ao recomeçar dos ciclos da natureza.
Por essa razão, quando me foi proporcionada a oportunidade de dar este contributo para a “Newsletter Electrónica da FMUL”, a primeira tentação foi redigir algo completamente diferente... muito mais poético e inspirador.
Entretanto, em conversa com alguns dos meus hipotéticos leitores sobre o tormento de o conseguir em apenas 1.000 palavras (e sem a ajuda de uma imagem), fui inspirado para uma excelente ideia, sugerida por uma colega em relação a quem fiquei muito grato.
Mas voltemos à Primavera, antes de passarmos ao cravo e à canela.
Em várias culturas ancestrais, a chegada desta estação do ano, ou mesmo o próprio dia do equinócio, dava lugar a exaltações, festejos ou rituais importantes. Em Portugal, em épocas pré-históricas o acontecimento era já solenizado; como se pode constatar por vestígios encontrados em Vila Nova de Foz Côa.
Na Europa, os povos Saxónicos, Nórdicos e Germânicos antigos celebravam em Março rituais à Deusa Eostre (Ostara ou Esther), divindade da fertilidade, do renascimento (ou ressurreição) e da aurora. Há quem veja no nome e no papel sacro atribuído a esta divindade uma relação remota com a Deusa Eos – “Deusa do Amanhecer”, na mitologia Grega.
Os cerimoniais relacionados com a Primavera, não foram só característicos de latitudes mais extremas, mas encontram-se similarmente dispersos por civilizações marcantes mais próximas do equador (Egípcios, Sumérios, Babilónios, Aztecas), incluindo mesmo alguns povos que habitaram as áreas tropicais em todo o planeta onde, curiosamente, a influência das estações do ano não é de todo perceptível.
Esta época foi sempre tão importante para a humanidade, que o ano novo Romano começava na primeira Lua Cheia de Março, com um festival dedicado à Deusa Anna Perenna.
Durante o equinócio, palavra derivada do Latim aequus (igual) e nox (noite), acontece uma curiosidade astronómica interessante ... o dia e a noite têm, em teoria, exactamente a mesma duração. Nos dois dias do ano em que o fenómeno tem lugar é mesmo possível obter-se um cálculo muito aproximado da latitude através de uma haste espetada no chão, às 12:00.
O próximo equinócio da Primavera vai ter lugar no dia 20 de Março às 11:44, hora local, altura em que poderíamos comemorar, à nossa maneira (talvez sem o simbolismo de outrora, nem rituais de renovação), a chegada da Primavera.
Porém... este ano a data acontece numa sexta-feira.
Mas, já que se trata de um dia tão importante, conotado com o recomeçar dos ciclos da natureza às nossas latitudes, porque não convidar os leitores da “news@fmul” para algo diferente do habitual?
Há muito tempo que não há notícia sobre um qualquer tipo de convívio que nos permita partilhar mais do que o tempo institucional, no qual, por motivos profissionais, estamos juntos diariamente na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Os limites regulamentares não me permitem deixar algumas considerações científicas sobre as virtudes de tais oportunidades de nos reencontrarmos para além do trabalho, os respectivos reflexos na produtividade e, sobretudo, nos benefícios que trazem ao nível da comunicação em qualquer organização. Haverá outras possibilidades e, seguramente, excelentes contribuições de autores mais habilitados para o fazerem de forma inquestionável.
A minha proposta é, contudo, muito simples e não visa, objectivamente à partida, qualquer efeito posterior na organização em que estamos inseridos, senão tão-somente um pretexto para convivermos espontaneamente para além do ambiente profissional.
O desafio é alargar-se à participação de todos, as caminhadas que alguns de nós, a um nível francamente informal, levamos a efeito num ou noutro fim-de-semana.
A participação é absolutamente livre e espontânea, ficando mesmo aberta a familiares e amigos.
O percurso deste mês será, por essa razão, provido de muitos pontos de escapatória, isto é, locais bem servidos de estacionamento ou de transportes públicos, os quais permitam facilmente abandonar ou integrar-se na caminhada em qualquer fase do trajecto.
Para se reunirem estas características e, simultaneamente, se aliciarem os menos persuadidos, foi escolhida uma das margens do Rio Tejo, na qual, para além de uma atmosfera convidativa, praias, jardins e óptimo piso, abundam as cobiçadas condições de acessibilidade.
Evocando a Primavera e viajando no tempo até à época em que entravam, por este rio acima, naus carregadas de especiarias provenientes de terras longínquas, planeou-se um percurso na frente-rio entre a Doca de Santo Amaro e a foz da Ribeira do Jamor, ou seja, paralelo a toda a simbólica Av. da Índia e perfazendo uma distância calculada de aproximadamente 10 quilómetros.
A regra principal de participação é a de que o passeio (organizado) só terá lugar se o clima nos brindar com condições atmosféricas propícias, pois, caso contrário, a data terá que ser adiada, como tem acontecido habitualmente nestas iniciativas.
Em qualquer ponto do percurso será possível juntar-se ao grupo ou abandonar a odisseia. No final, por uma quantia simbólica, quem quiser poderá ainda apreciar algumas plantas das especiarias, no Jardim Botânico Tropical, situado no Largo dos Jerónimos, ou deliciar-se com um tradicional Pastel de Belém polvilhado com canela. Estes serão mesmo os únicos custos de participação (para além de eventuais despesas de deslocação).
Para se receberem todos os dados imprescindíveis a este passeio, é apenas necessário enviar uma mensagem para o endereço mandrade@fm.ul.pt, através do qual se remeterão em resposta indicações pormenorizadas sobre o trajecto, alguns conselhos úteis, um número para eventual contacto em qualquer altura do percurso e ... a confirmação da data (assim que as previsões meteorológicas forem suficientemente seguras).
A caminhada “Primavera Cravo e Canela” fica agendada para Sábado, dia 21 de Março de 2009, a partir das 9:30.
Miguel Andrade – Instituto de Introdução à Medicina
Extensão 44542; e-mail: mandrade@fm.ul.pt