Eventos
Há desporto nas Olimpíadas! – visão do evento pré e pós CODM
Abril de 2010. 18 anos. Primeiro ano de Faculdade. Ao meu lado, o meu mais recente grupo de amigos, também do 1º ano, e a minha mala, cheia, a rebentar por todas as costuras.
Diziam que as Olimpíadas da Medicina eram A semana do ano, a altura em que todos deixavam para trás os calhamaços, as bibliotecas, as salas de aula e enfermarias e partiam para a diversão.
Enquanto caloiros, não podíamos estar mais entusiasmados e, na verdade, as Olimpíadas correspondiam àquilo que nós esperávamos. Os dias eram passados na conversa, entre sestas e brincadeira. O desporto não passava de um mito e os patrocínios ficavam-se pela refeição da primeira noite (era essa a minha ideia!). Mas isso pouco interessava. O convívio entre colegas de ano era muito engraçado e as amizades cresciam, de dia para dia. À noite, vestíamo-nos a rigor para as festas temáticas, jantávamos juntos e dançávamos pela noite fora. Depois de encontrar pessoas com quem realmente me identificava, senti finalmente que estava na faculdade e curso certos!
Muito sinceramente, durante aqueles quatro dias, nunca pensei no trabalho que estava por detrás de tanta animação e que tinha feito com que a minha vida na Faculdade mudasse para sempre.
Abril de 2011. 19 anos. Segundo ano de Faculdade. Membro da CODM. Ao meu lado, o meu mais recente grupo de amigos: a CODM. Desta vez, no lugar da minha mala e da vontade de chegar ao destino, tinha 1200 pessoas que esperavam, ansiosamente, que as levasse aos autocarros.
Depois de algumas horas, a primeira etapa da nossa missão estava cumprida e tínhamos os participantes e a equipa (quase) completa, em Lagos. Foi então que começou a aventura!
Fazer parte da CODM foi muito mais do que preparar o evento do ano para a Faculdade inteira! Em primeiro lugar, ensinou-me que, afinal, o desporto nas Olimpíadas existe mesmo e dá que fazer e que há mesmo muita gente a participar e a querer defender o seu ano. Depois, mostrou-me que, para que possamos oferecer uma simples garrafa de água, pacotes de batatas, fruta ou iogurtes, temos de trabalhar durante semanas a fio. E que, ao contrário das cerca de 1200 pessoas que aproveitam as Olimpíadas para descansar, quem está na organização mal tem tempo para se deitar: de manhã, a preparação dos eventos desportivos e a montagem da tenda da CODM, na praia; de madrugada, esperar que o último dos entusiastas decida abandonar a festa e, depois, assegurar que todos chegam bem ao Hotel. Já para não falar no constante estado de alerta em que nos encontramos, não vá alguma coisa correr menos bem. Mas entre tudo isto há tempo para rir, para dançar e para estar com os amigos, que continuam sem perceber porque é que “nos metemos nisto”. De facto, para quem está de fora, as vantagens parecem ser poucas. Enganam-se os que assim pensam. A experiência de parar, a meio da noite, olhar em volta e ver a boa-disposição dos nossos colegas que dançam, riem e, tal como a tenda onde nos encontramos, suam por todos os poros, dá-nos energia para mais uma semana igual. Isto porque sabemos que, em parte, esta alegria depende de nós e da nossa dedicação.
Contrariamente ao que se passou nas minhas primeiras Olimpíadas, em que apenas fortaleci amizades e fiquei a gostar mais dos meus colegas de ano, este ano, ganhei uma estima enorme pela Faculdade inteira. Agora percebo e dou valor a quem trabalha todos os dias na Associação de Estudantes. Agora sim, sinto-me em casa. A expressão “não percebes ainda, mas estes são os melhores anos da tua vida” começa a fazer sentido. As mães têm sempre razão!
Madalena Leite Rio