Espaço Aberto
Quando os Caloiros mergulham na Medicina
Já há mais de 13 anos que a nossa Faculdade inclui, logo no primeiro ano do ensino de Medicina, uma metodologia que visa o confronto precoce do candidato a Médico com a realidade da arte “no terreno”: é a Prática de Saúde na Comunidade (PSC) I, atualmente integrada no Módulo III.II – o Médico, a Pessoa e o Doente.
A Prática de Saúde na Comunidade leva os alunos a partilhar, durante duas semanas de julho, a vida dos Médicos de Família em Centros de Saúde de todo o País. Limitamo-nos a facilitar e a oficializar o contacto dos alunos com o seu próprio MF, e o estágio decorre no ambiente de origem do aluno, quer seja no Alto Minho, no Sotavento Algarvio, nos Açores ou na Madeira. Contamos com quase 300 Tutores, em mais de 200 unidades de saúde.
É o contacto direto com a Medicina no terreno, o confronto com a realidade das pessoas no seu enquadramento, nos bairros e nas aldeias: é a humanidade dos hábitos, dos vícios e das crendices, das forças e das fraquezas das famílias, são as pessoas a pedir uma baixa por puro cansaço, é o mundo das adolescentes grávidas, dos que não têm dinheiro para comprar medicamentos, dos que não têm tempo para cozinhar dietas, dos idosos que não têm mais ninguém com quem falar… De bata vestida, ao lado do Médico, os alunos veem desfilar a multiplicidade de problemas clínicos, humanos e sociais e confrontam a ideia que traziam, por vezes influenciada pelas séries de televisão, com a realidade social que será o cenário da sua vida profissional.
A Medicina Geral e Familiar (MGF), pela sua proximidade com o Doente e com o seu envolvimento familiar, socioeconómico e cultural, constitui certamente a especialidade médica na qual mais intensamente se sente a ligação humana do Médico ao seu Doente, daí o impacto emocional da PSC 1 nos alunos do 1º ano. É uma Medicina feita de enorme abrangência de conhecimentos clínicos e de outros saberes: relacionais, como a adaptabilidade de diálogo e interpretação de linguagem corporal, vivenciais como a empatia e a compaixão, o ser capaz de diagnosticar, medicar e aliviar/curar sem ser afetado por juízos de valor ou preconceitos… esta revelação do papel social do Médico alarga conceitos e materializa as expectativas em relação à Profissão.
Outro aspeto construtivo da PSC I é a oportunidade que é dada ao Estudante de se autoauscultar em termos de disponibilidade para com o Doente, de poder antecipar o que é a realidade da vida de um Médico, as suas compensações e os seus cansaços, a conjugação da sua vida pessoal e familiar com os seus deveres clínicos, a sua capacidade de resistência ao desgaste psicológico e às rotinas.
Esta imersão de duas semanas na MGF, só possível graças à colaboração dos Médicos de Família envolvidos como Tutores neste processo e das Unidades de Saúde envolvidas, proporciona aos nossos mais jovens alunos, acabados de chegar à Faculdade, a visão da realidade do “Ser Médico” – estímulo para o seu processo de aprendizagem e determinante da sua atitude futura como profissional. A todos os envolvidos, a nossa gratidão por este enriquecimento do Mestrado Integrado em Medicina!
Baseámos este depoimento na análise dos relatórios de estágio entregues pelos alunos e também nos resultados do inquérito anónimo que promovemos junto dos alunos no final do último ano letivo. Foi uma avaliação bem positiva, que nos incentiva a continuar este modelo de aprendizagem da Medicina.
Ao levar os nossos alunos até à comunidade, ao ligar a nossa Faculdade ao Serviço Nacional de Saúde, estamos certamente a contribuir para uma Formação Médica sólida, multifacetada e estimulante.
Prof. Doutor Luís Rebelo
Regente do Módulo III.II “O Médico, a Pessoa e o Doente” - Prática de Saúde na Comunidade I
Mª Manuela Ajuda L Nunes (Mané) Secretária
ajuda@fm.ul.pt
A Prática de Saúde na Comunidade leva os alunos a partilhar, durante duas semanas de julho, a vida dos Médicos de Família em Centros de Saúde de todo o País. Limitamo-nos a facilitar e a oficializar o contacto dos alunos com o seu próprio MF, e o estágio decorre no ambiente de origem do aluno, quer seja no Alto Minho, no Sotavento Algarvio, nos Açores ou na Madeira. Contamos com quase 300 Tutores, em mais de 200 unidades de saúde.
É o contacto direto com a Medicina no terreno, o confronto com a realidade das pessoas no seu enquadramento, nos bairros e nas aldeias: é a humanidade dos hábitos, dos vícios e das crendices, das forças e das fraquezas das famílias, são as pessoas a pedir uma baixa por puro cansaço, é o mundo das adolescentes grávidas, dos que não têm dinheiro para comprar medicamentos, dos que não têm tempo para cozinhar dietas, dos idosos que não têm mais ninguém com quem falar… De bata vestida, ao lado do Médico, os alunos veem desfilar a multiplicidade de problemas clínicos, humanos e sociais e confrontam a ideia que traziam, por vezes influenciada pelas séries de televisão, com a realidade social que será o cenário da sua vida profissional.
A Medicina Geral e Familiar (MGF), pela sua proximidade com o Doente e com o seu envolvimento familiar, socioeconómico e cultural, constitui certamente a especialidade médica na qual mais intensamente se sente a ligação humana do Médico ao seu Doente, daí o impacto emocional da PSC 1 nos alunos do 1º ano. É uma Medicina feita de enorme abrangência de conhecimentos clínicos e de outros saberes: relacionais, como a adaptabilidade de diálogo e interpretação de linguagem corporal, vivenciais como a empatia e a compaixão, o ser capaz de diagnosticar, medicar e aliviar/curar sem ser afetado por juízos de valor ou preconceitos… esta revelação do papel social do Médico alarga conceitos e materializa as expectativas em relação à Profissão.
Outro aspeto construtivo da PSC I é a oportunidade que é dada ao Estudante de se autoauscultar em termos de disponibilidade para com o Doente, de poder antecipar o que é a realidade da vida de um Médico, as suas compensações e os seus cansaços, a conjugação da sua vida pessoal e familiar com os seus deveres clínicos, a sua capacidade de resistência ao desgaste psicológico e às rotinas.
Esta imersão de duas semanas na MGF, só possível graças à colaboração dos Médicos de Família envolvidos como Tutores neste processo e das Unidades de Saúde envolvidas, proporciona aos nossos mais jovens alunos, acabados de chegar à Faculdade, a visão da realidade do “Ser Médico” – estímulo para o seu processo de aprendizagem e determinante da sua atitude futura como profissional. A todos os envolvidos, a nossa gratidão por este enriquecimento do Mestrado Integrado em Medicina!
Baseámos este depoimento na análise dos relatórios de estágio entregues pelos alunos e também nos resultados do inquérito anónimo que promovemos junto dos alunos no final do último ano letivo. Foi uma avaliação bem positiva, que nos incentiva a continuar este modelo de aprendizagem da Medicina.
Ao levar os nossos alunos até à comunidade, ao ligar a nossa Faculdade ao Serviço Nacional de Saúde, estamos certamente a contribuir para uma Formação Médica sólida, multifacetada e estimulante.
Prof. Doutor Luís Rebelo
Regente do Módulo III.II “O Médico, a Pessoa e o Doente” - Prática de Saúde na Comunidade I
Mª Manuela Ajuda L Nunes (Mané) Secretária
ajuda@fm.ul.pt