Espaço Ciência
Avaliação de Impacto na Saúde (AIS) de Estratégias do Emprego
O Instituto de Medicina Preventiva (IMP) da Faculdade de Medicina de Lisboa (FML) / Universidade de Lisboa (UL), em parceria com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, IP (INSA) e o Alto Comissariado da Saúde (ACS), está a desenvolver um projecto plurianual (2009-2014) com as seguintes etapas:
- Identificar determinantes da saúde ligados ao emprego e à conciliação trabalho-família;
- Estudar inequidades em saúde e sociais;
- Proceder à avaliação de risco, em contexto psicossocial, para estimar o peso relativo dos determinantes da saúde, direccionados para factores de risco e protecção;
- Elaborar recomendações e desenvolver um programa de gestão de risco, no contexto da promoção da saúde mental e prevenção da doença mental, partindo de uma análise alimentada pelos melhores dados disponíveis;
- Proceder à avaliação de impacto na saúde para testar o programa referido, com recurso a modelos e instrumentos em que será realçada a componente da saúde mental, como parte integrante;
- Implementar o programa em empresa.
Pretende-se obter um melhor conhecimento da organização do trabalho e dos factores psicossociais e biológicos associados que influenciam o gradiente entre saúde e doença. A resposta individual ao stress pode estar associada ao sentido de coerência e à capacidade de resiliência no ambiente de trabalho e a exposição crónica ao stress pode afectar a saúde através de uma miríade de vias comportamentais e bioquímicas, hormonais e metabólicas.
Stress no local de trabalho está associado com risco 50% mais elevado de doença cardíaca coronária.
Trabalhadores temporários comparados com trabalhadores permanentes têm mortalidade mais elevada.
Emprego precário está associado com pior saúde mental.
Insegurança no trabalho (percepcionada pelo trabalhador) tem efeitos adversos na saúde física e mental.
Desemprego e trabalho precário estão associados com pior estado de saúde.
Trabalhadores expostos a exigências no local de trabalho e na vida familiar apresentam risco elevado de presentismo (diminuição da qualidade de trabalho e produtividade), de doença física e mental e de absentismo. Políticas do emprego têm impacto positivo ou negativo na saúde mental dos indivíduos e na equidade em saúde.
Dados relativos a absentismo associado a problemas de saúde mental
40% de ausência ao trabalho por doença
70 milhões de dias perdidos por ano
Custo anual de £8.8 biliões.
Fonte: Cooper & Dewe, 2008
Dados relativos a presentismo (perda de produtividade) associado a problemas de saúde mental 1.8 vezes mais peso que o absentismo
22.3% dos trabalhadores têm problemas de saúde mental (15.4% se excluída a dependência de álcool e drogas)
1 em 5 trabalhadores têm depressão, ansiedade ou outro problema de saúde mental.
Fonte: Cooper & Dewe, 2008
Quer os determinantes da saúde quer a avaliação de impacto na saúde são áreas fulcrais previstas no Plano Nacional de Saúde e reforçadas em Presidências Portuguesas da UE, relevantes na informação aos decisores e na escolha e implementação de políticas públicas mais saudáveis.
Neste âmbito, após um estudo transversal, exploratório, de uma amostra de trabalhadores de uma empresa seleccionada, no concelho de Lisboa, em que serão identificados e analisados: características sociodemográficas, individuais e familiares, tipo de emprego e ambiente psicossocial no local de trabalho, impactos no estado de saúde e morbilidade psicológica, absentismo, produtividade e inequidades em saúde, através de instrumentos e metodologias adequados, pretendem-se desenvolver intervenções de promoção da saúde na empresa, em articulação com a Saúde Ocupacional, Cuidados de Saúde Primários (CSP) e outros sectores para lá da Saúde.
Este projecto constitui um contributo inovador para alterar condições de saúde e sociais; identificar preditores de absentismo prolongado e indicadores de presentismo; apostar na capacitação de profissionais de diversos sectores nas áreas, nomeadamente, de avaliação de impacto na saúde e avaliação de risco psicossocial, numa perspectiva de saúde em todas as políticas; partilhar experiências de boas práticas e de conhecimento a nível nacional e internacional; melhorar políticas e estratégias do emprego e organização do trabalho, optimizando recursos e alterando comportamentos, com impacto na saúde pública, nos próprios sistemas de saúde e na economia.
Impactos previstos no projecto, associados a ganhos em saúde
- promoção da saúde mental e bem-estar no local de trabalho;
- prevenção da doença mental e redução de morbilidade psiquiátrica e co-morbilidade somática em trabalhadores;
- redução de absentismo;
- melhoria dos níveis de produtividade;
- promoção de estratégias de conciliação trabalho-família; - desenvolvimento de programas inovadores para locais de trabalho family friendly;
- aumento do potencial de natalidade;
- agilização da articulação intersectorial;
- melhoria de mecanismos de referenciação de trabalhadores/utentes à saúde ocupacional e cuidados de saúde primários;
- contributo para o desenvolvimento e disseminação da avaliação de impacte na saúde e na equidade em saúde, em Portugal.
Maria João Heitor
Chefe de Serviço de Psiquiatria
_______________________
Referências Bibliográficas
Artazcoz, L. et al. (2005) Social inequalities in the impact of flexible employment on different domains of psychosocial health. Journal of Epidemiology and Community Health 59, 761-767.
Cooper, C., Dewe, P. (2008) Well-being – absenteeism, presenteeism, costs and challenges. Occupational Medicine 58, 522-524.
Grzywacz, J.G., Carlson, D.S. (2007) Conceptualizing work-family balance: Implications for practice and research. Advances in Developing Human Resources, Vol. 9, nº 4, 455-471.
Heitor dos Santos, M. J., Pereira Miguel, J.M. (2009) Avaliação do impacte de políticas e medidas de diferentes sectores na saúde e nos sistemas de saúde: Um ponto de situação. Revista Portuguesa de Saúde Pública, vol. 27, nº1, 5-17.
Kivimaki, M., Vahtera, J. et al. (2003). Temporary employment and risk of overall and cause-specific mortality. American Journal of Epidemiology, vol. 158, Issue 7, 663-668.
Marmot, M. & Wilkinson, R. (eds.) (2006) Social Determinants of Health. 2nd edition. Oxford: Oxford University Press, 97-130.
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (2004) Babies and Bosses: Políticas de conciliação da actividade profissional e da vida familiar. Nova Zelândia, Portugal e Suíça. Volume 3. Direcção-Geral de Estudos, Estatística e Planeamento.
Coordenação do projecto: Maria João Heitor, Maria de Fátima Reis, Maria do Céu Machado, José Pereira Miguel
Equipa operacional: Maria João Heitor, Joana Carreiras, Marta Godinho, Pedro Aguiar
- Identificar determinantes da saúde ligados ao emprego e à conciliação trabalho-família;
- Estudar inequidades em saúde e sociais;
- Proceder à avaliação de risco, em contexto psicossocial, para estimar o peso relativo dos determinantes da saúde, direccionados para factores de risco e protecção;
- Elaborar recomendações e desenvolver um programa de gestão de risco, no contexto da promoção da saúde mental e prevenção da doença mental, partindo de uma análise alimentada pelos melhores dados disponíveis;
- Proceder à avaliação de impacto na saúde para testar o programa referido, com recurso a modelos e instrumentos em que será realçada a componente da saúde mental, como parte integrante;
- Implementar o programa em empresa.
Pretende-se obter um melhor conhecimento da organização do trabalho e dos factores psicossociais e biológicos associados que influenciam o gradiente entre saúde e doença. A resposta individual ao stress pode estar associada ao sentido de coerência e à capacidade de resiliência no ambiente de trabalho e a exposição crónica ao stress pode afectar a saúde através de uma miríade de vias comportamentais e bioquímicas, hormonais e metabólicas.
Stress no local de trabalho está associado com risco 50% mais elevado de doença cardíaca coronária.
Trabalhadores temporários comparados com trabalhadores permanentes têm mortalidade mais elevada.
Emprego precário está associado com pior saúde mental.
Insegurança no trabalho (percepcionada pelo trabalhador) tem efeitos adversos na saúde física e mental.
Desemprego e trabalho precário estão associados com pior estado de saúde.
Trabalhadores expostos a exigências no local de trabalho e na vida familiar apresentam risco elevado de presentismo (diminuição da qualidade de trabalho e produtividade), de doença física e mental e de absentismo. Políticas do emprego têm impacto positivo ou negativo na saúde mental dos indivíduos e na equidade em saúde.
Dados relativos a absentismo associado a problemas de saúde mental
40% de ausência ao trabalho por doença
70 milhões de dias perdidos por ano
Custo anual de £8.8 biliões.
Fonte: Cooper & Dewe, 2008
Dados relativos a presentismo (perda de produtividade) associado a problemas de saúde mental 1.8 vezes mais peso que o absentismo
22.3% dos trabalhadores têm problemas de saúde mental (15.4% se excluída a dependência de álcool e drogas)
1 em 5 trabalhadores têm depressão, ansiedade ou outro problema de saúde mental.
Fonte: Cooper & Dewe, 2008
Quer os determinantes da saúde quer a avaliação de impacto na saúde são áreas fulcrais previstas no Plano Nacional de Saúde e reforçadas em Presidências Portuguesas da UE, relevantes na informação aos decisores e na escolha e implementação de políticas públicas mais saudáveis.
Neste âmbito, após um estudo transversal, exploratório, de uma amostra de trabalhadores de uma empresa seleccionada, no concelho de Lisboa, em que serão identificados e analisados: características sociodemográficas, individuais e familiares, tipo de emprego e ambiente psicossocial no local de trabalho, impactos no estado de saúde e morbilidade psicológica, absentismo, produtividade e inequidades em saúde, através de instrumentos e metodologias adequados, pretendem-se desenvolver intervenções de promoção da saúde na empresa, em articulação com a Saúde Ocupacional, Cuidados de Saúde Primários (CSP) e outros sectores para lá da Saúde.
Este projecto constitui um contributo inovador para alterar condições de saúde e sociais; identificar preditores de absentismo prolongado e indicadores de presentismo; apostar na capacitação de profissionais de diversos sectores nas áreas, nomeadamente, de avaliação de impacto na saúde e avaliação de risco psicossocial, numa perspectiva de saúde em todas as políticas; partilhar experiências de boas práticas e de conhecimento a nível nacional e internacional; melhorar políticas e estratégias do emprego e organização do trabalho, optimizando recursos e alterando comportamentos, com impacto na saúde pública, nos próprios sistemas de saúde e na economia.
Impactos previstos no projecto, associados a ganhos em saúde
- promoção da saúde mental e bem-estar no local de trabalho;
- prevenção da doença mental e redução de morbilidade psiquiátrica e co-morbilidade somática em trabalhadores;
- redução de absentismo;
- melhoria dos níveis de produtividade;
- promoção de estratégias de conciliação trabalho-família; - desenvolvimento de programas inovadores para locais de trabalho family friendly;
- aumento do potencial de natalidade;
- agilização da articulação intersectorial;
- melhoria de mecanismos de referenciação de trabalhadores/utentes à saúde ocupacional e cuidados de saúde primários;
- contributo para o desenvolvimento e disseminação da avaliação de impacte na saúde e na equidade em saúde, em Portugal.
Maria João Heitor
Chefe de Serviço de Psiquiatria
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Referências Bibliográficas
Artazcoz, L. et al. (2005) Social inequalities in the impact of flexible employment on different domains of psychosocial health. Journal of Epidemiology and Community Health 59, 761-767.
Cooper, C., Dewe, P. (2008) Well-being – absenteeism, presenteeism, costs and challenges. Occupational Medicine 58, 522-524.
Grzywacz, J.G., Carlson, D.S. (2007) Conceptualizing work-family balance: Implications for practice and research. Advances in Developing Human Resources, Vol. 9, nº 4, 455-471.
Heitor dos Santos, M. J., Pereira Miguel, J.M. (2009) Avaliação do impacte de políticas e medidas de diferentes sectores na saúde e nos sistemas de saúde: Um ponto de situação. Revista Portuguesa de Saúde Pública, vol. 27, nº1, 5-17.
Kivimaki, M., Vahtera, J. et al. (2003). Temporary employment and risk of overall and cause-specific mortality. American Journal of Epidemiology, vol. 158, Issue 7, 663-668.
Marmot, M. & Wilkinson, R. (eds.) (2006) Social Determinants of Health. 2nd edition. Oxford: Oxford University Press, 97-130.
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (2004) Babies and Bosses: Políticas de conciliação da actividade profissional e da vida familiar. Nova Zelândia, Portugal e Suíça. Volume 3. Direcção-Geral de Estudos, Estatística e Planeamento.
Coordenação do projecto: Maria João Heitor, Maria de Fátima Reis, Maria do Céu Machado, José Pereira Miguel
Equipa operacional: Maria João Heitor, Joana Carreiras, Marta Godinho, Pedro Aguiar