Eventos
Sarau Cultural Cid dos Santos
O Sarau Cultural da Primavera, organizado pela Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa, decorreu no dia 22 de Março e contou com a presença do Magnifico Reitor da Universidade de Lisboa, do Director e do Subdirector da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), Professor J. Fernandes e Fernandes e Professor J. Alexandre Ribeiro, entre outros convidados.
Viveu-se uma grande noite cultural e de convívio, que homenageou um «modelo sem precedentes da Faculdade de Medicina de Lisboa», o Prof. João Cid dos Santos (1907-1975), com discursos do Director do Professor Henrique Bicha Castelo, dois dos seus últimos discípulos.
Pelo que me diz respeito, faço questão de não perder nenhum dos saraus culturais organizados pela Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
(AEFML). De facto, um Sarau cultural marca quem nele participa mas igualmente muitos dos espectadores. Se me perguntarem porquê, diria que há um conjunto de condições
que causam impacto na generalidade da assistência.
Durante o próprio espectáculo caem por terra quase todas as barreiras sociais que vigoram no quotidiano. Sentimo-nos subitamente convidados a ignorar as
hierarquias que habitualmente nos separam, docentes, discentes, funcionários e investigadores.
Não se presuma que desaparecem, de súbito, os princípios essenciais orientadores da civilidade ou que deixa de haver respeito. Muito pelo contrário.
O que se passa é que, numa noite assim, muitos de nós «vestimos a camisola» e somos todos apenas FMUL. Até mesmo alguns dos convidados e familiares parecem,
aos nossos olhos, fazer parte da nossa Faculdade, como se tivessem sido recrutados naquele momento para uma causa maior.
Sem dúvida que a qualidade artística das interpretações contribuiu para o orgulho e para esse sentido de pertença. Foi de facto uma memorável noite de cultura.
A minha habitual estima pelos alunos intensifica-se, o meu respeito pelos docentes parece reforçar-se e ganho novos ídolos, entre uns e outros, sobretudo naqueles que, em palco, brilham e abrilhantam uma autêntica noite de gala, independentemente da categoria a que pertençam no dia-a-dia.
Muitas das actuações têm indubitavelmente qualidade e categoria para outros palcos. Mas aconteceram aqui, nesta nossa segunda casa, exactamente no mesmo espaço onde decorrem aulas todos os dias.
É de facto um privilégio descobrir estes talentos, habitualmente ocultos debaixo de batas, ou «disfarçados» de médicos, funcionários, investigadores, docentes e discentes.
Os temas interpretados foram contagiantes e muito bem escolhidos, porém, nem sempre os mais fáceis de interpretar, exigindo um nível elevado de domínio dos instrumentos, das técnicas de dança ou, até, da arte de declamar. Sim, porque pela primeira vez no historial deste evento, fomos brindados com poesia.
Foi fácil, por todas estas razões, envolvermo-nos rapidamente no espectáculo. Para esse efeito contribuiu forçosamente a variedade das formas artísticas ou a harmoniosa mistura de géneros musicais e, sem dúvida, os temas interpretados.
Desta vez, senti tudo do lado de cá, na óptica do espectador. Com mais tranquilidade para apreciar e viver com prazer muitos momentos bem passados.
Por essa razão, lembrei-me que seria interessante perceber se alguém mais teria experimentado e partilhado as minhas sensações ou, eventualmente, se teria passado por algo idêntico ao processo emocional a que estive sujeito pela primeira vez há poucos meses atrás.
E quem mais adequado para esta missão do que a nossa colega Lara Ponte?
Entrevista
Miguel Andrade - Já tinhas sido espectadora de outras edições anteriores do
Sarau Cultural organizado pela AEFML?
MA – Qual é a sensação de participar no Sarau e assistir a tudo a partir do próprio palco?
LP - Posso afirmar que a experiência foi boa.
Como espectadora, achei que estava tudo muito bem organizado. Pude verificar que
o Grande Auditório estava quase lotado e que assim se manteve quase até ao final
do espectáculo.
As escolhas dos artistas foram as melhores, principalmente porque na sua grande
maioria fazem parte da “casa”, quer alunos, quer docentes, o que revela que
embora seja uma Faculdade cujo objectivo principal é formar médicos, através
destas iniciativas verificamos que existe uma “camaradagem” entre alunos e
professores muito relevante.
Quanto ao assistir a tudo a partir do próprio palco, confesso que “lá em cima”,
o nervosismo apoderou-se de mim, principalmente quando numa fase inicial comecei
a reparar que poucas cadeiras se encontravam livres.
O meu principal objectivo era cumprir, da melhor forma possível, o papel que me
havia sido dado como apresentadora, não queria de forma alguma decepcionar a
organização e por esse motivo foquei-me muito nesse propósito e pouco desfrutei
do espectáculo.
MA - E a preparação? Como é que se processam os preparativos dos apresentadores?
Como é que tudo se passa nos ensaios?
LP - Quer eu quer o Ricardo fomos muito condicionados no tempo de que disposemos
para a preparação da apresentação do Sarau. Considero mesmo que não foi o
suficiente e o necessário para que tudo corresse na perfeição. No meu caso, por
questões profissionais, senti intensamente essa limitação. O Ricardo, por sua
vez, para além de aluno da FMUL, tem outras actividades em paralelo a
desenvolver como membro da Associação de Estudantes, inclusivamente a própria
organização do Sarau.
Nos ensaios, limámos algumas arestas no que diz respeito ao guião de
apresentação. Fomos sugerindo algumas alterações com o decorrer dos ensaios, de
forma a que tudo soasse melhor!
MA - Podes partilhar connosco alguma situação dos ensaios ou do próprio
espectáculo que fosse interessante dar a conhecer ao público?
LP - A Tuna Médica de Lisboa; pode não ter sido o único momento alto da noite,
mas o que é certo é que pôs todos, e quando digo todos é mesmo todos os
espectadores de pé a acompanhar a música com palmas, estavam todos
animadíssimos, com um grande sorriso na cara e inclusive alguns cantaram também.
Foi bonito de se ver!!
Um outro momento alto da noite, na minha humilde opinião, foi a interpretação do
poema de Navarro-Soeiro “Prólogo de o Que Arde... Cura” pelo aluno Diogo Medina,
antigo Presidente da AEFML. Excelente escolha e brilhante interpretação.
MA - Quais são as memórias que vão perdurar em relação a este evento em
particular?
LP - Embora funcionária da Área Académica da FMUL, nunca tinha tido um contacto
mais próximo com os membros da AEFML, e posso dizer que fiquei impressionada com
o trabalho incansável por eles desenvolvido. O trabalho em grupo, a divisão e
organização de tarefas por todos, o espírito de entreajuda que existe que é de
facto digno de exemplo. Gostei particularmente de ver o envolvimento de docentes
no espectáculo, não apenas como espectadores mas como participantes.
Estamos de facto habituados a vê-los no papel de professores e, de repente,
percebemos que desenvolvem outras actividades que nada têm a ver com o ensino e
muito menos com Medicina. Só tenho a dizer gostei muito!
MA - Como é que poderíamos incentivar potenciais espectadores para o próximo
Sarau Cultural da AEFML?
LP - Eu penso que, neste momento, já existe um vasto público para este
espectáculo em especifico, talvez tal se deva ao feedback que
vai havendo de Sarau para Sarau. Como anteriormente referi, o Grande Auditório
estava quase lotado. Na minha opinião, passa por aí, se os espectáculos forem
bem organizados e correrem bem, essa mensagem é transmitida e a curiosidade dos
que não estiveram presentes pode eventualmente levar a que queiram assistir sem
falta ao próximo. A divulgação do Sarau Cultural no exterior poderia também
incentivar potenciais espectadores.
Viveu-se uma grande noite cultural e de convívio, que homenageou um «modelo sem precedentes da Faculdade de Medicina de Lisboa», o Prof. João Cid dos Santos (1907-1975), com discursos do Director do Professor Henrique Bicha Castelo, dois dos seus últimos discípulos.
Pelo que me diz respeito, faço questão de não perder nenhum dos saraus culturais organizados pela Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
(AEFML). De facto, um Sarau cultural marca quem nele participa mas igualmente muitos dos espectadores. Se me perguntarem porquê, diria que há um conjunto de condições
que causam impacto na generalidade da assistência.
Durante o próprio espectáculo caem por terra quase todas as barreiras sociais que vigoram no quotidiano. Sentimo-nos subitamente convidados a ignorar as
hierarquias que habitualmente nos separam, docentes, discentes, funcionários e investigadores.
Não se presuma que desaparecem, de súbito, os princípios essenciais orientadores da civilidade ou que deixa de haver respeito. Muito pelo contrário.
O que se passa é que, numa noite assim, muitos de nós «vestimos a camisola» e somos todos apenas FMUL. Até mesmo alguns dos convidados e familiares parecem,
aos nossos olhos, fazer parte da nossa Faculdade, como se tivessem sido recrutados naquele momento para uma causa maior.
Sem dúvida que a qualidade artística das interpretações contribuiu para o orgulho e para esse sentido de pertença. Foi de facto uma memorável noite de cultura.
A minha habitual estima pelos alunos intensifica-se, o meu respeito pelos docentes parece reforçar-se e ganho novos ídolos, entre uns e outros, sobretudo naqueles que, em palco, brilham e abrilhantam uma autêntica noite de gala, independentemente da categoria a que pertençam no dia-a-dia.
Muitas das actuações têm indubitavelmente qualidade e categoria para outros palcos. Mas aconteceram aqui, nesta nossa segunda casa, exactamente no mesmo espaço onde decorrem aulas todos os dias.
É de facto um privilégio descobrir estes talentos, habitualmente ocultos debaixo de batas, ou «disfarçados» de médicos, funcionários, investigadores, docentes e discentes.
Os temas interpretados foram contagiantes e muito bem escolhidos, porém, nem sempre os mais fáceis de interpretar, exigindo um nível elevado de domínio dos instrumentos, das técnicas de dança ou, até, da arte de declamar. Sim, porque pela primeira vez no historial deste evento, fomos brindados com poesia.
Foi fácil, por todas estas razões, envolvermo-nos rapidamente no espectáculo. Para esse efeito contribuiu forçosamente a variedade das formas artísticas ou a harmoniosa mistura de géneros musicais e, sem dúvida, os temas interpretados.
Desta vez, senti tudo do lado de cá, na óptica do espectador. Com mais tranquilidade para apreciar e viver com prazer muitos momentos bem passados.
Por essa razão, lembrei-me que seria interessante perceber se alguém mais teria experimentado e partilhado as minhas sensações ou, eventualmente, se teria passado por algo idêntico ao processo emocional a que estive sujeito pela primeira vez há poucos meses atrás.
E quem mais adequado para esta missão do que a nossa colega Lara Ponte?
Entrevista
Miguel Andrade - Já tinhas sido espectadora de outras edições anteriores do
Sarau Cultural organizado pela AEFML?
Lara Ponte - Não, infelizmente nunca havia tido oportunidade de estar presente
num Sarau Cultural organizado pela AEFML.
MA – Qual é a sensação de participar no Sarau e assistir a tudo a partir do próprio palco?
LP - Posso afirmar que a experiência foi boa.
Como espectadora, achei que estava tudo muito bem organizado. Pude verificar que
o Grande Auditório estava quase lotado e que assim se manteve quase até ao final
do espectáculo.
As escolhas dos artistas foram as melhores, principalmente porque na sua grande
maioria fazem parte da “casa”, quer alunos, quer docentes, o que revela que
embora seja uma Faculdade cujo objectivo principal é formar médicos, através
destas iniciativas verificamos que existe uma “camaradagem” entre alunos e
professores muito relevante.
Quanto ao assistir a tudo a partir do próprio palco, confesso que “lá em cima”,
o nervosismo apoderou-se de mim, principalmente quando numa fase inicial comecei
a reparar que poucas cadeiras se encontravam livres.
O meu principal objectivo era cumprir, da melhor forma possível, o papel que me
havia sido dado como apresentadora, não queria de forma alguma decepcionar a
organização e por esse motivo foquei-me muito nesse propósito e pouco desfrutei
do espectáculo.
MA - E a preparação? Como é que se processam os preparativos dos apresentadores?
Como é que tudo se passa nos ensaios?
LP - Quer eu quer o Ricardo fomos muito condicionados no tempo de que disposemos
para a preparação da apresentação do Sarau. Considero mesmo que não foi o
suficiente e o necessário para que tudo corresse na perfeição. No meu caso, por
questões profissionais, senti intensamente essa limitação. O Ricardo, por sua
vez, para além de aluno da FMUL, tem outras actividades em paralelo a
desenvolver como membro da Associação de Estudantes, inclusivamente a própria
organização do Sarau.
Nos ensaios, limámos algumas arestas no que diz respeito ao guião de
apresentação. Fomos sugerindo algumas alterações com o decorrer dos ensaios, de
forma a que tudo soasse melhor!
MA - Podes partilhar connosco alguma situação dos ensaios ou do próprio
espectáculo que fosse interessante dar a conhecer ao público?
LP - A Tuna Médica de Lisboa; pode não ter sido o único momento alto da noite,
mas o que é certo é que pôs todos, e quando digo todos é mesmo todos os
espectadores de pé a acompanhar a música com palmas, estavam todos
animadíssimos, com um grande sorriso na cara e inclusive alguns cantaram também.
Foi bonito de se ver!!
Um outro momento alto da noite, na minha humilde opinião, foi a interpretação do
poema de Navarro-Soeiro “Prólogo de o Que Arde... Cura” pelo aluno Diogo Medina,
antigo Presidente da AEFML. Excelente escolha e brilhante interpretação.
MA - Quais são as memórias que vão perdurar em relação a este evento em
particular?
LP - Embora funcionária da Área Académica da FMUL, nunca tinha tido um contacto
mais próximo com os membros da AEFML, e posso dizer que fiquei impressionada com
o trabalho incansável por eles desenvolvido. O trabalho em grupo, a divisão e
organização de tarefas por todos, o espírito de entreajuda que existe que é de
facto digno de exemplo. Gostei particularmente de ver o envolvimento de docentes
no espectáculo, não apenas como espectadores mas como participantes.
Estamos de facto habituados a vê-los no papel de professores e, de repente,
percebemos que desenvolvem outras actividades que nada têm a ver com o ensino e
muito menos com Medicina. Só tenho a dizer gostei muito!
MA - Como é que poderíamos incentivar potenciais espectadores para o próximo
Sarau Cultural da AEFML?
LP - Eu penso que, neste momento, já existe um vasto público para este
espectáculo em especifico, talvez tal se deva ao feedback que
vai havendo de Sarau para Sarau. Como anteriormente referi, o Grande Auditório
estava quase lotado. Na minha opinião, passa por aí, se os espectáculos forem
bem organizados e correrem bem, essa mensagem é transmitida e a curiosidade dos
que não estiveram presentes pode eventualmente levar a que queiram assistir sem
falta ao próximo. A divulgação do Sarau Cultural no exterior poderia também
incentivar potenciais espectadores.