Espaço Ciência
Articulação entre Biomecânica, Inflamação e Formação Óssea na Artrite Psoriática Precoce
Justificação
A artrite psoriática (AP) é uma artrite polimórfica inflamatória crónica de etiologia desconhecida. Reconheceu-se recentemente que a entese é um órgão “alvo” central anatómico e funcional na AP, estabelecendo uma ligação entre muitas destas manifestações de doença, tais como nova formação óssea, dactilite, e doenças das unhas. O objectivo da entese é resistir e dissipar o stress durante o aumento da carga mecânica. Assim, a hipótese de a carga mecânica ser um importante desencadeador de entesite tem sido avançada, mas o aumento da carga mecânica na entese em pacientes com AP ainda não foi demonstrado. Não constitui surpresa que os pés estejam preferencialmente envolvidos, com a detecção da entesite e a sinovite por ultra-som e ressonância magnética (RM), mesmo em pacientes com psoríase sem manifestação clínicas músculo-esqueléticas. Isto sugere que as alterações inflamatórias no complexo sinovial-entésico fazem parte da patogénese precoce da AP. Os factores que contribuem para o aumento da carga mecânica na entese podem depender de parâmetros biomecânicos, como as forças de reacção do solo dos pés, ângulos intersegmentares e momento de articulação do tornozelo, que actualmente podem ser avaliados utilizando modelos multisegmentares tridimensionais.
A nível molecular, descobertas recentes sobre a regulação da via de Wnt/ß-catenina no campo da artrite inflamatória revelaram comportamentos distintos em dois dos seus principais inibidores: Dickkopf (DKK)-1 e esclerostina (SOST) na espondilose anquilosante (caracterizada predominantemente por anabolismo ósseo na entese) e artrite reumatóide (onde predominam os eventos catabólicos) Na AP anquilosante, a entesite e artrite erosiva grave podem coexistir, sugerindo a existência de mecanismos de regulação óssea opostos e colocando a questão sobre o padrão de DKK-1 e expressão de SOST nesta doença.
Objectivos
O objective deste projecto é testar a hipótese de que a carga mecânica induzida pode provocar inflamação e formação óssea no complexo sinovial – entésico.
Objectivos específicos
1) Identificar os parâmetros biomecânicos da função do pé que podem prever o desenvolvimento de entesite em pacientes com AP precoce detectada por ressonância magnética.
2) Caracterizar os biomarcadores séricos do metabolismo ósseo relacionados com a sinalização Wnt que podem estabelecer a diferença entre a AP axial e periférica e ser utilizados como biomarcadores para a previsão dos vários subtipos de AP.
Metodologia
Será utilizado um coorte de todos os pacientes consecutivos numa fase precoce de AP com a doença há menos de um ano e nunca submetidos a tratamento com DMARDs seguidos na Clínica de Artrite Psoriática do Hospital de Santa Maria. Ser-lhes-á feita uma ressonância magnética com contraste dinâmico aos pés e tornozelos utilizando um protocolo 1.5. Tesla para avaliação do resultado primário. A marcha dos pacientes será caracterizada utilizando um modelo tridimensional de seis segmentos para a biomecânica dos pés baseado na aplicação de marcadores reflexivos esféricos monitorizados por um sistema óptico de análise de movimento.
A avaliação biomecânica e a ressonância magnética dos pés e tornozelos serão realizadas no início do estudo, e aos 12 e 24 meses. Devido à sua elevada sensibilidade às alterações inflamatórias subtis, a RM permitirá identificar a presença de edema da medula óssea, entesite, entesófitos, sinovite, tenosinovite, erosões e edema dos tecidos moles numa fase precoce da doença. A cinemática e os parâmetros cinéticos serão os principais preditores do desenvolvimento da entesite. As outras variáveis são de natureza demográfica, clínica e laboratorial. Uma amostra de sangue é colhida antes do tratamento e 3 meses após o início de AINEs e após o início de qualquer tipo de DMARDs para a determinação da presença de inibidores naturais circulantes na via Wnt / ß-catenina, que serão correlacionados com o resultado inicial, fenótipos da doença e tratamento concomitante. O acompanhamento total terá a duração de 2 anos e a estratégia de gestão será feita em conformidade com o tratamento padrão. O consentimento informado por escrito e a aprovação pela comissão de ética local serão obtidos antes de qualquer procedimento de estudo.
Análise estatística:
Análise primária: O teste de student T será utilizado para determinar a associação entre cinemática e parâmetros cinéticos e o desenvolvimento de entesite. As variáveis clínicas e laboratoriais serão analisadas com o objectivo de encontrar preditores de entesite numa abordagem passo a passo usando principalmente uma análise univariada, e posteriormente uma análise multivariada se necessário. Análise secundária: os biomarcadores séricos serão comparados entre subtipos de AP recorrendo a modelos lineares generalizados (MLG) e as diferenças significativas serão avaliadas por testes de comparações múltiplas Bonferroni. Esperamos que a inclusão de 45 pacientes nos permita ter um poder >80% para avaliar as diferenças nos parâmetros biomecânicos entre pacientes que atingem um endpoint primário e os que não atingem.
Elsa Vieira Sousa,
Estudante de Doutoramento
A artrite psoriática (AP) é uma artrite polimórfica inflamatória crónica de etiologia desconhecida. Reconheceu-se recentemente que a entese é um órgão “alvo” central anatómico e funcional na AP, estabelecendo uma ligação entre muitas destas manifestações de doença, tais como nova formação óssea, dactilite, e doenças das unhas. O objectivo da entese é resistir e dissipar o stress durante o aumento da carga mecânica. Assim, a hipótese de a carga mecânica ser um importante desencadeador de entesite tem sido avançada, mas o aumento da carga mecânica na entese em pacientes com AP ainda não foi demonstrado. Não constitui surpresa que os pés estejam preferencialmente envolvidos, com a detecção da entesite e a sinovite por ultra-som e ressonância magnética (RM), mesmo em pacientes com psoríase sem manifestação clínicas músculo-esqueléticas. Isto sugere que as alterações inflamatórias no complexo sinovial-entésico fazem parte da patogénese precoce da AP. Os factores que contribuem para o aumento da carga mecânica na entese podem depender de parâmetros biomecânicos, como as forças de reacção do solo dos pés, ângulos intersegmentares e momento de articulação do tornozelo, que actualmente podem ser avaliados utilizando modelos multisegmentares tridimensionais.
A nível molecular, descobertas recentes sobre a regulação da via de Wnt/ß-catenina no campo da artrite inflamatória revelaram comportamentos distintos em dois dos seus principais inibidores: Dickkopf (DKK)-1 e esclerostina (SOST) na espondilose anquilosante (caracterizada predominantemente por anabolismo ósseo na entese) e artrite reumatóide (onde predominam os eventos catabólicos) Na AP anquilosante, a entesite e artrite erosiva grave podem coexistir, sugerindo a existência de mecanismos de regulação óssea opostos e colocando a questão sobre o padrão de DKK-1 e expressão de SOST nesta doença.
Objectivos
O objective deste projecto é testar a hipótese de que a carga mecânica induzida pode provocar inflamação e formação óssea no complexo sinovial – entésico.
Objectivos específicos
1) Identificar os parâmetros biomecânicos da função do pé que podem prever o desenvolvimento de entesite em pacientes com AP precoce detectada por ressonância magnética.
2) Caracterizar os biomarcadores séricos do metabolismo ósseo relacionados com a sinalização Wnt que podem estabelecer a diferença entre a AP axial e periférica e ser utilizados como biomarcadores para a previsão dos vários subtipos de AP.
Metodologia
Será utilizado um coorte de todos os pacientes consecutivos numa fase precoce de AP com a doença há menos de um ano e nunca submetidos a tratamento com DMARDs seguidos na Clínica de Artrite Psoriática do Hospital de Santa Maria. Ser-lhes-á feita uma ressonância magnética com contraste dinâmico aos pés e tornozelos utilizando um protocolo 1.5. Tesla para avaliação do resultado primário. A marcha dos pacientes será caracterizada utilizando um modelo tridimensional de seis segmentos para a biomecânica dos pés baseado na aplicação de marcadores reflexivos esféricos monitorizados por um sistema óptico de análise de movimento.
A avaliação biomecânica e a ressonância magnética dos pés e tornozelos serão realizadas no início do estudo, e aos 12 e 24 meses. Devido à sua elevada sensibilidade às alterações inflamatórias subtis, a RM permitirá identificar a presença de edema da medula óssea, entesite, entesófitos, sinovite, tenosinovite, erosões e edema dos tecidos moles numa fase precoce da doença. A cinemática e os parâmetros cinéticos serão os principais preditores do desenvolvimento da entesite. As outras variáveis são de natureza demográfica, clínica e laboratorial. Uma amostra de sangue é colhida antes do tratamento e 3 meses após o início de AINEs e após o início de qualquer tipo de DMARDs para a determinação da presença de inibidores naturais circulantes na via Wnt / ß-catenina, que serão correlacionados com o resultado inicial, fenótipos da doença e tratamento concomitante. O acompanhamento total terá a duração de 2 anos e a estratégia de gestão será feita em conformidade com o tratamento padrão. O consentimento informado por escrito e a aprovação pela comissão de ética local serão obtidos antes de qualquer procedimento de estudo.
Análise estatística:
Análise primária: O teste de student T será utilizado para determinar a associação entre cinemática e parâmetros cinéticos e o desenvolvimento de entesite. As variáveis clínicas e laboratoriais serão analisadas com o objectivo de encontrar preditores de entesite numa abordagem passo a passo usando principalmente uma análise univariada, e posteriormente uma análise multivariada se necessário. Análise secundária: os biomarcadores séricos serão comparados entre subtipos de AP recorrendo a modelos lineares generalizados (MLG) e as diferenças significativas serão avaliadas por testes de comparações múltiplas Bonferroni. Esperamos que a inclusão de 45 pacientes nos permita ter um poder >80% para avaliar as diferenças nos parâmetros biomecânicos entre pacientes que atingem um endpoint primário e os que não atingem.
Elsa Vieira Sousa,
Estudante de Doutoramento