Reportagem / Perfil
Entrevista Prof. Fausto J. Pinto, Presidente da Direcção da AIDFM
Na comemoração do 20º Aniversário da Associação para a Investigação e Desenvolvimento da FMUL, a newsletter institucional entrevistou o Presidente da Direcção, Prof. Fausto Pinto
Newsletter: Professor, de que forma, nestes 20 anos, a Associação para a Investigação e Desenvolvimento da FMUL (AIDFM) tem desenvolvido iniciativas, concretizando a ligação entre as actividades da Faculdade de Medicina de Lisboa e a comunidade?
Professor Fausto Pinto: A AIDFM comemora, este ano, os seus vinte anos de existência. Foi criada por um grupo de docentes da Faculdade, com o objectivo de termos uma estrutura que permitisse uma maior agilização e flexibilização operacional, nomeadamente na gestão de projectos científicos, incluindo a preparação de concursos a projectos de investigação, em particular na área clínica, embora não limitada a essa área. Para além disso, tinha como objectivo permitir uma ligação entre os vários investigadores, quer da Faculdade quer do Hospital, que pudessem ter nessa estrutura a capacidade de agilizar tudo aquilo que fossem os mecanismos e as operações que permitissem fazer melhor a sua investigação.
Desde o início, um dos seus objectivos principais foi, pois, estabelecer uma ligação estreita à Faculdade e aos seus membros. À medida que os anos vão passando, a AIDFM tem crescido de forma exponencial e tem vindo a dedicar-se, igualmente, a um conjunto mais vasto de outras actividades (claro que a sua actividade principal continua a ser a gestão de projectos. Neste momento, temos mais de 200 projectos que estão sob gestão da AIDFM). Nesse sentido, foi criada uma estrutura profissional que permite, actualmente, um conjunto vasto de operações, incluindo, como objectivo principal, o apoio à preparação de candidaturas, nacionais e internacionais, com resultados bem palpáveis. E esse sucesso tem-se registado não só nas candidaturas a estruturas nacionais, como a FCT, ou estruturas privadas, como a Fundação Calouste Gulbenkian e outras, mas também a estruturas internacionais, como no âmbito da Comissão Europeia, onde temos tido alguns projectos que têm sido geridos pela Associação.
Para além disso, esta tem também organizado um largo conjunto de vários eventos, nomeadamente a gestão e organização de eventos científicos em várias áreas, bem como alguns congressos e reuniões que têm já uma certa história. Estou a lembrar-me, por exemplo, na área da cardiologia, do Congresso "As novas fronteiras em cardiologia", que já vai para a sua quarta edição, e que foi sempre organizado integralmente pela Associação, bem como muitas outras organizações. Também tem havido uma colaboração muito estreita com outras instituições e tem participado, de alguma maneira, em termos de colaboração na gestão de projectos de instituições fora da Faculdade, como seja, por exemplo, o INSA – o Instituto Ricardo Jorge ou o Alto Comissariado para a Saúde, com quem tem tido uma colaboração estreita.
Em resumo, acho que podemos afirmar que ao longo dos anos, a AIDFM tem vindo a acentuar este carácter de apoio aos investigadores da Instituição, dando-lhes uma plataforma onde podem encontrar uma resposta ágil, dinâmica e profissional, àquilo que são as necessidades de quem investiga e necessita de uma estrutura que lhe dê esse apoio. Criámos, assim, uma estrutura profissional, que inclui todos os instrumentos que são necessários à concretização dos seus objectivos.
Newsletter: A AIDFM é um importante pólo dinamizador da investigação na área das ciências médicas. Quais são os seus principais projectos, nas diversas áreas temáticas, a nível nacional e internacional?
Professor Fausto Pinto: A AIDFM é uma estrutura transversal e englobante, pelo que todas as áreas temáticas existentes na instituição são bem-vindas, dependendo dos investigadores os temas/projectos que trazem para a Associação. A título de exemplo, posso referir que há três Centros de Investigação principais que são geridos pela AIDFM, nomeadamente o Centro de Cardiologia da Universidade de Lisboa, o Centro de Medicina Preventiva e o das Doenças Metabólicas e Alimentares. Para além destes centros, há depois um conjunto de variadíssimas áreas em que a AIDFM tem sido chamada a colaborar na gestão de projectos, organização de eventos, etc. Estas áreas vão desde a Pneumologia à Pediatria, Gastroenterologia, Neurociências, Psiquiatria, Doenças Infecciosas, entre outras, onde há investigadores que, por uma razão ou por outra, têm projectos a ser geridos pela AIDFM.
Há também um Centro muito importante da FMUL, que é o Centro de Medicina Baseada na Evidência, que tem a gestão feita através da AIDFM. Se virmos a listagem dos 226 projectos actualmente a ser geridos pela AIDFM, poderemos concluir que praticamente todas as áreas do conhecimento médico estão envolvidas. Nesse sentido, sentimo-nos bastante satisfeitos pelo facto de os colegas destas mais variadas áreas depositarem em nós a confiança necessária para fazermos a gestão dos seus projectos.
O nosso principal objectivo é prestar um serviço à comunidade científica da instituição, no sentido de facilitar todos os processos logísticos e operacionais que permitam uma actividade eficaz e produtiva. Tudo isto em estreita colaboração com a Direcção da FMUL, com quem há um relacionamento de grande cooperação e visão estratégica comum.
Newsletter: Para terminar, quais são os principais objectivos para o futuro e como prevê a AIDFM na próxima década?
Professor Fausto Pinto: Penso que, cada vez mais, estruturas como a AIDFM, que existem em praticamente todas as outras universidades, embora sejam de gestão autónoma, são muito importantes para ajudarem ao desenvolvimento das instituições principais a que estão ligadas. No fundo, a AIDFM não é mais do que uma ferramenta de apoio à FMUL, e até me atreveria a dizer, numa visão mais ampla, ao CAML. Aliás, gostaria que este fosse um dos objectivos de futuro: a AIDFM como um instrumento importante de colaboração e de cooperação no desenvolvimento de projectos de vária índole, contribuindo para atingir alguns dos objectivos principais que o CAML tem em mente.
A AIDFM é, assim, não mais do que uma ferramenta a ser utilizada pelas estruturas principais a que está naturalmente ligada, como facilitadora de mecanismos operacionais, relacionados com várias actividades que essas instituições têm, em particular na área da investigação clínica. E, portanto, nesse sentido, acho que estruturas como a associação são cada vez mais importantes, precisamente pelo papel facilitador fundamental que têm, hoje em dia, em estruturas modernas que se pretendem ágeis na capacidade de competirem num mundo global. Se queremos ter acesso a estruturas tão complexas como a Comissão Europeia, com o objectivo de concorrer a fundos europeus, estar integrados em redes internacionais, etc., é necessária uma agilidade que estruturas como a AIDFM possuem.
Pelo facto de a AIDFM ser uma instituição de utilidade pública, com o estatuto de mecenato, está sujeita, como é óbvio, a todas as regras de transparência fiscal, contabilística, etc., com várias auditorias durante o ano e, portanto, com toda a estrutura legal que permite, tranquilamente, desenvolver essas actividades. Assim, estruturas como esta vão ser, cada vez mais, importantes para melhorar a produção e a funcionalidade de instituições que são muito grandes, como é o caso da FMUL e do CAML.
Portanto, em termos dos próximos anos da AIDFM, vejo-a cada vez mais como uma ferramenta de apoio à FMUL / CAML, para agilização, facilitação, promoção de tudo aquilo que tem que ver com as actividades de investigação e organizativas destas estruturas, permitindo desburocratizar alguns processos e tornar a gestão mais rentável. Por isso, vejo com bons olhos o futuro da AIDFM no apoio à investigação na área médica. E queria sobre isto dizer um ou dois pontos importantes: uma área muito importante é a dos ensaios clínicos; está a desenvolver-se, neste momento, na instituição, um centro de investigação clínica com o objectivo de agilizar este processo; e dizer que Portugal tem sido relegado, nestes últimos tempos, para segundo plano e uma das razões por que isso acontece é, precisamente, a rigidez e a demora dos processos, o que faz com que Portugal deixe de ser atractivo. Isto é extremamente grave, uma vez que estes projectos permitem o acesso a procedimentos diagnósticos e terapêuticos inovadores, e não sendo prioritários neste momento, isso também afasta investimentos financeiros que são fundamentais.
Estruturas como a AIDFM, em colaboração, naturalmente, com as estruturas hospitalares e académicas, em particular num hospital universitário como o nosso, podem ter um papel fundamental, conjuntamente com os investigadores, em particular com os investigadores que têm peso na área da investigação clínica em termos internacionais, na valorização da instituição, permitindo colocá-la no primeiro plano da investigação clínica em termos nacionais. Temos condições para isso e a AIDFM pode ter um instrumento fundamental para esse desiderato.
Equipa Editorial
news@fm.ul.pt
Newsletter: Professor, de que forma, nestes 20 anos, a Associação para a Investigação e Desenvolvimento da FMUL (AIDFM) tem desenvolvido iniciativas, concretizando a ligação entre as actividades da Faculdade de Medicina de Lisboa e a comunidade?
Professor Fausto Pinto: A AIDFM comemora, este ano, os seus vinte anos de existência. Foi criada por um grupo de docentes da Faculdade, com o objectivo de termos uma estrutura que permitisse uma maior agilização e flexibilização operacional, nomeadamente na gestão de projectos científicos, incluindo a preparação de concursos a projectos de investigação, em particular na área clínica, embora não limitada a essa área. Para além disso, tinha como objectivo permitir uma ligação entre os vários investigadores, quer da Faculdade quer do Hospital, que pudessem ter nessa estrutura a capacidade de agilizar tudo aquilo que fossem os mecanismos e as operações que permitissem fazer melhor a sua investigação.
Desde o início, um dos seus objectivos principais foi, pois, estabelecer uma ligação estreita à Faculdade e aos seus membros. À medida que os anos vão passando, a AIDFM tem crescido de forma exponencial e tem vindo a dedicar-se, igualmente, a um conjunto mais vasto de outras actividades (claro que a sua actividade principal continua a ser a gestão de projectos. Neste momento, temos mais de 200 projectos que estão sob gestão da AIDFM). Nesse sentido, foi criada uma estrutura profissional que permite, actualmente, um conjunto vasto de operações, incluindo, como objectivo principal, o apoio à preparação de candidaturas, nacionais e internacionais, com resultados bem palpáveis. E esse sucesso tem-se registado não só nas candidaturas a estruturas nacionais, como a FCT, ou estruturas privadas, como a Fundação Calouste Gulbenkian e outras, mas também a estruturas internacionais, como no âmbito da Comissão Europeia, onde temos tido alguns projectos que têm sido geridos pela Associação.
Para além disso, esta tem também organizado um largo conjunto de vários eventos, nomeadamente a gestão e organização de eventos científicos em várias áreas, bem como alguns congressos e reuniões que têm já uma certa história. Estou a lembrar-me, por exemplo, na área da cardiologia, do Congresso "As novas fronteiras em cardiologia", que já vai para a sua quarta edição, e que foi sempre organizado integralmente pela Associação, bem como muitas outras organizações. Também tem havido uma colaboração muito estreita com outras instituições e tem participado, de alguma maneira, em termos de colaboração na gestão de projectos de instituições fora da Faculdade, como seja, por exemplo, o INSA – o Instituto Ricardo Jorge ou o Alto Comissariado para a Saúde, com quem tem tido uma colaboração estreita.
Em resumo, acho que podemos afirmar que ao longo dos anos, a AIDFM tem vindo a acentuar este carácter de apoio aos investigadores da Instituição, dando-lhes uma plataforma onde podem encontrar uma resposta ágil, dinâmica e profissional, àquilo que são as necessidades de quem investiga e necessita de uma estrutura que lhe dê esse apoio. Criámos, assim, uma estrutura profissional, que inclui todos os instrumentos que são necessários à concretização dos seus objectivos.
Newsletter: A AIDFM é um importante pólo dinamizador da investigação na área das ciências médicas. Quais são os seus principais projectos, nas diversas áreas temáticas, a nível nacional e internacional?
Professor Fausto Pinto: A AIDFM é uma estrutura transversal e englobante, pelo que todas as áreas temáticas existentes na instituição são bem-vindas, dependendo dos investigadores os temas/projectos que trazem para a Associação. A título de exemplo, posso referir que há três Centros de Investigação principais que são geridos pela AIDFM, nomeadamente o Centro de Cardiologia da Universidade de Lisboa, o Centro de Medicina Preventiva e o das Doenças Metabólicas e Alimentares. Para além destes centros, há depois um conjunto de variadíssimas áreas em que a AIDFM tem sido chamada a colaborar na gestão de projectos, organização de eventos, etc. Estas áreas vão desde a Pneumologia à Pediatria, Gastroenterologia, Neurociências, Psiquiatria, Doenças Infecciosas, entre outras, onde há investigadores que, por uma razão ou por outra, têm projectos a ser geridos pela AIDFM.
Há também um Centro muito importante da FMUL, que é o Centro de Medicina Baseada na Evidência, que tem a gestão feita através da AIDFM. Se virmos a listagem dos 226 projectos actualmente a ser geridos pela AIDFM, poderemos concluir que praticamente todas as áreas do conhecimento médico estão envolvidas. Nesse sentido, sentimo-nos bastante satisfeitos pelo facto de os colegas destas mais variadas áreas depositarem em nós a confiança necessária para fazermos a gestão dos seus projectos.
O nosso principal objectivo é prestar um serviço à comunidade científica da instituição, no sentido de facilitar todos os processos logísticos e operacionais que permitam uma actividade eficaz e produtiva. Tudo isto em estreita colaboração com a Direcção da FMUL, com quem há um relacionamento de grande cooperação e visão estratégica comum.
Newsletter: Para terminar, quais são os principais objectivos para o futuro e como prevê a AIDFM na próxima década?
Professor Fausto Pinto: Penso que, cada vez mais, estruturas como a AIDFM, que existem em praticamente todas as outras universidades, embora sejam de gestão autónoma, são muito importantes para ajudarem ao desenvolvimento das instituições principais a que estão ligadas. No fundo, a AIDFM não é mais do que uma ferramenta de apoio à FMUL, e até me atreveria a dizer, numa visão mais ampla, ao CAML. Aliás, gostaria que este fosse um dos objectivos de futuro: a AIDFM como um instrumento importante de colaboração e de cooperação no desenvolvimento de projectos de vária índole, contribuindo para atingir alguns dos objectivos principais que o CAML tem em mente.
A AIDFM é, assim, não mais do que uma ferramenta a ser utilizada pelas estruturas principais a que está naturalmente ligada, como facilitadora de mecanismos operacionais, relacionados com várias actividades que essas instituições têm, em particular na área da investigação clínica. E, portanto, nesse sentido, acho que estruturas como a associação são cada vez mais importantes, precisamente pelo papel facilitador fundamental que têm, hoje em dia, em estruturas modernas que se pretendem ágeis na capacidade de competirem num mundo global. Se queremos ter acesso a estruturas tão complexas como a Comissão Europeia, com o objectivo de concorrer a fundos europeus, estar integrados em redes internacionais, etc., é necessária uma agilidade que estruturas como a AIDFM possuem.
Pelo facto de a AIDFM ser uma instituição de utilidade pública, com o estatuto de mecenato, está sujeita, como é óbvio, a todas as regras de transparência fiscal, contabilística, etc., com várias auditorias durante o ano e, portanto, com toda a estrutura legal que permite, tranquilamente, desenvolver essas actividades. Assim, estruturas como esta vão ser, cada vez mais, importantes para melhorar a produção e a funcionalidade de instituições que são muito grandes, como é o caso da FMUL e do CAML.
Portanto, em termos dos próximos anos da AIDFM, vejo-a cada vez mais como uma ferramenta de apoio à FMUL / CAML, para agilização, facilitação, promoção de tudo aquilo que tem que ver com as actividades de investigação e organizativas destas estruturas, permitindo desburocratizar alguns processos e tornar a gestão mais rentável. Por isso, vejo com bons olhos o futuro da AIDFM no apoio à investigação na área médica. E queria sobre isto dizer um ou dois pontos importantes: uma área muito importante é a dos ensaios clínicos; está a desenvolver-se, neste momento, na instituição, um centro de investigação clínica com o objectivo de agilizar este processo; e dizer que Portugal tem sido relegado, nestes últimos tempos, para segundo plano e uma das razões por que isso acontece é, precisamente, a rigidez e a demora dos processos, o que faz com que Portugal deixe de ser atractivo. Isto é extremamente grave, uma vez que estes projectos permitem o acesso a procedimentos diagnósticos e terapêuticos inovadores, e não sendo prioritários neste momento, isso também afasta investimentos financeiros que são fundamentais.
Estruturas como a AIDFM, em colaboração, naturalmente, com as estruturas hospitalares e académicas, em particular num hospital universitário como o nosso, podem ter um papel fundamental, conjuntamente com os investigadores, em particular com os investigadores que têm peso na área da investigação clínica em termos internacionais, na valorização da instituição, permitindo colocá-la no primeiro plano da investigação clínica em termos nacionais. Temos condições para isso e a AIDFM pode ter um instrumento fundamental para esse desiderato.
Equipa Editorial
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