Mais e Melhor
Twinning Project: os dois lados da mesma moeda
A Medicina de Hoje e de Amanhã
O ensino da medicina de hoje será a medicina de amanhã. Aos professores compete deslindar os grandes tratados da medicina, depurando-os de excessos, e oferecê-los aos alunos sob a forma de subtis obras de arte para que possam ser, assim, apreciados e compreendidos. Aos alunos compete fomentar o interesse e conhecimento pela arte assim como aprimorá-la. Aprimorar significa identificar as lacunas e colmatá-las. E é neste contexto que surge o Twinning Project: na colmatação de uma lacuna da medicina de ontem – a de uma medicina restrita no espaço. O mundo está globalizado, expandido e sem fronteiras físicas. As únicas fronteiras que ainda existem são as que se criam entre as pessoas. Prova disso é o desastre nuclear que ocorreu no Japão e que constitui um verdadeiro problema de saúde pública, exigindo uma resposta global, na qual todos têm um papel e um dever a cumprir. Assim, a medicina de hoje necessita de ser ensinada para fazer face à globalização do mundo. O Twinning Project constitui uma das oportunidades para criar pontes de comunicação entre alunos de medicina, futuros médicos de diferentes países.

Berlim: a experiência sociocultural
Este ano lectivo, o Twinning Project da Faculdade de Medicina de Lisboa abraçou a cultura alemã no seu epicentro: Berlim. Ao longo de uma semana, desde 27 de Fevereiro até 6 de Março, o nosso grupo teve a oportunidade de conhecer, a passo e passo, o traço urbano da cidade, a sua história, a sua cultura e o seu viver. Para se perceber a relação frutuosa que se estabeleceu neste “abraço” cultural basta observarmos a riqueza histórica desta cidade. O que eram antes as cidades medievais gémeas de Berlim/Cölln – primeiramente referenciadas num documento em 1237 - tornou-se a sede de poder de Hohenzollern, depois a capital da Prússia, sendo que após a fundação do Império Germânico em 1871 a cidade recebeu o seu real impulso de desenvolvimento que possibilitou o seu crescimento até uma verdadeira metrópole. Mas se a história de Berlim é no seu todo riquíssima, a impressão que a maioria das pessoas conserva de Berlim chega-nos dos acontecimentos mais marcantes do século XX, desde os horrores da Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria e a construção do Muro de Berlim que materializava a divisão do mundo em Este e Oeste, até à unificação da República Federal da Alemanha com a queda deste muro em 1991.
Cada um de nós partilha uma história comum e uma história pessoal desta experiência. A história comum reside nas actividades de grupo que partilhámos juntos e que representam a união que se desenvolveu entre todos nós: desde a visita ao Campus da Universidade de Medicina de Berlim e ao Hospital Charité, ao Teatro Anatómico, ao Museu Histórico de Medicina com as famosas preparações de Rudolf Virchow, ao Museu de História da cidade de Berlim, à Ilha dos Museus e ao Pergamonmuseum, ao Reichstag, ao Berliner Dom, à East Side Gallery, ao Tiergarten, ao Relógio Mundial na histórica AlexanderPlatz, ao Brandenburger Tor, ao Memorial do Holocausto, à descoberta dos Bunkers até ao campo de Concentração de Sachsenhausen e, sem esquecer claro, todos os momentos de convívio entre almoços nas cantinas universitárias e jantares nos mais diversos locais, dividindo o paladar entre a gastronomia alemã e o quase inevitável MacDonalds, conforme o dia e a ocasião. A história pessoal deste Twinning Project estende-se para além da tela superficial dos acontecimentos e vai até às relações inter-pessoais que se estabeleceram entre cada elemento do grupo e, principalmente, com o seu “twin” - o principal responsável pela sua estadia em Berlim. Cada um de nós ficou hospedado numa casa diferente, com uma pessoa diferente e, pese embora as semelhanças culturais entre os alemães, com hábitos e rotinas diferentes. O viver deste Twinning foi, por isso, de uma ressonância diferente para cada um. No entanto, todos nós nos conseguimos aperceber dos desafios que os estudantes de medicina em Berlim têm pela frente assim como as condições que têm ao seu dispor para enfrentá-los. Ficámos com a noção, de perto, do que é estudar-se a medicina, de hoje, em Berlim.
As diferenças e as semelhanças
Seria uma negligência grosseira passar por esta experiência e não partilhar, ainda que sumariamente, as diferenças e semelhanças entre o estudar-se medicina em Lisboa e em Berlim. Obviamente que as comparações serão muito superficiais e gerais. Até porque aquilo que as pessoas mais gostam é apreciar uma paisagem no seu todo, descuidando a análise exaustiva de todos os elementos que a constituem. Por isso, assim me encarregarei de partilhar o que vi e o que achei estar certo no meu modo de ver. A primeira diferença que ressalta à vista é a nível das infra-estruturas, com especial desenvolvimento em Berlim: desde o Hospital Charité que é um dos maiores hospitais da Europa; às cantinas universitárias dotadas de um espaço acolhedor que corresponde à qualidade da comida oferecida; ao edifício da associação de estudantes que faz inveja às nossas modestas instalações da AEFML; ao Teatro Anatómico e ao Museu de Medicina que são, no mínimo, inspiradores para qualquer interessado na ciência do corpo humano; e depois, claro, a magnífica biblioteca da Universidade de Humboldt de Berlim onde até o mais ocioso dos estudantes adquire o alento necessário para estudar. Mas se a imponência das instalações incute nos estudantes um espírito de rigor e disciplina, o mesmo não podemos dizer acerca da vida sociocultural que, em Berlim, é dotada de uma riquíssima variedade de experiências. Estudar em Berlim é ter, por isso, a dupla oportunidade de ter onde se estudar com rigor e disciplina e de se divertir num ambiente onde impera o pensamento liberal. As semelhanças entre estudar-se medicina em Lisboa e em Berlim assentam todas num princípio muito simples e, por isso, muito próximo da verdade: que todo o estudante de medicina quer ser médico. E esse desejo comum cria as semelhanças entre os vários estudantes de medicina de todo o mundo. O caminho que é necessário percorrer até um estudante se tornar médico é penosamente moroso e, por isso, ao longo do caminho é comum irmos abdicando de coisas para que a viagem se torne menos pesada. Mas a dúvida que frequentemente se coloca em nós, é se não acabamos por abdicar de certas coisas que nos podem vir a ser necessárias num determinado ponto da viagem. É certo que não é possível fazer tudo e, ao mesmo tempo, saber tudo. Daí que entre o caminho a percorrer há que saber o que queremos realmente fazer e manter connosco até ao final da viagem. Com base neste desafio, vemos que os interesses e as preocupações dos estudantes de medicina são, em larga medida, semelhantes. O interesse de se querer ser médico e a preocupação de se conseguir ser médico são transversais. E essa é a razão pela qual foi fácil estabelecer pontes de ligação entre nós apesar das nossas diferenças culturais. Porque, lá no fundo, só os estudantes de medicina se compreendem, de verdade, uns aos outros.
O Twinning Project representa assim, num determinado momento, as duas faces da mesma moeda, isto é, de dois países que unem as suas diferenças para valorizar a arte médica.
Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina
da Universidade de Lisboa
geral@aefml.ul
O ensino da medicina de hoje será a medicina de amanhã. Aos professores compete deslindar os grandes tratados da medicina, depurando-os de excessos, e oferecê-los aos alunos sob a forma de subtis obras de arte para que possam ser, assim, apreciados e compreendidos. Aos alunos compete fomentar o interesse e conhecimento pela arte assim como aprimorá-la. Aprimorar significa identificar as lacunas e colmatá-las. E é neste contexto que surge o Twinning Project: na colmatação de uma lacuna da medicina de ontem – a de uma medicina restrita no espaço. O mundo está globalizado, expandido e sem fronteiras físicas. As únicas fronteiras que ainda existem são as que se criam entre as pessoas. Prova disso é o desastre nuclear que ocorreu no Japão e que constitui um verdadeiro problema de saúde pública, exigindo uma resposta global, na qual todos têm um papel e um dever a cumprir. Assim, a medicina de hoje necessita de ser ensinada para fazer face à globalização do mundo. O Twinning Project constitui uma das oportunidades para criar pontes de comunicação entre alunos de medicina, futuros médicos de diferentes países.


Berlim: a experiência sociocultural
Este ano lectivo, o Twinning Project da Faculdade de Medicina de Lisboa abraçou a cultura alemã no seu epicentro: Berlim. Ao longo de uma semana, desde 27 de Fevereiro até 6 de Março, o nosso grupo teve a oportunidade de conhecer, a passo e passo, o traço urbano da cidade, a sua história, a sua cultura e o seu viver. Para se perceber a relação frutuosa que se estabeleceu neste “abraço” cultural basta observarmos a riqueza histórica desta cidade. O que eram antes as cidades medievais gémeas de Berlim/Cölln – primeiramente referenciadas num documento em 1237 - tornou-se a sede de poder de Hohenzollern, depois a capital da Prússia, sendo que após a fundação do Império Germânico em 1871 a cidade recebeu o seu real impulso de desenvolvimento que possibilitou o seu crescimento até uma verdadeira metrópole. Mas se a história de Berlim é no seu todo riquíssima, a impressão que a maioria das pessoas conserva de Berlim chega-nos dos acontecimentos mais marcantes do século XX, desde os horrores da Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria e a construção do Muro de Berlim que materializava a divisão do mundo em Este e Oeste, até à unificação da República Federal da Alemanha com a queda deste muro em 1991.
Cada um de nós partilha uma história comum e uma história pessoal desta experiência. A história comum reside nas actividades de grupo que partilhámos juntos e que representam a união que se desenvolveu entre todos nós: desde a visita ao Campus da Universidade de Medicina de Berlim e ao Hospital Charité, ao Teatro Anatómico, ao Museu Histórico de Medicina com as famosas preparações de Rudolf Virchow, ao Museu de História da cidade de Berlim, à Ilha dos Museus e ao Pergamonmuseum, ao Reichstag, ao Berliner Dom, à East Side Gallery, ao Tiergarten, ao Relógio Mundial na histórica AlexanderPlatz, ao Brandenburger Tor, ao Memorial do Holocausto, à descoberta dos Bunkers até ao campo de Concentração de Sachsenhausen e, sem esquecer claro, todos os momentos de convívio entre almoços nas cantinas universitárias e jantares nos mais diversos locais, dividindo o paladar entre a gastronomia alemã e o quase inevitável MacDonalds, conforme o dia e a ocasião. A história pessoal deste Twinning Project estende-se para além da tela superficial dos acontecimentos e vai até às relações inter-pessoais que se estabeleceram entre cada elemento do grupo e, principalmente, com o seu “twin” - o principal responsável pela sua estadia em Berlim. Cada um de nós ficou hospedado numa casa diferente, com uma pessoa diferente e, pese embora as semelhanças culturais entre os alemães, com hábitos e rotinas diferentes. O viver deste Twinning foi, por isso, de uma ressonância diferente para cada um. No entanto, todos nós nos conseguimos aperceber dos desafios que os estudantes de medicina em Berlim têm pela frente assim como as condições que têm ao seu dispor para enfrentá-los. Ficámos com a noção, de perto, do que é estudar-se a medicina, de hoje, em Berlim.
As diferenças e as semelhanças

O Twinning Project representa assim, num determinado momento, as duas faces da mesma moeda, isto é, de dois países que unem as suas diferenças para valorizar a arte médica.
Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina
da Universidade de Lisboa
geral@aefml.ul
