As redes sociais ganharam um novo estatuto e vão hoje muito para além da ferramenta de interacção social e de sociabilização pura e simples. Tenhamos o Facebook como exemplo. Este passou nos últimos tempos a ser um instrumento para geração de petições de todo o tipo e, como nos é permitido verificar, a ser um canal privilegiado na criação de verdadeiros movimentos sociais.
Com uma incrivel capacidade de contágio e disseminação, o Facebook tem vindo a promover eventos e a permitir que grande número de pessoas, até mesmo quem não participa em redes sociais, acabe por ouvir o apelo à participação em diversos eventos e movimentos sociais.
É interessante observar como uma rede social como o Facebook, que constitui uma ferramenta de autopromoção incontornável, serve de ignição para a concretização de um manifesto que mais não é senão um movimento plural onde o individuo "desaparece".
A manifestação de 12 de Março, que teve "sede" na Avenida da Liberdade em Lisboa, marcou o dia com um cunho revolucionário e é um bom exemplo deste fenómeno.
Ambos são fenómenos de popularidade, tanto o Facebook como a manifestação de 12 de Março em si. Participar numa manifestação é uma das formas mais populares dos cidadãos se fazerem ouvir. É um espaço onde o indivíduo perde destaque e se funde numa massa mais ou menos unifome, um organismo vivo onde prevalece a força do colectivo em detrimento do individuo isoladamente.
Nesta manifestação juntaram-se milhares de pessoas, mas o factor comum ainda assim não se concretizou num encontro da world wide web, o factor mobilizador foi sem dúvida a vontade de participação de um conjunto de pessoas que se encontra "contra" o estado actual do país, politicamente falando. Foi assim que aconteceu no dia 12 de Março e penso que assim sempre será, é na rua que as palavras de ordem se propagam melhor, é no gritar que a palavra se apodera de todo o seu potencial de mudança.
Tânia Simões
Equipa Editorial
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