Investigação e Formação Avançada
Os melhores médicos da Europa? Yes, we can!
O papel do GAPIC na formação científica dos futuros médicos
No último ano, o GAPIC para além das actividades que tem vindo a desenvolver de forma continuada, de que relevo o Programa “Educação pela Ciência”, que inicia agora a sua 17ª edição, os Cursos de formação em SPSS e de divulgação de ciência, e a atribuição da Bolsa Astrazeneca, promoveu também a atribuição das Bolsas Gulbenkian-FMUL de investigação científica e mobilidade, no âmbito de um programa com duração de um ano a que concorreu com sucesso, a iniciativa Live In - em íntima colaboração com a Secção Formativa da AEFML - que visa facilitar a participação de estudantes de medicina no quotidiano de grupos de investigação, e deu início ao Dia da Investigação na FMUL, em que se destacaram as actividades de investigação desenvolvidas por estudantes de pré-graduação. O Dia da Investigação terá este ano a sua segunda edição em dezembro, antecipando-se como ponto de destaque a apresentação dos trabalhos efectuados no âmbito das Bolsas Gulbenkian-FMUL. O balanço das actividades do GAPIC é certamente muito positivo e estimulante. Constituiu, também, estímulo para reflexão sobre a missão deste Gabinete.
Nesse exercício, recordei que entre nós, num passado ainda não tão longínquo assim, a investigação científica feita por médicos era uma raridade. Era frequentemente encarada como desnecessária, ou até desprestigiante, para a carreira de um médico que se pretendesse afirmar como um clínico praticante de excelência. Havia excepções, médicos-investigadores, muito honrosas e respeitadas por todos, claro, mas aquela era a tónica dominante há duas, três décadas atrás; um retrocesso cultural relativamente a épocas mais antigas, faço notar. As causas desse retrocesso são conhecidas, e não são só ou predominantemente económicas, relembro. Mas os tempos mudaram, mercê de vários factores concorrentes, para melhor, mesmo muito melhor.
A acção continuada, persistente, de indivíduos e grupos de opinião bem-pensantes, mas também de instituições públicas e privadas, neste último caso com nota alta para o papel de fundações, a par da melhoria substantiva de diversos factores de natureza financeira, material e logística, levou a mudanças de atitude e mentalidade notáveis, quase revolucionárias pela intensidade e rapidez. A educação médica dispõe de condições, e faculta oportunidades, que seriam impensáveis nos tempos em que fui estudante, o nosso sistema de saúde melhorou de forma admirável – conta-se agora entre os doze melhores do Mundo -, a nossa medicina e os nossos profissionais de saúde internacionalizaram-se, o mesmo sucedendo com o prestígio e reconhecimento que lhes são devidos. O reforço da boa investigação clínica que vem sendo realizada em Portugal é agora entendido como uma necessidade, um imperativo até; assumidamente para que se melhore ainda mais a qualidade da medicina praticada. Com especificidades próprias, e com antecipação e dianteira expectáveis, a investigação básica nas áreas biológicas e biomédicas seguiu comparável revolução benigna. A simbiose entre a investigação nestas áreas e nas áreas clínicas já se iniciou, e começa a dar resultados cada vez mais tangíveis.
É inquestionável o papel da investigação feita por médicos no avanço do conhecimento médico e na qualidade da prática clínica. Contudo, a articulação da actividade clínica com programas doutorais que promovam uma formação científica sólida de jovens médicos, e com a formação e funcionamento de equipas multidisciplinares em regime de parceria, entre médicos e cientistas de áreas básicas (biológicas, entre outras), exige visão institucional ampla e apoiada por logística adequada. Na nossa Faculdade, o Centro Académico, pelo seu posicionamento interinstitucional e pela sua missão explícita, encontra-se em situação de privilégio para dar este apoio logístico, que já iniciou e a um ritmo notável. Por seu lado, o GAPIC encontra-se também em excelente posição para estimular o gosto e respeito pela investigação científica num período crítico da formação dos futuros médicos, a pré-graduação. O GAPIC pretende continuar a melhoria de articulação com o Centro Académico e com a Associação de Estudantes, para que a vivência científica constitua parte integrante da cultura dos nossos estudantes. Penso que, no curto prazo, a nossa Instituição poderá vir a constituir modelo extensível a todo o País de modo a que, para além de excelência na actividade clínica (já reconhecida), atinjamos também nível de excelência na investigação clínica e biomédica realizada por médicos; para que tenhamos os melhores médicos da Europa?!
Objectivo possível? Penso que sim. As verdadeiras revoluções operadas nos sistemas de saúde e de investigação científica portugueses, em tempo recorde, são prova da nossa capacidade de cumprir objectivos ambiciosos. Recapitulo o mote de campanha do Presidente Obama... Os melhores médicos da Europa? YES, WE CAN!
João Ferreira
Coordenador do GAPIC
gapicmail@fm.ul.pt
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