Nota Editorial
Mensagem do Director aos Novos Alunos da FMUL
Prof. Doutor José Fernandes e Fernandes
Director da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
A Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa organiza, como vem sendo hábito, uma cerimónia de saudação para os seus novos alunos.
Nesta ocasião queria começar por vos felicitar pelo sucesso, pelo “achievement” que, nos dias de hoje é, ainda, o acesso ao curso de Medicina, e desejar-vos em nome de toda a Faculdade de Medicina, isto é, de todos os seus Docentes e funcionários, as melhores boas-vindas e os votos de felicidades na vossa passagem por esta casa.
Esta é uma ocasião própria para falarmos sobre a vossa escolha, porque razão querem ser médicos, sobre o que é a Medicina de hoje e do futuro próximo e também sobre as responsabilidades, os deveres e os direitos inerentes à profissão médica, que alguém definiu como “o maior benefício para a Humanidade”.
A Semana de Introdução é uma espécie de crash course sobre a Medicina, a Faculdade, como vai ser o ensino, o que se espera de vós, pretende abrir horizontes e despertar-vos para a Cultura e para a Arte, mostrar-vos as oportunidades tão diversificadas que a formação médica proporciona e sensibilizar-vos para a outra dimensão da Vida que é tão relevante na Medicina e que tem sido apanágio dos Médicos que na nossa Comunidade souberam honrar a Ciência e a Arte: refiro-me ao Altruísmo, ao Dever não só de Fazer Bem mas, também, de Fazer o Bem.
O nosso objectivo é, para além de vos proporcionar educação profissional e formação técnica, contribuir para uma Educação Superior, uma educação do espírito e o seu objectivo primeiroé, como escreveu Ortega y Gasset “formar homens e mulheres cultos, capazes de possuir uma noção clara da concepção do mundo, do carácter e limites da ciência e da evolução histórica da humanidade”.
Esta é a primeira prioridade da Universidade e um primeiro desafio que vos deixo: a educação do espírito, a aquisição de Cultura e de Conhecimento, de modo a que possam vir a ser cidadãos conscientes, cultos e informados e, desse modo, possam agir, com consequência, para o progresso da Sociedade.
A oportunidade é vossa; não a desperdicem, não sejam indiferentes, sejam exigentes, tenham o espírito desperto e ávido para a Ciência e para a Cultura, nas suas múltiplas expressões.
É fundamental que saibam que a Cultura, a capacidade de compreender o mundo e as pessoas, na sua espantosa diversidade, constituem um trunfo indispensável à prática da Boa Medicina.
Um bom Médico deve ser culto, porque só assim poderá compreender a Pessoa doente em toda a plenitude da sua condição humana, e desse modo agir sobre ela, tratando-a e aliviando o seu sofrimento.
A Medicina é uma Ciência, mas é também uma Arte, porque lida com a imprevisibilidade do fenómeno humano, tem que aceitar a incerteza que advém do conhecimento ainda insuficiente da Vida, dos mecanismos essenciais da Doença, e lembrem-se da nossa ignorância e da procura incessante para a cura de doenças como o Cancro, a Sida e outras doenças degenerativas, do aparelho circulatório e do sistema nervoso, que marcam de forma tão trágica a vida contemporânea.
Como Ciência é a mais jovem de todas elas, mas não é uma Ciência exacta, como a Matemática ou outras Ciências da Natureza.
Os seus alicerces, os fundamentos da Medicina Científica, são a Biologia, celular e molecular, a Anatomia do corpo humano, a Bioquímica, a Fisiologia, a Imunologia, a Genética que irão começar a estudar agora para vos habilitar com o conhecimento indispensável à compreensão da Doença e dos seus mecanismos, do Doente e das suas reacções e da sua adaptação à disfunção orgânica e mental.
São conhecimentos essenciais não os menosprezem!
Têm um curso que é diferente e, por essa razão, vai exigir de vós uma atitude nova.
Irá exigir de vós um exercício mental de relacionação das matérias, e não apenas de memorização para o exame final e uma boa nota, para que tudo fosse esquecido no dia seguinte.
Os exames serão integrados, adequados ao modelo de ensino, e desse modo procurámos reduzir a enorme sobrecarga de avaliações com que eram confrontados.
Pedimo-vos uma atitude mental participativa, exigente, que acompanhe as matérias ensinadas no dia a dia, e que não fiquem na expectativa do período pré-exames para um estudo apressado e atabalhoado.
Um outro objectivo é estimular a vossa curiosidade científica ao longo do Curso. Nesse sentido desenhámos percursos opcionais onde poderão realizar um projecto de investigação, tutorizado, que vos inicie na prática da Ciência e eventualmente desperte o vosso interesse.
O bom Médico é aquele que sabe combinar o conhecimento científico com a Arte da profissão, isto é, com a capacidade de compreensão da Pessoa doente na sua globalidade, que pratica humanidade no trato, dedicação e espírito de serviço.
Estes são os verdadeiros atributos, o “ethos” da profissão médica.
Só se pode diagnosticar e tratar aquilo que se conhece, que se estudou, que se aprendeu, e por isso não me canso de repetir que o Curso de Medicina não só é difícil, é preciso que o seja, porque a ignorância é inaceitável em Medicina, é uma traição à Vocação e aos valores essenciais da profissão médica.
Proponho-vos um compromisso mútuo:
Da nossa parte, procuraremos fazer o melhor para vos oferecer ensino de qualidade, de nível, para vos ajudar no vosso desenvolvimento pessoal e académico, com motivação, entusiasmo e horizontes.
Da vossa parte, esperamos o cumprimento de um conjunto de normas éticas que configuram a responsabilidade moral e profissional do estudante de Medicina e que vos convido a meditar e a interiorizar:
Dever de cooperação e lealdade entre vós e para com os vossos
Docentes
Empenhamento e dedicação na vossa vida académica, o que pressupõe dever de pontualidade nas actividades docentes, participação interessada, honestidade pessoal e integridade moral na vossa actuação diária.
Respeito pelos vossos docentes e por vós próprios, o que impedirá actuações inaceitáveis de deslealdade, quer na assiduidade, quer nas provas de avaliação, isto é, conduta responsável, atenta e empenhada em todas as actividades em que estiverem envolvidos
Cumprimento das vossas obrigações académicas: o lema que vos proponho é este “a perfeição é o objectivo, mas a excelência será tolerada”
Lembrem-se que a vossa actuação se irá desenrolar em Instituições de Saúde, hospitais e Centros de Saúde, lidando com doentes e que isso vos obriga a um conjunto de deveres que constituem o património ético e moral da profissão médica:
Respeito pelo Doente, pela sua intimidade e integridade e pelos
seus familiares
Dever de confidencialidade em tudo o que envolva os Doentes e a actividade clínica
Compreensão, Humanidade e Seriedade no contacto com os Doentes e com todos os diferentes profissionais de Saúde, nunca ultrapassando os limites da vossa actuação como alunos
Apresentação cuidada e limpa, respeito pelo silêncio e tranquilidade indispensáveis nas Instituições de Saúde e necessário aos doentes
Prevenção de situações equívocas e de intimidade com os doentes, no exercício da vossa actividade
Renovo os meus votos de Sucesso e Felicidades.
Sejam ambiciosos, aspirem alto e sejam felizes.
Director da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
A Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa organiza, como vem sendo hábito, uma cerimónia de saudação para os seus novos alunos.
Nesta ocasião queria começar por vos felicitar pelo sucesso, pelo “achievement” que, nos dias de hoje é, ainda, o acesso ao curso de Medicina, e desejar-vos em nome de toda a Faculdade de Medicina, isto é, de todos os seus Docentes e funcionários, as melhores boas-vindas e os votos de felicidades na vossa passagem por esta casa.
Esta é uma ocasião própria para falarmos sobre a vossa escolha, porque razão querem ser médicos, sobre o que é a Medicina de hoje e do futuro próximo e também sobre as responsabilidades, os deveres e os direitos inerentes à profissão médica, que alguém definiu como “o maior benefício para a Humanidade”.
A Semana de Introdução é uma espécie de crash course sobre a Medicina, a Faculdade, como vai ser o ensino, o que se espera de vós, pretende abrir horizontes e despertar-vos para a Cultura e para a Arte, mostrar-vos as oportunidades tão diversificadas que a formação médica proporciona e sensibilizar-vos para a outra dimensão da Vida que é tão relevante na Medicina e que tem sido apanágio dos Médicos que na nossa Comunidade souberam honrar a Ciência e a Arte: refiro-me ao Altruísmo, ao Dever não só de Fazer Bem mas, também, de Fazer o Bem.
O nosso objectivo é, para além de vos proporcionar educação profissional e formação técnica, contribuir para uma Educação Superior, uma educação do espírito e o seu objectivo primeiroé, como escreveu Ortega y Gasset “formar homens e mulheres cultos, capazes de possuir uma noção clara da concepção do mundo, do carácter e limites da ciência e da evolução histórica da humanidade”.
Esta é a primeira prioridade da Universidade e um primeiro desafio que vos deixo: a educação do espírito, a aquisição de Cultura e de Conhecimento, de modo a que possam vir a ser cidadãos conscientes, cultos e informados e, desse modo, possam agir, com consequência, para o progresso da Sociedade.
A oportunidade é vossa; não a desperdicem, não sejam indiferentes, sejam exigentes, tenham o espírito desperto e ávido para a Ciência e para a Cultura, nas suas múltiplas expressões.
É fundamental que saibam que a Cultura, a capacidade de compreender o mundo e as pessoas, na sua espantosa diversidade, constituem um trunfo indispensável à prática da Boa Medicina.
Um bom Médico deve ser culto, porque só assim poderá compreender a Pessoa doente em toda a plenitude da sua condição humana, e desse modo agir sobre ela, tratando-a e aliviando o seu sofrimento.
A Medicina é uma Ciência, mas é também uma Arte, porque lida com a imprevisibilidade do fenómeno humano, tem que aceitar a incerteza que advém do conhecimento ainda insuficiente da Vida, dos mecanismos essenciais da Doença, e lembrem-se da nossa ignorância e da procura incessante para a cura de doenças como o Cancro, a Sida e outras doenças degenerativas, do aparelho circulatório e do sistema nervoso, que marcam de forma tão trágica a vida contemporânea.
Como Ciência é a mais jovem de todas elas, mas não é uma Ciência exacta, como a Matemática ou outras Ciências da Natureza.
Os seus alicerces, os fundamentos da Medicina Científica, são a Biologia, celular e molecular, a Anatomia do corpo humano, a Bioquímica, a Fisiologia, a Imunologia, a Genética que irão começar a estudar agora para vos habilitar com o conhecimento indispensável à compreensão da Doença e dos seus mecanismos, do Doente e das suas reacções e da sua adaptação à disfunção orgânica e mental.
São conhecimentos essenciais não os menosprezem!
Têm um curso que é diferente e, por essa razão, vai exigir de vós uma atitude nova.
Irá exigir de vós um exercício mental de relacionação das matérias, e não apenas de memorização para o exame final e uma boa nota, para que tudo fosse esquecido no dia seguinte.
Os exames serão integrados, adequados ao modelo de ensino, e desse modo procurámos reduzir a enorme sobrecarga de avaliações com que eram confrontados.
Pedimo-vos uma atitude mental participativa, exigente, que acompanhe as matérias ensinadas no dia a dia, e que não fiquem na expectativa do período pré-exames para um estudo apressado e atabalhoado.
Um outro objectivo é estimular a vossa curiosidade científica ao longo do Curso. Nesse sentido desenhámos percursos opcionais onde poderão realizar um projecto de investigação, tutorizado, que vos inicie na prática da Ciência e eventualmente desperte o vosso interesse.
O bom Médico é aquele que sabe combinar o conhecimento científico com a Arte da profissão, isto é, com a capacidade de compreensão da Pessoa doente na sua globalidade, que pratica humanidade no trato, dedicação e espírito de serviço.
Estes são os verdadeiros atributos, o “ethos” da profissão médica.
Só se pode diagnosticar e tratar aquilo que se conhece, que se estudou, que se aprendeu, e por isso não me canso de repetir que o Curso de Medicina não só é difícil, é preciso que o seja, porque a ignorância é inaceitável em Medicina, é uma traição à Vocação e aos valores essenciais da profissão médica.
Proponho-vos um compromisso mútuo:
Da nossa parte, procuraremos fazer o melhor para vos oferecer ensino de qualidade, de nível, para vos ajudar no vosso desenvolvimento pessoal e académico, com motivação, entusiasmo e horizontes.
Da vossa parte, esperamos o cumprimento de um conjunto de normas éticas que configuram a responsabilidade moral e profissional do estudante de Medicina e que vos convido a meditar e a interiorizar:
Dever de cooperação e lealdade entre vós e para com os vossos
Docentes
Empenhamento e dedicação na vossa vida académica, o que pressupõe dever de pontualidade nas actividades docentes, participação interessada, honestidade pessoal e integridade moral na vossa actuação diária.
Respeito pelos vossos docentes e por vós próprios, o que impedirá actuações inaceitáveis de deslealdade, quer na assiduidade, quer nas provas de avaliação, isto é, conduta responsável, atenta e empenhada em todas as actividades em que estiverem envolvidos
Cumprimento das vossas obrigações académicas: o lema que vos proponho é este “a perfeição é o objectivo, mas a excelência será tolerada”
Lembrem-se que a vossa actuação se irá desenrolar em Instituições de Saúde, hospitais e Centros de Saúde, lidando com doentes e que isso vos obriga a um conjunto de deveres que constituem o património ético e moral da profissão médica:
Respeito pelo Doente, pela sua intimidade e integridade e pelos
seus familiares
Dever de confidencialidade em tudo o que envolva os Doentes e a actividade clínica
Compreensão, Humanidade e Seriedade no contacto com os Doentes e com todos os diferentes profissionais de Saúde, nunca ultrapassando os limites da vossa actuação como alunos
Apresentação cuidada e limpa, respeito pelo silêncio e tranquilidade indispensáveis nas Instituições de Saúde e necessário aos doentes
Prevenção de situações equívocas e de intimidade com os doentes, no exercício da vossa actividade
Renovo os meus votos de Sucesso e Felicidades.
Sejam ambiciosos, aspirem alto e sejam felizes.